O mundo do fitness está repleto de ideias preconcebidas e certamente já teve, ou ouviu, algumas conversas no seu ginásio que não passam de especulações. Estas são, muitas vezes, apenas suportadas pela sabedoria popular e sem qualquer evidência científica. Hoje apresento-vos apenas 5 dos muitos mitos existentes.

1. Para perder barriga devo apostar em séries intermináveis de abdominais

  • Podemos afirmar que isto é uma impossibilidade fisiológica. Não é possível queimar gordura localizada - e esta é uma afirmação válida para qualquer grupo muscular, logo, se o objectivo é reduzir o perímetro abdominal, o meu conselho é que reveja a sua rotina interminável de exercícios para os abdominais.
  • Vai, efectivamente, haver um fortalecimento desse grupo muscular, e terá com certeza os seus benefícios, mas eliminar aqueles gorduras indesejáveis só com uma rotina alimentar adequada em parceria com um treino global, que envolva grande grupos musculares, seja ele treino de força, treino intervalado de alta intensidade ou ambos.

2. Vou ficar demasiado musculada e muito masculinizada se realizar treino de força

  • Este encontra-se inquestionavelmente no pódio dos mitos do fitness. O processo pelo qual as mulheres e os homens aumentam a massa muscular é o mesmo, sim, com a pequena diferença de que as mulheres apresentam uma quantidade 10 a 20 vezes inferior dos níveis de testosterona comparativamente com os homens. Podemos ainda referir que apesar das fibras musculares serem as mesmas, estas estão presentes nas mulheres em menor quantidade e tamanho.
  • O facto de uma mulher dizer que quer tonificar, ou de um homem dizer que quer aumentar a massa muscular, não significa que passem por processos fisiológicos diferentes, antes pelo contrário. Até porque “tonificar” é um termo sem base científica. Não é termo que apareça nos livros de fisiologia. É um termo feito. Se quer ter glúteos e umas coxas mais fortes, só vai lá chegar realizando treino de força com cargas moderadas a altas. De outra forma, nada feito.

3. Se não sentir dores musculares no dia seguinte é porque o treino não foi bom

  • O facto das dores musculares serem um indicador da intensidade do treino é normal, sobretudo quando não está habituada a treinar, e mesmo estas, se foram ao ponto de precisar de se apoiar ao corrimão ao descer as escadas, são sinal de que a intensidade do treino foi desajustada.
  • Sentir dores não quer dizer obrigatoriamente que o treino foi bom ou eficaz, e o contrário também não. Posso realizar um excelente treino e não sentir dores musculares se assegurar uma correcta hidratação, uma boa alimentação e descanso em quantidade suficiente.

4. Quando treino, transformo a gordura em massa muscular

  • Ora aqui está mais uma impossibilidade fisiológica. Os músculos e as gorduras são feitos de tecidos diferentes, por isso não existe nenhuma transformação milagrosa de um componente no outro. O que acontece é simples: redução gradual de tecido adiposo e aumento da massa magra.

5. O sono não tem influência no processo de aumento de massa muscular ou de diminuição de massa gorda

  • Se acredita que os resultados só se alcançam no ginásio, o meu conselho é que reveja a sua estratégia, ou então o mais certo é não alcançar os resultados que pretende. Uma alimentação saudável e um treino exigente não são suficientes para aumentar massa muscular, ou diminuir massa gorda, sem uma noite bem dormida.
  • O sono é um repositor de energias, físicas e mentais. Quando ele falta, várias funções ficam comprometidas. É neste processo que recuperamos do stress promovido pelo treino, que é necessário para a obtenção dos nossos objectivos. É ainda durante o sono que acontece a síntese de proteína e a regeneração de tecidos, é neste período que existe o maior aumento da hormona do crescimento e ainda uma diminuição do cortisol.
    Nota: Este mito é-o para um só artigo de opinião, por isso aqui está um tema que aprofundarei no meu próximo artigo.
#BoaForma: quero perder peso, escolho treino aeróbio ou intervalado?
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Nunca se esqueça: é importante informar-se sempre junto de fontes fidedignas, pedir a opinião de um profissional da área, de forma a adoptar um método de treino eficaz, seguro e adequado às suas necessidades e objectivos. Não se deixar influenciar pelas coisas que ouve, pela designada sabedoria popular.

Ricardo Gomes, 31 anos, é Personal Trainer, Formador na Área de Exercício e Saúde e CEO da CHASE Training Academy.