Chegou ao fim mais uma edição da ModaLisboa. A Moda voltou a unir forças com a Beleza e, pelos bastidores, foi feita magia no seu estado mais puro. Pincéis para ali, pentes para acolá. Tanto na makeup, como no hairstyling, assistiu-se a um rodopiar de tendências, como o color blocking e os ganchos, mas também ao reinventar dos clássicos, como é o caso do batom vermelho e das intemporais ondas. E quem é que esteve a cargo da glam team? As já residentes da casa ModaLisboa Antónia Rosa, na chefia da equipa de maquilhagem (com o apoio da Perfumes & Companhia), e Helena Vaz Pereira , na linha da frente dos cabelos que ficaram a cargo da Griffehairstyle (com o apoio da L'Oréal Professionnel). Para a Miranda falaram, em exclusivo, sobre o que mudou nas suas rotinas de trabalho em plena pandemia, da Beleza como um acessório de Moda e da importância das imperfeições.
Estamos a viver uma pandemia, mas a Moda e a Beleza não pararam. Quais foram as principais mudanças nas vossas rotinas de trabalho?
Antónia Rosa: Mudou muita coisa. A quantidade de manequins foi reduzida para metade e houve menos desfiles por dia, o que acabou por nos facilitar muito mais o trabalho.
Helena Vaz Pereira: Há todo um procedimento de desinfeção e de preparação que não tínhamos antes. Foi tudo muito mais controlado.
Quais é que foram os maiores desafios?
A.R.: Normalmente, a passarela da ModaLisboa tem uma luz forte e artificial. Nesta edição, foi tudo no exterior com a luz natural. Por isso, a makeup passou a 50% de menos intensidade, ou seja, não tive que "pôr muita força". O que se viu, foi o que esteve à vista. Foi maravilhoso.
H.V.P: Com o cabelo verificou-se o mesmo. Houve mais naturalidade devido à luz e ao vento.
A.R: Finalmente, vimos uma mulher natural a pisar a passarela.
Vimos cabelos bicolor, face painting e strass. Podemos considerar o hairstyling e a makeup como um novo acessório?
H.V.P: Sim, claro. No caso do desfile do designer João Magalhães, o cabelo bicolor foi mesmo um acessório. Como não conseguimos nos bastidores pintar o cabelo, usámos mechas que aplicámos por cima do cabelo natural. Cada vez mais os acessórios no cabelo são importantes para a construção da imagem. Sejam ganchos, bandoletes ou o cabelo bicolor.
A.R.: Para mim, a maquilhagem sempre foi um acessório. Serve para criar e reforçar as características de uma determinada personalidade. Uma mulher sedutora pode ter um batom vermelho e um cabelo à Brigitte Bardot. Cada look determina uma atitude. Por isso, pode ser um acessório.
Pela ModaLisboa passaram eyeliners desconstruídos e messy hair. As imperfeições são perfeições?
H.V.P: Sem dúvida. O que nos torna únicos é sermos imperfeitos. É sempre os pequenos detalhes. É o saíres do certinho que te torna único.
A.R.: No caso da maquilhagem, no desfile de Constança Entrudo, quando ela saiu da quarentena foi rever o seu trabalho e decidiu desconstruir tudo. Foi essa a razão para os eyeliners desconstruídos.
E é ainda mais difícil desconstruir um eyeliner?
A.R.: Para mim não é, mas para alguém que está a começar a maquilhar, sim. A perfeição está enraizada na nossa cabeça. Um eyeliner tem que estar bem feito. Agora, quando começamos a desconstruir, é um choque. E o que é que é Moda? É criar o choque.
E para criar um messy hair? Qual é o segredo?
H.V.P: O segredo tem que ver com a natureza do teu cabelo. Está também relacionado com os produtos que usas. O produto de styling é a arma que te ajuda a ter essa imagem. Se tens um cabelo liso e queres volume, tens que usar um produto para criar esse volume. Não é só com as mãos, passa também pelo produto certo.
Perfeições e imperfeições. Tudo é possível na Beleza?
H.V.P: Tudo. Temos que promover a diversidade e aceitar que não há padrões.
A.R: Há 30 anos que desconstruo padrões com a maquilhagem. Antigamente, não era aceite. Hoje, sinto que as pessoas gostam e até acham graça.
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