Voámos até à capital francesa para conhecer as últimas novidades no mundo da Beleza, naquele que é um dos eventos de tecnologia mais importantes em todo o mundo, a Vivatech. Foi a convite da L'Oréal que fomos até Paris, para conhecer o seu stand neste congresso e ficar a par dos seus mais recentes lançamentos e tecnologias.

Como o AirLight Pro da L'Oréal Professionnel, o primeiro secador de cabelo do mercado a utilizar a tecnologia da luz infravermelha para secar os fios mais rápido e sem os danificar; o Nano-Resurfacer 400 Booster da Lancôme, um dispositivo doméstico que utiliza a técnica de microneedling para renovar a pele e potenciar os resultados dos produtos aplicados; ou ainda o Beauty Genius, um assistente virtual que utiliza a inteligência artificial para fazer aconselhamento preciso de que produtos adquirir, tendo em conta as características do cliente.

Foi nesse mesmo espaço que entrevistámos Guive Balooch, Global Managing Director da empresa francesa, que começou por nos perguntar de onde éramos, confessando adorar Portugal. Simpático e divertido, mas sem tempo a perder, Guive respondeu às nossas questões sobre a relação da tecnologia e da Beleza, refletindo sobre passado, presente e futuro.

Hoje, mais do que nunca, a Beleza e a tecnologia caminha lado a lado. Ou será mais correto dizer que uma serve a outra?

Na minha opinião, é a segunda opção. Eu acho que a tecnologia serve a Beleza. Nós somos uma empresa de Beleza e seremos sempre uma empresa que cria produtos e serviços nesta área, para que as pessoas consigam satisfazer todos os seus desejos no que toca à Beleza. A tecnologia vai impulsionar-nos, vai habilitar-nos para chegar a esses objetivos. É uma ferramenta para que consigamos responder às necessidades dos clientes, que nunca tínhamos conseguido atender antes.

Do secador a infravermelho ao dispositivo de microneedling doméstico, fomos a Paris conhecer as novidades tecnológicas de Beleza
Corner L'Oréal Groupe na Vivatech 2024, em Paris @
Na L'Oréal, como é que se prioritiza uma pesquisa em relação à outra? Como se define que uma inovação é mais importante que outra?

Antigamente era mais difícil fazê-lo, porque focávamo-nos apenas em seguir as tendências tecnológicas, o que não nos estava a conduzir aonde queríamos chegar. A forma como prioritizamos estas questões agora, é percebendo aquilo que o público precisa.

Gosto de regressar ao meu passado, há uns 30 anos, quando era apenas uma criança e recordando-me de como a minha mãe pintava o cabelo em casa, misturando vários produtos e criando uma confusão na casa-de-banho. Isto faz-me pensar: "Ok, como é que podemos resolver isto? Como é que podemos tornar este processo mais fácil, mais rápido e mais eficiente?". Esta é uma fórmula que nos ajuda a definir prioridades na empresa, baseado naquilo que as pessoas precisam. Questionamo-nos "se resolvermos este grande problema, vamos fazer a diferença na vida das pessoas?" e, consoante a resposta, torna-se uma prioridade (ou não). Mas atenção, é muito fácil dizê-lo, mas é muito difícil concretizá-lo, levei muitos anos até perceber isso.

E como é que percebem o momento certo para libertar um novo produto ou gadget para o público?

É um equilíbrio entre não ir demasiado rápido, para que a experiência não seja comprometida, mas não ir demasiado devagar, principalmente, nesta indústria de consumo muito rápido, para que não se "perca o barco". Eu acho que o que tentamos fazer é criar uma experiência o mais precisa possível para o consumidor e lançá-la o mais depressa possível. Pode demorar 18 meses ou cinco anos, tudo depende da tecnologia que estamos a desenvolver, mas, por normal, o novo innovation cycle é de poucos anos.

Aplicador de maquilhagem da Lancôme, para pessoas com mobilidade reduzida, recebe prémio
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Qual o papel da inteligência artificial no futuro dos produtos da L'Oréal?

Hoje em dia, na L'Oreál, usamos a intiligência artificial (IA) para várias coisas. Utilizamos nos nossos laboratórios, para ajudar os cientistas e investigadores a desenvolver fórmulas mais rápido e eficazmente. Usamos na nossa rede de abastecimento, para nos ajudar a estar mais perto do mercado e dos consumidores. E, claro, usamos nos nossos serviços, como é o exemplo do Beauty Genius, uma aplicação que faz um aconselhamento de Beleza personalizado e preciso, baseado no consumidor, no seu tipo e tom de pele, no ambiente onde vive, etc. Ou com o HAPTA da Lancôme, um aplicador de maquilhagem que ajuda pessoas com mobilidade superior reduzida a ter possibilidade de experiênciar Beleza.

Por isso, física, digital cientificamente, a IA está em vários pontos daquilo que fazemos. No entanto, primeiro percebemos o que há a melhorar e a resolver e, só depois, tentamos perceber se a IA vai ajudar ou não. E, claro, não podemos negar que é uma ferramenta que nos ajuda a resolver muitos problemas.

O desejo e a demanda no mundo da Beleza é tão grande (...), que acredito que todas as categorias podem beneficiar com o avanço da tecnologia.
Skincare, maquilhagem ou cabelos, qual destas indústrias cresce mais tirando partido da tecnologia e inovação, na opinião do Guive?

Depende. Por exemplo, nos dias de hoje, em relação ao cabelo, uma área que utiliza muitas ferramentas, como secadores, alisadores, modeladores e é neste tipo de tecnologia que precisamos de inovar, de ser disruptivo. Foi o que fizemos com o AirLight Pro, entre outros.

Quando se trata de maquilhagem, as pessoas querem poder experimentar virtualmente, antes de comprar, porque existem demasiadas escolhas, e querem que essas escolhas sejam guiadas para que sejam corretas. Já nos cuidados de pele, o foco está no diagnóstico. Só assim é possível saber exatamente, qual o produto certo para a sua pele.

Por isso, não se trata de qual tira mais partido, simplesmente fazem-no de forma diferente. Acredito que vamos ver mais ferramentas e tecnologia relacionada com o cabelo do que com maquilhagem, mas isso também pode mudar. Fundamentalmente, o desejo e a demanda no mundo da Beleza é tão grande hoje em dia, que acredito que todas as categorias podem beneficiar com o avanço da tecnologia.

Do secador a infravermelho ao dispositivo de microneedling doméstico, fomos a Paris conhecer as novidades tecnológicas de Beleza
Apresentação do secador AirLight Pro da L'Oréal Professionnel na Vivatech 2024, em Paris créditos: @lorealpro

Quais são os desafios de inovar nesta indústria atualmente?

Os desafios de hoje passam por nos assegurarmos de que o que criamos chega a toda a gente e que funciona. A inclusividade também é um ponto muito importante, garantir que todos encontram o tom de base certo ou, por exemplo, 9 em cada 10 pessoas conseguem delinear as sobrancelhas. Temos de garantir que desenvolvemos tecnologia com um data set mais inclusivo possível. E penso que vai haver muitas necessidades individuais a preencher e cuja tecnologia pode ajudar a resolver, o que também é um grande desafio.

Inovação versus sustentabilidade, como é que podem trabalhar em conjunto na Beleza?

Para mim, a única forma de a tecnologia e sustentabilidade trabalharem em conjunto nesta indústria, é quando um novo produto ou inovação vai realmente melhorar o ritual de Beleza do consumidor. Por exemplo, se se tratar de um secador de cabelo, claro que é óptimo que poupe energia e que diminua a pegada ecológica, contudo, tem mesmo de ser um secador incrível, tem de funcionar bem, melhor até que um que não seja tão sustentável. Não podemos comprometer a expectativa do cliente, em como aquele produto deve funcionar, tendo em conta os seus hábitos de Beleza, apenas pela sustentabilidade. E este também é um grande desafio para os dias de hoje.

Qual o novo lançamento apresentado aqui na Vivatech, que mais o entusiasma?

Adoro o secador AirLight Pro, porque preenche todos os requisitos! É um aparelho amigo do ambiente, seca o cabelo mais rápido, funciona para todos os tipos de caracóis, deixa o cabelo 59% mais macio e é uma colaboração com uma empresa start up (Zuvi), por isso, tem tudo o que adoro num projeto inovador.

Tendo em conta que, atualmente, o segundo eletrodoméstico que mais energia consome é o secador de cabelo - três vezes mais que o microondas -, este não é só um dos, senão o melhor secador do mercado, como poupa menos 30% de energia. Resumindo, para mim é um produto incrível, bonito, que não só ajuda o consumidor, como o planeta, e é muito difícil preencher tantos requisitos como este lançamento. É por isso que eu e a minha equipa - que está de parabéns por todo o trabalho desenvolvido - gostamos tanto do AirLight Pro.

Que novos projetos e lançamentos pode revelar-nos em primeira mão?

Não posso revelar tudo, porque ia demorar cerca de cinco horas, mas posso adiantar que um dos projetos que mais me entusiasma é sobre a união entre a biologia e a tecnologia. Estamos a conduzir um estudo cujo objetivo é interpretar biomarcadores na pele e o que significam, e assim, compreender o futuro da saúde da nossa pele. Se amanhã conseguir medir um biomarcador na pele do consumidor e conseguir dizer que produto funcionará, de facto, a um nível biológico para este, vai ser revolucionário. Os clientes nunca mais terão de testar dezenas de produtos até encontrar o que realmente funciona na sua pele. E isto são cenários possíveis graças à proximidade com a biologia.

Veja abaixo, o vídeo da nossa passagem pelo stand da L'Oréal no Vivatech 2024, em Paris: