Lançado em 1998, este é um perfume intemporal, criado por Jean-Claude Ellena, antes de assumir a direcção dos perfumes da Hermès, onde esteve quase vinte anos, e depois de trabalhar para várias marcas internacionais.

Aliás, Déclaration é na minha opinião a criação que marca uma nova fase na carreira brilhante deste perfumista. Até então, as suas composições eram mais fortes, usando aromas mais pesados e expressivos como em FIRST de Van Cleef & Arpels, em 1976, e RUMBA de Balenciaga, em 1988.

Depois de alguns anos a trabalhar para a Bulgari à volta de uma composição com chá que culminou no lançamento em 1992 da especial, mas esquecida, Eau Parfumée Thé Vert, uma água perfumada cítrica e aromática muito interessante, Jean-Claude Ellena faz esta declaração mágica e contemplativa onde dá continuidade ao trabalho feito para a Bulgari, utilizando boa parte dos aromas usados na anterior criação, adicionando porém novas notas que vão fazer toda a diferença, tornando-o num dos mais especiais perfumes amadeirados, especiados, frescos e elegantes que experimentei ao longo da vida. Por essa razão, faz parte da minha lista dos perfumes que tem que experimentar.

Déclaration é uma composição perfeita e com uma harmonia única entre aromas. Extraordinariamente aromática e fresca, onde madeiras, especiarias e notas florais e amadeiradas se conjugam numa perfeição que levou a que este fosse um dos perfumes de homem mais copiados ao longo da história, a par de Cool Water de Davidoff.

Assim que o sentimos, notas frescas e aromáticas de cardamomo da Guatemala e gengibre conjugadas com cominhos, eróticos e provocadores, dão o mote que se reforça com notas cítricas subtis de tangerina, bergamota, neroli e laranja amarga. Um arranque poderoso e sensual.

Segue-se uma faceta de chá que com uma nota de absinto -  sim absinto - cria mistério e faz a ponte com um conjunto de madeiras, seguras e aromáticas, com destaque para o cedro, a bétula ligeiramente fumada e madeira de guaiac. A base não se completa sem antes referir o vetiver do Tahiti, o musgo de carvalho e patchouli muito discreto que num equilíbrio precioso e elegante fecham este elixir eterno e delicado, com muita qualidade e persistência.

#OPerfumista: não pode morrer sem cheirar... Chanel Nº5
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Em 2010, pela mão da perfumista Mathilde Laurent, a Cartier lançou o Déclaration Cologne, mais cítrico e igualmente aromático, numa concentração menos vincada e menos especiada que a versão original.

Em 2012, a marca lançou o Déclaration d’un Soir, uma revisitação da fórmula original também pela perfumista Mathilde Laurent. Neste perfume igualmente interessante, mais maduro e seco e menos cítrico, sentimos a evidência de madeiras mais exuberantes e aromáticas como o sândalo, mais especiarias como a noz moscada, dando-lhe mais atrevimento e reforçando a faceta floral com uma rosa subtil. Déclaration d’um Soir é um perfume que a par do original também merece ser conhecido, embora na minha opinião nenhum bate o primeiro.

É um apaixonado por aromas e perfumes. Formado em Composição de Perfumes na Cinquième Sens, em Paris, membro da Société Française des Parfumeurs e júri do Prémio Máxima de Beleza, Lourenço Lucena cria perfumes e organiza formações e eventos, em torno deste universo mágico. Adoramos fazer com ele esta viagem olfactiva.

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