A queda de cabelo é uma verdadeira dor de cabeça para todas as mulheres, podendo ter causas sazonais ou crónicas. E como se a lista não fosse longa, há ainda quem atribua a gravidez como causadora deste fenómeno. Mas será mesmo verdade ou não tem qualquer fundamento?

Para que não restem dúvidas, a Miranda perguntou tudo o que precisa de saber sobre o assunto ao dermatologista e tricologista, Dr. David Serra, que acabou com qualquer dúvida. Aproveite a maternidade e sinta-se mais bonita que nunca e confiante com o seu cabelo com a nossa ajuda.

Queda de cabelo na gravidez: mito ou verdade?

Verdade. Algumas mulheres têm queda de cabelo durante a gravidez. No entanto, a gravidez costuma ser uma fase benéfica para o cabelo e a maioria das mulheres nota que o seu cabelo está bem, mesmo aquelas que costumavam ter queda de cabelo antes de engravidar. Em contrapartida, no pós-parto, é frequente a queda de cabelo, sobretudo aos três ou quatro meses após o parto, podendo prolongar-se por mais tempo.

Qual a causa?

As causas são muito variadas, por exemplo:

  • Carências nutricionais induzidas pela gravidez (com destaque para a carência em ferro), o que pode resultar de alteração na alimentação pelos enjoos ou por outras alterações digestivas ou por alteração do apetite ou pelo aumento das necessidades metabólicas associadas à gravidez, ao desenvolvimento embrionário-fetal;
  • Stress, depressão, ansiedade;
  • Alterações hormonais, com destaque para as doenças da tiroide;
  • Anemia;
  • Doenças agudas como infeções;
  • Doenças inflamatórias, como lúpus ou artrite reumatóide;
  • Determinados medicamentos;
  • Interrupção/suspensão de tratamento prévio para alopécia crónica, como alopecia androgenética;
  • Outras alopécias: alopécia areata, alopécia de tração.

Se a queda for significativa, será necessária uma avaliação clínica cuidada para identificar a causa e orientar o tratamento.

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Como tratar?

Na gravidez, a nutrição e o estilo de vida são particularmente importantes. Adicionalmente, há muitos produtos considerados seguros durante a gravidez, como suplementos alimentares (mas nem todos), loções com melatonina, fitoativos/extratos vegetais, champôs com cafeína.

Certos medicamentos de uso cutâneo como corticosteróides, antibióticos e antifúngicos tópicos podem ser necessários para tratar estados inflamatórios do couro cabeludo (foliculites, dermatite seborreica, eczemas, etc.).

Que gestos devemos adoptar e/ou excluir da rotina de cuidados?

Cuidados ao pentear e escovar, evitando a tração, já que o puxar dos fios causa o sofrimento das raízes dos cabelos e interrompe a sua fase de crescimento, levando posteriormente à queda de cabelo. Evite escovagens vigorosas, apanhar o cabelo, sendo os rabos-de-cavalo e coques desaconselhados, sobretudo se puxarem os fios. E claro, manter uma boa alimentação ao longo de toda a gravidez.

É possível prevenir este fenómeno?

Em muitos casos, sim. Fazer o planeamento atempado da gravidez, com análises. Corrigir previamente as carências nutricionais, eventualmente com suplementação adaptada caso-a-caso. Em pacientes com alopécias em tratamento, os tratamentos com medicamentos devem ser interrompidos de forma racional e organizada e podem iniciar-se outros tratamentos que sejam compatíveis com a gravidez.

Pode continuar no pós-parto? Em caso de se confirmar, deve-se manter os mesmos cuidados?

Sim, pode continuar no pós-parto e até pode agravar no pós-parto. Após a gravidez, será possível equacionar outro tipo de tratamentos, em função da amamentação.

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Deve-se  procurar um dermatologista e/ou tricologista se a queda se manter por quanto tempo?

Se a queda de cabelo provocar uma redução da massa capilar, ou seja, se a própria pessoa notar que está a ficar com menos cabelo, é um sinal de alarme. E também se a queda se prolongar por mais de 3-4 meses, visto que a maioria das quedas de cabelo autolimitadas dura este período. Nestes casos, justifica-se sem dúvida uma consulta de dermatologia, que é a especialidade médica que estuda os problemas dos cabelos.

Relativamente ao termo tricologista, é uma designação confusa que não esclarece bem o público, visto que é usada para designar médicos dermatologistas especializados em tricologia, mas que em alguns países como o Reino Unido e recentemente também em Portugal, tem vindo a ser utilizada por profissionais não médicos da área da saúde, como enfermeiros, terapeutas, farmacêuticos, com interesse por esta área do conhecimento, e também por muitos outros profissionais, incluindo cabeleireiros, esteticistas, técnicos comerciais, de marketing, artistas.

Este fenómeno pode também ocorrer nas unhas, tornando-as mais frágeis e facilmente quebradiças?

Sim, pode acontecer com frequência.

Que produtos aconselha para a prevenção da queda de cabelo durante a gravidez?

Os suplementos alimentares com ferro são muito úteis para garantir que não faltam matérias-primas para manter um cabelo saudável. Os champôs com cafeína ou outros ativos anti-queda são também grandes aliados nesta fase.