Na década de 1960, Cher viu e venceu. Com a dupla de música folk Sonny & Cher, lado a lado com o seu ex-marido Sonny Bono, catapultou para o mundo do estrelato. A espera não foi muita até se tornar na aclamada “diva do pop” com os sucessos “Believe” e “If I Could Turn Back Time” a alcançarem o número 1 nas tabelas musicais, que, anteriormente, eram dominadas pelo sexo masculino. Com o feminismo a correr-lhe no sangue e sem problemas em dizer o que lhe vai na alma, Cher também nos dá lições de como quebrar os padrões tradicionais de beleza.
Preto, comprido, liso e de risco ao meio. Este é o corte de cabelo popularizado por Cher que influenciou (e continua a influenciar) gerações atrás de gerações. Camaleónica como ninguém, lá de vez em quando, quebra a monotonia e dá uso a uma das perucas da sua extensa coleção.
Nos anos 60, Cher desafiava os padrões de beleza com um visual forte e decididamente 'étnico', o que fugia ao padrão tradicional de beleza da mulher anglo-saxónica, em que o loiro e os traços finos estavam na berra. A cantora, atriz e apresentadora é também um símbolo sexual pela forma como mostra o corpo. As roupas ousadas e provocadoras chamam à atenção para a sua boa forma física. De estatura alta, magra e com os abdominais definidos, é a primeira mulher a mostrar o umbigo na televisão.
Entre as purpurinas, os brilhantes e as plumas, para Cher more is more. O ponto de partida? A era disco. As pestanas querem-se longas e preenchidas. Cores como o roxo, o azul e o dourado dividem o protagonismo na pista de dança. O iluminador e o blush, essenciais para uma pele glamourosa, juntam-se à festa. Nas últimas temporadas, as casas de alta costura têm trazido para a passarela o eyeliner gráfico, coisa que Cher já fazia no início da sua carreira, e que dá um ar dramático a qualquer look.
Quando se fala em Cher, nunca se é consensual. Há quem a idolatre e há quem a critique. Ao longo dos 60 anos de carreira, a sua imagem tem sido alvo de alguma controvérsia junto da imprensa e do público devido, em grande parte, às inúmeras cirurgias que já fez. Não se sabe ao certo quando é que começou a sua jornada nas operações estéticas, mas diz-se que a diminuição do nariz, o aumento dos glúteos e os implantes nas bochechas foram algumas das modificações realizadas. No livro “Up Against Foucault: Explorations of Some Tensions Between Foucault and Feminism”, Caroline Ramazanoglu diz que as “operações de Cher substituiram pouco a pouco um visual forte e decididamente 'étnico' por uma versão simétrica, delicada, 'convencional' (isto é, anglo-saxônica) e cada vez mais jovem da beleza feminina.”
Cher estava à frente do seu tempo. A prova disso foi a introdução que fez das tatuagens no circuito das tendências. Ela deu um novo significado à arte de tatuar, tornando-a aceite junto da cultura popular mainstream. Uma borboleta com desenho floral nas nádegas, uma orquídea negra no lado direito da virilha e um colar no braço esquerdo com três amuletos pendurados são algumas das tatuagens mais marcantes da cantora. Mais uma vez Cher, de convencional, não tem nada.
Passados todos estes anos, Cher continua a escrever a sua própria história, a narrar os seus feitos e a reinventar-se a si mesma, sempre com uma resposta na ponta da língua: "My mom said to me, 'One day you should settle down and marry a rich man.' I said, 'Mom, I am a rich man."
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