
Nasceu em 2023 com um propósito simples, mas transformador: tornar a menstruação mais confortável, consciente e sustentável. A Norm, marca portuguesa de roupa íntima absorvente, criada por Catarina Barreiros, Ana Cristina Faria e Ana Patrícia Faria, começou por vender cuecas menstruais feitas a partir de materiais reciclados e fabricadas em Portugal – e rapidamente conquistou uma comunidade fiel de seguidoras. Agora, dá o passo seguinte: levar essa mesma missão até à praia, com uma linha de swimwear menstrual pensada para dias de sol, mar e liberdade.
Conversámos com Catarina Barreiros sobre esta nova coleção, que promete mudar a forma como vivemos o verão durante a menstruação.
O que foi mais desafiante no desenvolvimento destes primeiros modelos de swimwear menstrual – foi a parte técnica, o design ou a escolha dos materiais?
Tudo um pouco! O swimwear menstrual tem mais nuances do que a roupa interior menstrual, porque tem de poder ir à água. Ora, é mais complicado desenvolver um produto (tecnicamente) que possa ir à água e, sobretudo, explicar bem às clientes em que situações podem ou não estar dentro de água. Por exemplo, para quem tem fluxo muito líquido e abundante, se esteve 6 horas com o biquíni menstrual, é boa ideia dar apenas um mergulho bem rápido.
No entanto, para quem está num dia de fluxo leve, pode estar mais à vontade dentro de água. Temos de nos ir habituando e estando atentas aos sinais do nosso corpo. Foi preciso testarmos intensivamente durante mais de um ano, em diferentes pessoas, para conseguirmos aconselhar cada cliente com confiança. Por isso, caso surjam dúvidas, incentivamos a que nos enviem mensagem no Instagram, WhatsApp ou e-mail.
Também queríamos manter algo que já é standard na Norm: celebrar a diversidade de corpos! Isto implicava ter uma opção que agradasse ao máximo de tipos de corpos possível. Implicou muitos ajustes e testes em muitos corpos diferentes. Mas, se há coisa da qual nos orgulhamos, é de, com pouco mais de uma semana de lançamento, estarmos a receber feedback maravilhoso de clientes do XXS ao XXL, a elogiar a maneira como desenhámos as peças!
Chegou a ser emocionante ver, nos provadores da nossa loja, no dia do lançamento, tantas pessoas a sentirem-se tão bonitas com fatos de banho. Sabemos que pode ser difícil para muitas clientes, esta altura do ano e este tipo de peças. É um orgulho perceber que cumprimos o nosso objetivo de fazer as nossas clientes sentirem-se bonitas, seguras e confortáveis.
A Norm é uma marca que aposta muito na ligação com a comunidade. Houve algum feedback específico das clientes que tenha inspirado ou influenciado diretamente o design desta coleção?
Sim, não fazer partes de trás demasiado reduzidas! Tivemos de nos lembrar muito disto. É difícil encontrar o tamanho que agrade a toda a gente, mas tentámos que não fosse demasiado grande, nem demasiado reduzido. Para já, ainda não tivemos queixas sobre esta parte do design. As costas ajustáveis também foram um feedback importante, sobretudo no fato de banho, em que permite ajuste de alça, costas e cintura. Como todas temos corpos diferentes, permitir ajustar em três pontos é, sem dúvida, uma mais-valia. Depois, claro, as clientes já esperavam clássicos com um twist. Não quisemos fazer apenas swimwear liso, mas os padrões ainda não nos foram possíveis. Encontrámos o melhor dos dois mundos: jacquard. O tecido com relevo eleva um básico e torna-o mais especial.
A marca começou com roupa íntima e agora avança para o swimwear. Já estão a pensar em expandir para outros segmentos ou produtos que também ajudem a “normalizar” outras fases ou necessidades do ciclo menstrual?
Este ano, vamos continuar a apostar em roupa interior, com novos modelos a vir daqui a uns meses, de algo muito pedido pelas nossas clientes, mas não necessariamente relacionado com a fase menstrual do nosso ciclo... queremos estar presentes em todo o ciclo e não apenas numa semana – e mais não podemos dizer!
Também iremos avançar com coleções especiais, para aproveitar deadstock da nossa confecção, porque foi assim que a marca começou e queremos honrar também essas origens e continuar a salvar tecido de ir para o lixo.
Sendo uma marca tão focada em sustentabilidade, como foi feito o processo de seleção dos materiais para garantir que o swimwear fosse não só eficaz, mas também amigo do ambiente?
Para nós e para a confecção com que trabalhamos, a escolha dos tecidos mais responsáveis já nem é bem um tema, o que nos deixa muito felizes. Desta vez não foi exceção. Continuamos a utilizar apenas tecidos produzidos na Europa e conseguimos tanto o exterior como o forro com uma grande percentagem de materiais reciclados. O terracota tem 90% de poliamida reciclada e 10% de elastano e o preto tem 84% de poliéster reciclado e 16% de elastano. O forro de ambos é composto por 82% de poliamida reciclada e 18% de elastano.
Mas, mais importante até do que os materiais, no que diz respeito à responsabilidade, queremos também agradecer à nossa confecção, que decidiu aventurar-se no swimwear connosco. É muito importante, para nós, produzir em confeções nacionais e trabalhar lado a lado para crescermos em conjunto. Foi um esforço de confiança mútua, que iniciámos no início de 2024 (no que diz respeito ao swimwear) e do qual muito nos orgulhamos.
Catarina, há algum modelo ou cor de que sejas especialmente fã?
Pergunta bem difícil, porque cada vez que visto um, acho que é esse o preferido! Sou muito fã do terracota, porque tem um brilho muito subtil que fica lindo com a pele bronzeada, mas o preto é intemporal e, pela primeira vez em muito tempo, tenho um biquíni no qual sinto o peito confortável (visto um 34DD, não é fácil ter suporte na copa/ombros e bom ajuste de costas!).
Por isso, contra todas as expectativas, o biquíni é, para mim, o preferido (sou mais pessoa de fato de banho, geralmente). Além de que é muito prático porque, nos dias de maior fluxo, basta levar mais uma parte de baixo para a praia e troco normalmente, como já faço com as cuecas menstruais!
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