Pode ser um momento bastante solitário o do pós-parto. Não só por todas as emoções e mudanças e responsabilidades que essa experiência acarreta (e para a qual quase nunca estamos preparadas), mas também porque o nosso corpo passa por mudanças inacreditáveis nem sempre aplaudidas pelos padrões gerais (e errados) de beleza que persistem na sociedade.
Crescemos com a imagem dos filmes de uma recém-mãe com a maquilhagem flawless e a tranquilidade estampada no rosto, mas sabemos por experiência própria que nem todos os dias que seguem um parto são saídos de uma comédia romântica. O corpo pode demorar a 'voltar ao lugar' ou nem sequer acontecer, e enquanto suspiramos por menos 1 kg na balança somos bombardeadas com fotografias de barrigas que 2 dias depois de uma cesariana parecem saídas de uma passerelle da Victoria's Secret. "Será que sou só eu? Estarei sozinha?" Estas foram as perguntas que sussurraram ao ouvido de muitas mulheres durante muito tempo. Mas agora já têm companhia.
Bom, se as redes sociais têm alguma utilidade para a nossa auto-estima será através da sua componente de partilha, mais especificamente de realidade. Foi este o objetivo e também o ponto de partida de January Harshe, quando criou a página @takebackpospartum em 2015. Tendo sido mãe, percebeu que as fotografias que usavam o hashtag #postpartum recebiam mensagens de páginas de produtos e fórmulas para "estar em forma", intrometendo-se no ideal de amor-próprio que ela acreditava ser necessário durante a vida toda. Sim, incluindo no pós-parto.
Os corpos, sejam eles de que forma ou peso, devem ser celebrados, e principalmente aqueles que acabaram de passar por tanto, como é o caso das recém-mamãs. Nestes espaços seguros de maternidade, mulheres partilham não só imagens que normalizam a realidade, como dúvidas, dicas e conselhos (muitos deles mais psicológicos do que físicos) criando um sentimento tão bonito de comunidade.
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