
Nascida em São Paulo, no Brasil, a 13 de Setembro de 1927, é um ícone da televisão brasileira — e para aqueles que não dão logo de caras com o seu nome, rapidamente uma foto sua faz soar um “Ah, claro que conheço, quem é que não conhece?”.
Após nove décadas de vida, Laura Cardoso tem vitalidade para dar e vender e acredita que “a velhice está na cabeça”. Quando, em entrevistas, o assunto tomba para a aparência exterior, a atriz não perde tempo em dizer, com destreza, que não se envergonha dos traços que a vida foi desenhando no seu rosto: “Não tenho problema algum com minhas rugas. Meu rosto reflete a minha vida, a minha alma, o que amei, o que sofri... Eu me gosto assim”, contou ao jornal brasileiro 'Extra'.
É uma mulher de atitude, com uma personalidade forte e uma mentalidade que não estagnou. Essa é a Beleza que gosta de ver estampada quando reparam em si: “Prefiro que enxerguem minha Beleza interior”, disse ao mesmo jornal. Ainda assim, Laura usa mas não abusa da maquilhagem. Noutros tempo arriscava num cat eye e num penteado retro-chic, chamando também a atenção pelas sobrancelhas finas e arqueadas.
Agora, tem uma maior preferência pela pálpebra pintada na totalidade, com sombras mais escuras ou em tons rosados, além de um eyeliner e um lápis preto. É assim que a atriz aparece maioritariamente em público. As sobrancelhas surgem também mais fortes e carregadas. Quanto à rotina de cuidados, Laura revelou à revista brasileira 'Quem' que faz sempre limpeza de pele e usa “creminhos”, mas botox e plásticas nem vê-los. “Nunca quis ser bonitinha. Sempre quis ser a melhor no meu trabalho. Até porque acho que todo mundo tem a sua beleza. Feio é não ter saúde, não ter uma vida que você ama, é você não ter quem você quer, não dormir com quem você quer… Eu não sou bonitinha. E não estou nem aí! Mas amo a cara que tenho. Tenho os olhos expressivos”, acrescentou. Dito isto, o que mais importa afinal?
Para chegar aos 78 anos de carreira, que só deixam de acumular quando a atriz quiser, foi percorrido um longo caminho que começou quando esta tinha 15 anos. A postura destemida e audaz foi-se manifestando quando Laura ainda nem sabia o que estava à sua espera. Contrariou os preconceitos da época relativamente às atrizes, que eram consideradas levianas, e iniciou-se na rádio-novela.
Aos 25 anos, saltou da rádio para a televisão, estreando-se no programa “Tribunal do Coração”, onde fez o primeiro teleteatro. Desde então, não desaparece dos pequenos ecrãs. “A minha vida é representar. Sou arrojada, corajosa, lutadora. Eu lutei pela minha carreira”, confessou na entrevista ao 'Extra'.
Uma rápida pesquisa no Google faz qualquer um perder a conta à quantidade de participações em programas, e aos prémios que Laura Cardoso recebeu. Em 2006 ganhou, inclusive, a Ordem do Mérito Cultural, concedida a personalidades e instituições que se destacam pela sua contribuição para a cultura brasileira.
“Chocolate com Pimenta” (2003), “Gabriela” (2012), “Flôr do Caribe” (2013), “Sol Nascente” (2016), “O outro lado do paraíso” (2017) e “A Dona do Pedaço” (2019), são apenas algumas das novelas exibidas em Portugal que nos ficaram na memória, cujas personagens nos suscitavam quer adoração, quer desdém. A costela lusitana da atriz, filha de imigrantes portugueses, permitiu que em novelas como “Os Apóstolos de Judas” (da emissora Tupi, 1976) e “Livre para Voar” (da TV Globo, 1984), duvidássemos do seu país de origem pela exactidão com que interpretou papeis com sotaque português. É esta flexibilidade que faz de si uma das melhores atrizes brasileiras.
“A paixão por representar e por descobrir novas personagens me motiva a levantar da cama todos os dias. Sempre tem mais um personagem para descobrir e quem eu gostaria de interpretar”, disse à revista 'Quem'. E há, também, sempre mais uma personagem que nós gostaríamos de ver interpretada por Laura Cardoso.
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