Aos mais atentos, a sustentabilidade no mundo da Beleza já dá sinais de que veio para ficar há um par de anos. Lá em 2020, a Hermès entrou no mundo da Beleza com uma coleção de batons recarregáveis e o perfeito exemplo do luxo nos dias atuais, que tem a sustentabilidade como um dos seus pilares.

As embalagens que permitem recarga foram uma refrescante e inteligente forma de se destacarem no mercado. No mesmo ano, a Carolina Herrera estreou-se na maquilhagem e trouxe (também) as embalagens mais lindas e apenas na opção de refill.

Ano passado, a Dior atualizou os seus icónicos batons Rouge Dior que agora podem ser recarregados. Foi uma estratégia recente para ir ao encontro das metas de sustentabilidade da empresa, mas que olhou para o seu próprio passado. O primeiro Rouge Dior era recarregável. Em 1953, o batom obelisco era um clássico e uma verdadeira obra de arte e bastava comprar um refill para usá-lo vezes sem conta. Até aos dias de hoje é possível encontrar um obelisco à venda – fica a dica para as amantes de maquilhagem vintage (não para serem usados, claro, mas como peças de adoração – beauty lovers entenderão).

Também em março deste ano, a adorada Fenty Beauty apresentou a sua primeira linha de batons refiláveis, a Icon Lipstick, e acompanhou o movimento de marcas como Chanel e Guerlain. E se tem uma coisa que ficamos felizes em acompanhar o mainstream, é presenciar que a opção eco-friendly está a tornar-se norma.

No Brasil, um país tão ligado à Natureza (mas ao mesmo tempo tão longe de protegê-la mais) não poderia ser diferente. Por lá, a abordagem também não é nova. A sempre consciente Natura lançou os seus primeiros produtos "refis" em 1983. Em 2007 foi além e passou a utilizar plástico reciclado na composição das embalagens.

Mesmo pioneira, atualmente 30% dos produtos da Natura possuem refill. Pode parecer pouco, mas são 175 opções à venda. Há um longo caminho a percorrer, mas já é um ótimo caminho, principalmente – e sem a menor dúvida – de que para criar um produto refill usa-se menos material do que numa embalagem regular. Há produtos na Natura, por exemplo, que gastam 86% menos plástico do que a versão sem refill. Outras veteranas, como a Granado, Phebo e Quem Disse, Berenice?, apresentam alguns produtos adorados em refill.

E as novas marcas de beleza brasileiras felizmente acompanham o foco da sustentabilidade. Aprenderam a educar o consumidor e a mostrar o benefício também económico desta mudança. Mostram que, ao terminar um produto, não é preciso comprar outro igual de mesmo valor. Pode-se comprar o refill e reutilizar a embalagem que já tem em casa. As brasileiras Baims, CARE Natural Beauty e Simple Organic são exemplos que reduziram o descarte excessivo de resíduos e continuam a estimular o consumo consciente.

A CARE possui até uma aba dedicada a "refis" no seu site, com nove produtos do seu portfólio à venda com recarga. Já a Baims possui alguns produtos de maquilhagem, como batons, pó translúcido mineral, pó mineral compacto, iluminador mineral compacto, bronzer & contour, blush e uma paleta de sombra de olhos com quatro tons com refill. Um modelo da nova geração de Beleza brasileira que comprova que sustentabilidade pode ser apresentada em lindas e desejáveis embalagens.

Trocou o Rio de Janeiro por Lisboa, e de lá trouxe o jeito curioso e a paixão por jornalismo. Por cá, Aline Fernandez aprendeu a amar os desdobramentos da língua portuguesa, e aqui na Miranda vai aplicá-los, e à sua obsessão pela Beleza, explorando a sua relação intrínseca com o Brasil. "Bora?"