Escrever sobre Beleza pode parecer redutor. Quando contei a novidade aos meus amigos, que comecei a escrever crónicas sobre Beleza, a alguns ainda acrescentei que mais tarde haveria também de escrever sobre o estado do mundo e sobre política, como se o facto de escrever sobre Beleza me diminuísse e escrever sobre Política me descrevesse melhor. Também tive os amigos que me conhecem tão bem e que sabem do animal político que já sou, que não foi preciso acrescentar nada.
O assunto Beleza foi matéria de discussão na Grécia antiga e até existem compêndios bastante completos sobre o tema, de Platão a Kant, passando por Schopenhauer e Hegel. Basta isto para sabermos que há nobreza bastante em abordar este assunto. Claro que há quem defenda que a Beleza é uma frivolidade e que nos tempos que correm o ser humano dá mais importância à leviandade de ser bonito em detrimento da quimera de ser bom; que há Beleza na Arte, que nos faz melhores seres humanos, mas os cremes e as plásticas são o diabo. Moralismos destes nunca os alimentei. Sei bem qual é a medida certa do meu veneno e até no veneno há uma alquimia repleta de engenho e ciência.
Nos cremes que nós pobres-coitados-escravos-da-aparência usamos há uma história de descobrimentos e de mil e uma experiências que começam na Mãe Natureza, nas flores e nas plantas e nas suas infinitas propriedades nutritivas.

#ÁguaPelaBarba: a minha experiência com a The Ordinary e por que é perfeita para homens
#ÁguaPelaBarba: a minha experiência com a The Ordinary e por que é perfeita para homens Pycnogenol 5%, High-Potency, Plant-Derived Antioxidant, The Ordinary

Conheci a The Ordinary em Londres, na loja de Convent Garden. Fui por sugestão da Mafalda e quando entrei fiquei um pouco à rasca, como acontece em todos os lugares do género. Todos os homens devem sentir este constrangimento. Num território quase exclusivamente feminino, tantos produtos nas prateleiras, tanto por onde escolher e só queremos uma opção eficaz. Mas como aqui era tudo tão acessível, arrisquei. As empregadas vestiam-se todas de preto e usavam hijab, que lhes emoldurava o rosto impecável, de tez perfeita. Comecei por perguntar quais eram os best-sellers e, enquanto me apresentavam os sérums e os antioxidantes, descreveram os ingredientes principais e que efeitos produziam. Sem grandes rodeios. Bastou isto para me fazer comprar. A ciência a favor da saúde da pele; a fórmula e os seus efeitos, num frasco minimalista.
E foram os best-sellers que trouxe para casa. Comprei o sérum Multi-Technology Peptide “buffet”, o antioxidante “Pycnogenol 5%” e o “Niacinamide 10% + Zinc 1%”. Ainda me ofereceram dois óleos “100% Plant-Derived Squalane”. Gastei 30 euros. No mês seguinte voltei para ir buscar o “Hyaluronic Acid 2% + B5”, o “Caffeine Solution 5% + EGCG” e o recém-lançado “Squalane Cleanser”. Gastei mais 20 euros.

O facto de cada produto custar uma média de 7 euros é tentador, e para um homem isto faz muita diferença. Para mim, pelo menos, foi um incentivo.

No entanto, se o design da loja e o packaging não fossem tão bons, provavelmente duvidaria da eficácia do produto antes de o ter comprado. Mas a verdade é que foi eficaz logo no primeiro dia. Li algures que é preciso um doutoramento para saber como usar esta marca, porque nos obriga a ler os rótulos, a saber em que ordem os aplicar e quais as incompatibilidades entre si. Mas isto é ciência e é isso que é incrível.

Por que gosto cada vez mais da marca

Quanto melhor conheço a gama de produtos e os seus efeitos, melhor conheço a minha pele e o que ela precisa. O “Niacinamide 10% + Zinc 1%” deu-me aquilo que eu nem sabia que precisava: fechou-me os poros da pele. Aquela sensação, que para mim era normal, de sentir a testa oleosa, desapareceu. Já não sai nada pelos poros – a não ser a minha luz natural! Passei a usá-lo todos os dias de manhã. Dizem que é de noite que a pele recupera, como tal passou a ser antes de deitar que alterno, diariamente, o “Buffet” com o “Hyaluronic Acid 2%+B5”. Acordo com a pele suave, hidratada e fresca. Estes foram logo os primeiros ilustres que mudaram a minha pele da noite para o dia e são essenciais para uma manutenção diária. Entretanto, descobri que o “Caffeine Solution 5% + EGCG” também é imprescindível, pois esqueci-me de o aplicar e quando me vi ao espelho lembrei-me do que é ter papos nos olhos como já não tinha há algum tempo.

Tenho seguido a The Ordinary no Instagram e cada foto publicada é acompanhada de uma legenda bastante rica em informação sobre os ingredientes de cada produto, como se deve aplicar, que efeito tem e o porquê de terem criado aquele produto. Quando vou espreitar ao site o que há de novo que eu desconheça, é como abrir uma enciclopédia de dermatologia mas editada pela Taschen ou pela Assouline. Em bom, portanto. O meu lado geek vem logo ao de cima e é impossível não ficar viciado neste jogo de conhecimento em que a ânsia de passar ao próximo nível toma conta de mim. “Próximo nível” diga-se, é aquele estágio em que a nossa pele atinge um ponto ainda mais celestial nesta via láctea que é a derme.

#ÁguaPelaBarba: quando o trabalho nos tira a beleza
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Não sei qual é a receptividade do público feminino à The Ordinary, mas para um homem que apenas quer sentir resultados, que não quer ter vergonha de comprar este tipo de produtos e que quer estar à vontade para os usar no balneário do ginásio, não posso estar mais rendido. Gosto do sistema das pipetas em que os sérums se aplicam como se fosse um medicamento na pele. É a ciência ao meu serviço, directamente do laboratório para a minha cara. Toda uma bolsa de investigação, todo um investimento em estudo e experiências, tudo isto concentrado num frasco de vidro que irá fazer de mim um melhor ser humano. Não é a Beleza que vai salvar o mundo? Foi o Dostoyevsky que o disse.

Bruno Reis, colaborador da Miranda, é o fundador e director criativo da Teeorema, marca de luxo de t-shirts.