Ainda era adolescente quando a alimentação vegetariana me aguçou a curiosidade através das revistas que destacavam as celebridades que se tinham convertido a esta alimentação. Coincidentemente (ou não), todas elas aparentavam ter menos idade do que a que realmente tinham e é claro que os artigos enumeravam essa entre outras muitas vantagens para a saúde. A Madonna ou o Sting eram sempre presenças assíduas nesses artigos.

#ÁguaPelaBarba: fiz um lift de pestanas. E é isso. (Vejam o antes e depois)
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Quando tinha 18 anos, comecei a praticar yoga e abracei com entusiasmo a ideia de adoptar uma filosofia de vida que preconizava o vegetarianismo como forma de limpar os canais energéticos, e o organismo de toxinas. O amor aos animais nunca entrou na equação, nunca foi motivo que me motivasse a fazer essa mudança na minha vida. Falava muito mais alto a referência dos ilustres famosos vegetarianos, ou então a muitíssimo boa aparência dos professores de yoga.

Hoje, já sou vegetariano há 20 anos e reconheço que indubitavelmente este tipo de alimentação influenciou não só a minha saúde, mas também a condição da minha pele. E sei que poderia fazer variadíssimas visitas à Inês Rebelo ou ao Dr. Bernardo Pimentel, como tenho feito, que se não fosse a alimentação, faltaria uma base estrutural para estes profissionais poderem trabalhar com condições.

Não tenho qualquer ambição em converter alguém ao vegetarianismo, mas não posso deixar de testemunhar o incremento de saúde, energia, leveza – e beleza – que este tipo de dieta me deu. Há duas décadas, era mais difícil encontrar restaurantes vegetarianos e ainda mais complicado era conseguir refeições em restaurantes convencionais. Hoje em dia, um restaurante deste género já não tem de ter uma mística oriental na decoração (nem aqueles que o frequentam) e já é possível encontrar restaurantes não-vegetarianos cujos menus contemplam alternativas que não sejam risotto de espargos ou caril de grão. Porque o pior que pode haver é um restaurante de comida portuguesa oferecer um risotto ou um caril, sem se lembrarem que podem oferecer pataniscas de legumes, peixinhos da horta, ovos verdes, arroz de feijão, batatinhas a murro, açorda alentejana, migas de legumes, etc., etc. … já para não referir o tão recorrente “Legumes à Brás”.

Os restaurantes que se seguem fazem parte da minha vida, desde os restaurantes diários até aos restaurantes para ocasiões especiais; e em 10, apenas quatro são vegetarianos (ou veganos). Prezo muito comer bem, prezo muito estar num lugar onde há prazer em servir. Toca-me especialmente poder experimentar um repasto que tem um pensamento artístico por trás e que é pensado para causar sensações.

  • Arco-Íris
    É onde vou almoçar praticamente todos os dias. Ao estilo de uma cantina, pode-se escolher dentro de uma variedade bastante larga, entre feijão, grão, tofu, seitan, legumes salteados, saladas, croquetes de feijão, arroz, quinoa, bulgur, tortilha, crepes de cogumelos, etc. A simpatia com que somos recebidos é a melhor parte, o preço em conta faz-nos querer voltar várias vezes na semana e o pátio interior pacifica-nos do rebuliço da Avenida da Liberdade, mesmo ao lado.
  • Pequeno Café Bistrô
    Sou um frequentador do "Pequeno" desde que abriram no início da pandemia. O bairro de Arroios, onde vivo, nunca mais foi o mesmo desde aí. Servem café de especialidade (como eu gosto) e todas as semanas mudam o menu de almoço, sempre com opções deliciosas e nutricionalmente completas. Já me sinto um amigo da casa.
  • Época café
    Sabem aquele lugar de comida boa com que sonham várias vezes acordados? Dou por mim com muitas saudades deste café, ao longo do ano, e todas as vezes que vou visitar o Porto, tenho de lá ir todos os dias. A maneira elaborada com que cada prato é confeccionado, as sobremesas com texturas que surpreendem o paladar, o design do espaço, tudo é uma experiência de tal maneira enriquecedora que guardo estas memórias em todos os sentidos do meu corpo.
  • Chef
    Situado num bairro nobre e tradicional de Lisboa, esta casa de chá, além de vender refeições congeladas para fora, também regala os seus fregueses com opções de almoços, renovadas todos os dias. Ovos verdes, massa de legumes chinesa ou tortilha são algumas das opções vegetarianas, as quais posso sempre complementar com um queijo fresco ou salada de feijão frade.
  • Seiva
    Para quem pretende um jantar numa ocasião mais especial, o Seiva é, para mim, o melhor restaurante vegetariano de fine dining. A dedicação e paixão do chef David Jesus sentem-se em cada prato, que deve ser degustado como um ritual. A complexidade dos sabores e a atenção ao detalhe não faltam nunca. Fico sempre muito feliz por regressar e ver os upgrades feitos na decoração do espaço, que elevam a experiência a outro nível.
  • SEMEA
    A primeira ida ao SEMEA determinou a minha paixão e obsessão por rabanadas para sempre. O pão fatiado num cubo perfeito, demolhado pelo menos hora e meia em leite, e a capa de açúcar queimado crocante fizeram de mim um expert em rabanadas e french toasts, que procura constantemente regressar ao sabor da primeira dentada nesta iguaria do SEMEA. Escusado será dizer que a entrada e os pratos para partilhar fazem muito bem a cama no estômago para o derradeiro momento dos deuses.
  • Do Beco, Monka e Protest KitchenO brunch é definitivamente a minha refeição de eleição. Começar o dia com ovos, sumo de laranja, café de produção independente e um roll de cardamomo ou de laranja com massa folhada, levantam-me o mood para o fim de semana, sem ter que pensar mais em comer o resto do dia.
    O pão da Padaria Do Beco tenho-o encontrado em bons restaurantes de Lisboa e os ovos tornado que lá encontro são uma experiência sofisticadíssima no paladar.
    O Monka, que também faz o próprio pão, consegue sempre surpreender com a tartine da semana.
    No Protest Kitchen, vale a pena explorar a pastelaria, ora o choux, ora o banana bread.
Além de secretamente estar a construir a sua própria marca de Moda (shhhh...), Bruno Reis é o responsável pelo Marketing e Comunicação de marcas de Beleza. Entre a criatividade e a estratégia, já foi actor, professor de yoga, gestor de redes sociais, fotógrafo e director de casting.