Nas vésperas do Ano Novo, fui fazer um tratamento facial e, sendo que me foi aconselhado rapar a barba para aproveitar melhor o dito tratamento, assim o fiz.

Cortar a barba traz-me a um lugar de fragilidade e vulnerabilidade. Apesar de me tirar 10 anos de cima e de me fazer sentir definitivamente mais jovem, também me traz de volta a um tempo de meninice, onde como professor de Yoga não tinha muita autoridade.

Quando deixei crescer a barba pela primeira vez, de um dia para o outro, ganhei um lugar de respeito. Os meus alunos passaram a ouvir-me e a minha palavra ganhou peso. Percebi também que aumentou o meu grau de atractividade, o que também teve a sua influência na percepção dada pelos demais à minha forma de expressão. E tudo isto contribuiu para o meu apego à barba e a tudo o que ela me trouxe – e que depois de 15 anos já tomamos por garantido.

Depois de 15 anos, já nos sentimos numa posição de segurança e confiança inabaláveis. Tirar a barba da cara não derruba essa carga extra de auto-estima, mas relembra-nos definitivamente dessa era e de quem fui antes da dita nascer. Sinto que passar a ter esta mancha pilosa no rosto me fez homem. Como se antes não o fosse. Como se antes fosse apenas um menino, um rapaz, um ser por completar. E hoje, um ser completo, que quando tira a barba ainda se questiona se a sua masculinidade terá sido afectada. Se precisará de a afirmar de outra maneira.

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O homem de barba continua a ter um peso forte no meu comportamento, pois só me apercebo que não a tenho quando me vejo ao espelho ou quando a família e amigos mais próximos reagem. Porque, na prática, sou apenas um rapaz sem barba, mas que continua a agir como um homem forte, sexy, viril e atraente. E isso traz-me a várias questões: ter barba terá realmente algum impacto na maneira como me olham? Ser viril e masculino é determinante na minha relação com o mundo? Sem barba, tenho alguma forma de marcar uma posição, de transparecer carisma e força? Parece que terei de rapar a barba de novo para descobrir.

Numa primeira instância, a opinião do namorado, dos amigos e da família ainda pesa bastante e foi essa opinião que me fez deixar a barba crescer de novo. A opinião do nosso mais que tudo é a que mais pesou, sobretudo quando tudo o que queremos é ser o homem mais irresistível à face da terra para essa pessoa que também nos conheceu já com a barba no rosto. Terei a coragem de romper esse padrão? De arriscar estar um estágio abaixo do homem mais irresistível do mundo? Bem, o sentimento de empoderamento que a barba me deu já ninguém mo tira. E duvido que esse empoderamento enfraqueça com a ausência da mancha pilosa.

Reinventar-me-ei e descobrirei um novo Bruno, tão ou mais irresistível quanto o Bruno de 2022. Olá, mudanças boas! Olá, 2023!

Além de secretamente estar a construir a sua própria marca de Moda (shhhh...), Bruno Reis é o responsável pelo Marketing e Comunicação de marcas de Beleza. Entre a criatividade e a estratégia, já foi actor, professor de yoga, gestor de redes sociais, fotógrafo e director de casting.