Deixar de seguir pessoas no Instagram. Aspirar a casa. Escolher a roupa do armário. Há momentos em que sentimos que a nossa vida está demasiado cheia, demasiado pesada, demasiado barulhenta, e o nosso corpo e mente nos pedem uma certa limpeza, que se pode materializar das mais diversas formas. Não sei se é para a chegada da nova estação, ou do meu aniversário, setembro para mim sempre começou por ‘re’ – recomeçar, reinventar, repensar, reeducar, reintroduzir, retirar.

Como boa Balança, peso os prós e contras do meu estado atual (como se não o fizesse sempre) e elaboro um plano – que pode ou não ser seguido à risca – para o futuro próximo. Dizer que este ano tem sido intenso é um eufemismo: 2020 tem sido sobre o outro, tanto quanto sobre nós mesmos, e este período de isolação leva também a larga introspeção.

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Entre um novo plano de treinos, um emprego e algumas espécies de relação, setembro chegou na altura em que a bateria estava quase a chegar ao zero. E como acredito que o nosso carregador funciona de dentro para fora, uma ideia começou a materializar-se na minha cabeça: vou fazer um detox.

Já tinha ouvido falar dos poderes milagrosos do trabalho da Marta Caras Lindas, Natural Chef – quer através de amigas, quer no atual detentor de toda a informação, o Instagram. Os relatos que conhecia eram muito favoráveis, mas nada como sentir na pele. Depois de um fim de semana em que me despedi do melhor que há no mundo do açúcar, com uma dose generosa de brigadeiros numa festa de anos e um telefonema demorado com a Marta, no qual ela me apresentou todos os cenários possíveis, estava pronta para iniciar o Revolution Natural Detox.

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créditos: @marta_caraslindas_revolution

O nome assenta que nem uma trituradora neste plano alimentar de cinco dias: não só estará a embarcar numa revolução alimentar, com todas as dificuldades que não mastigar comida implica e um sem-número de ingredientes altamente nutritivos, como também numa revolução mental. O programa é adaptado às especificidades (e gostos) de cada um e Marta apresenta-o também como um bom “reset” para quem quer iniciar uma alimentação mais saudável.

O primeiro dia é compostos por seis sumos/smoothies, o segundo e o terceiro por cinco e uma sopa, e os dias 4 e 5 incluem três sumos e duas sopa + uma Tisana ou Golden Milk por dia. Tudo é feito no próprio dia, numa slow juicer (máquina de pressão a frio) e todos os dias incluem uma bola energética. O detox pode ser acompanhado de algumas fontes de proteína, como frutos secos ou ovo, durante o dia, além de que pode fazer o programa por três ou cinco dias –  e é claro que, a bem da experiência, eu aceitei o desafio maior.

Revolution Natural Detox

Os sumos são feitos e entregues no próprio dia de manhã, para manterem os nutrientes e não oxidarem.
Estão numerados e devem ser consumidos nessa sequência numérica, deixando um intervalo, em média, de 2h00 a 2h30 entre eles.
O último deve ser bebido pelo menos duas horas antes de deitar.
São transportados em material reciclado e plastic-free ou em vidro.
Os valores começam a partir dos € 130.

A ideia é ingerir os sumos com cerca de duas horas de intervalo entre si, bebendo pelo meio muita água ou chás – Marta não é ‘extremista’ e ajuda-a a adaptar-se às situações: imagine que tem um jantar num dos dias, é só falar com ela e dar-lhe-á várias opções.

Claro que não marquei nenhum compromisso social para essa semana. Andei para trás e para a frente acompanhada das minhas garrafinhas de vidro na lancheira entregue pela manhã, contornando os momentos de maior ‘fome’ com um pouco de meditação ou com um dos snacks aprovados pela Marta.

A verdade é que depois de um primeiro dia pacífico, acordei às 7h00 da manhã de terça e fui fazer exercício para o paredão de Cascais. Foi como se tivesse sido invadida por uma energia que já não sentia há muitos meses (anos?) e como se o meu corpo irradiasse saúde – ou, neste caso, superalimentos que compõem os sumos (desde vegetais a spirulina, linhaça, tâmaras, água de coco, carvão ativado e muitos outros) e que estão cheios de vitaminas, minerais, enzimas e tudo o que de bom podemos colocar dentro do nosso corpo.

Os sabores são muito agradáveis, fiquei completamente apaixonada pelas sopas (algumas ligeiramente apimentadas e altamente saborosas) e o sumo final dos dois primeiros dias tornou-se o meu preferido: uma mistura calmante de cor rosa, com um sabor mais adocicado e que sabia a colinho e conforto.

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créditos: @marta_caraslindas_revolution

No quarto dia chegou a prova de fogo, com o início de uma TPM que, como de costume, chegou infernal, mas com o foco motivado por uma lista de objetivos escrita à mão, aquela bolinha energética que também adorava ter todos os dias no frigorífico, e mais de uma mão-cheia de frutos secos (ups), o desafio foi superado com sucesso – porque de nada serve estar a fazer algo de bem por nós mesmos, se não nos permitirmos ser condescendentes e, pelo meio, aceitarmos as nossas carências.

Senti claramente que inseri no meu sistema muita coisa que estava em falta. E, mais do que tudo, ganhei uma clareza mental que acho que passou pelo facto de não estar ‘obcecada’ com a comida. Sendo alguém que se preocupa com o que come, e que às vezes não terá uma relação assim tão saudável com o que põe em cima do prato, esta experiência ajudou-me a perceber que, mais do que contar calorias, devo preocupar-me com os nutrientes. Acabei a semana positiva, com energia renovada e o corpo mais desinchado. Pronta para pôr em marcha as resoluções do mês de setembro. Consciente de que a mais bonita e importante revolução é a que começa em cuidar de nós.

Do jornalismo à comunicação, é na escrita que Patrícia Domingues espelha a sua natureza curiosa e bem-humorada. Na Miranda, a libriana partilha instantes de um eterno namoro pela Beleza, bem-estar e cosmética.