Foi na passada terça-feira que a família de Patrick Alès, o espanhol que se tornou um dos cabeleireiros mais célebres de França nos anos sessenta, anunciou a morte do mesmo, aos 88 anos.

Nascido em Santander em 1930, Alès fugiu com a família para França na altura da Guerra Civil espanhola. Foi na adolescência que começou a trabalhar como mensageiro para um conhecido salão parisiense, tornando-se eventualmente cabeleireiro ao lado de nomes como Jean Louis David e Jacques Dessange.

Em 1964 criou Le Brushing, a técnica que simultaneamente penteia e seca madeixas de cabelo molhado, resultando em penteados glamourosos e com corpo que conquistaram de imediato personalidades como Maria Callas. Esta invenção estabeleceu Patrick Alès como um dos cabeleireiros mais respeitados da época, e dos dias de hoje. Um ano mais tarde abriu o seu próprio salão em Paris, que ainda hoje recebe clientes.

Em finais da década de sessenta, depois de se aperceber do quão agressivos certos produtos de cabelo eram para o couro cabeludo e para as mãos dos cabeleireiros, Alès criou os Phytosolba Laboratories com o objectivo de desenvolver produtos menos danificadores e à base de plantas, que seriam vendidos sob o nome Phyto Paris. Em 1979, adquiriu também os laboratórios Lierac.

Em 2015 deixou a presidência do Alès Groupe, mas manteve-se na liderança do Conselho de Supervisão da empresa até deixar o cargo ao filho Romain, no ano passado. "Ao longo da sua vida, o meu pai foi capaz de partilhar as suas paixões, o seu amor pelas plantas, a sua visão e curiosidade. Criou o Alès Groupe, uma empresa cujas marcas são reconhecidas hoje em todo o mundo, 50 anos após a criação da Phyto. O seu desaparecimento mergulha a nossa família e todos aqueles que estiveram próximos dele em profunda emoção", declarou Romain.

Embora Patrick Alès tenha inventado técnicas e criado produtos que revolucionaram a sua própria indústria, o seu nome permaneceu quase desconhecido do público, em parte porque nunca o usou para a sua marca, ou para criar uma cadeia de salões. No entanto, é impossível esquecer a influência do cabeleireiro que penteou celebridades como Catherine Deneuve e Jackie Kennedy, sempre com a missão de "tornar as mulheres mais bonitas".