Os procedimentos estéticos injetáveis viram o seu boom nos últimos anos. Rugas alisadas, lábios mais volumosos, rostos perfeitamente simétricos, tudo é possível e está à distância de uma injeção. Mas a questão é: que procedimento escolher? Qual o mais indicado para o resultado que pretendo? E qual a sua duração? Estivemos à conversa com a dermatologista Dra. Helena Toda Brito, que nos respondeu a todas estas questões e muitas outras.

A Miranda traz-lhe o guia completo sobre as diferenças entre os famosos botox e preenchimento, continue a ler para saber tudo.

1. De forma resumida, em que consiste o botox?

A toxina botulínica, mais conhecida por uma das marcas comerciais que é o Botox®, é um neuromodulador que relaxa temporariamente o movimento dos músculos onde é injetado, através da inibição da libertação do neurotransmissor acetilcolina.

Ao relaxar, estrategicamente, a ação de determinados músculos alvo, a toxina botulínica ajuda não só a atenuar as rugas já existentes, como também a prevenir a formação de novas rugas. Para além desta indicação estética, também pode ser usada para tratamento de outras condições como hiperhidrose (transpiração excessiva) e enxaqueca.

2. E os fillers?

Os fillers ou preenchimentos são injetáveis que ajudam a repor a perda de volume que ocorre com o envelhecimento, bem como a aumentar o volume de determinadas áreas anatómicas (lábios, olheiras, linha mandibular, maçãs do rosto), com o objetivo de tornar o rosto mais belo e harmonioso.

Os preenchimentos mais frequentemente utilizados são de ácido hialurónico, uma substância naturalmente presente na nossa pele, que tem a capacidade de captar água e dessa forma restaurar o volume das áreas onde é injetado e melhorar também a luminosidade da pele.

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3. Quais as grandes diferenças entre eles?

O botox e fillers são tratamentos totalmente diferentes, cujos únicos pontos em comum são o fato de serem injetáveis e atuarem em conjunto para atenuar os sinais de envelhecimento e tornar o rosto mais harmonioso.

O botox é injetado na forma de solução, ou seja, um líquido que, conforme a marca, pode vir já preparado ou ser necessário reconstituir através da dissolução de um pó.

Já os fillers são produtos injetáveis em forma de gel, portanto mais espessos. O mecanismo de ação também é diferente, sendo o botox um relaxante muscular e os preenchimentos produtos que atuam através da reposição de volume.

As suas indicações também diferem, enquanto o botox é utilizado para melhorar as rugas de expressão, que surgem devido à atividade dos músculos da mímica facial, os fillers atuam na perda de volume, nas pregas do rosto presentes em repouso - como é o caso do “bigode chinês” e “linhas de Marionete”-, e na melhoria do volume e projeção de certas estruturas anatómicas, como aumento do volume dos lábios ou atenuação de olheiras.

O início de ação dos tratamentos é diferente (o botox demora cerca de 3 dias a começar a fazer efeito, enquanto no caso dos fillers é possível observar um efeito imediato, que demora cerca de 2 semanas a estabilizar), bem como a duração do efeito (cerca de 3 a 4 meses no botox, e de 9 a 12 meses nos fillers).

4. Qual deles é mais eficaz?

Não é possível comparar a eficácia, uma vez que são tratamentos diferentes, com indicações diferentes.
Daí a importância de realizar uma avaliação médica antes de qualquer tratamento injetável, para um diagnóstico correto e seleção do(s) tratamento(s) mais indicado(s) para cada caso.

5. Quando se deve aplicar um e quando se deve aplicar o outro?

O botox está indicado no tratamento e prevenção das rugas de expressão, que surgem devido à contração dos músculos da mímica facial. Os fillers estão indicados na reposição da perda de volume nas maçãs do rosto, olheiras, mãos, na melhoria das rugas presentes em repouso, na melhoria do volume e projeção de determinadas estruturas anatómicas e na atenuação de cicatrizes.

6. Como sabemos qual deles é mais indicado para os resultados que procuramos?

A melhor forma de saber qual o tratamento mais indicado é recorrendo a uma consulta médica de especialidade, seja dermatologia ou cirurgia plástica.

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7. Qual destas aplicações é mais dolorosa?

Não é possível generalizar e considerar que um dos tratamentos seja mais doloroso do que o outro. A dor experienciada durante as aplicações é muito variável, conforme a sensibilidade individual do paciente, ténica de injeção, material utilizado (ex: espessura da agulha, utilização de agulha ou cânula), produto injetado (ex: algumas marcas de botox provocam mais ardor do que outras, e os fillers que contêm lidocaína na composição permitem uma injeção menos dolorosa), aplicação prévia de creme anestésico na área a tratar, área anatómica a ser tratada, quantidade de produto utilizada...

8. Qual deles tem um efeito mais prolongado e quando devem ser retocados?

De um modo geral, os fillers têm um efeito mais prolongado. O efeito do botox dura cerca de 3 a 4 meses, podendo chegar aos 5 a 6 meses. Enquanto, a duração do efeito do fillers é habitualmente superior, em média de 9 a 12 meses, embora possa durar mais de 2 anos e também mais variável, consoante a área anatómica tratada (ex: nas zonas mais móveis como a zona perioral, o preenchimento tende a durar menos do que nas zonas menos móveis como as olheiras), e o produto utilizado.

9. Qual deles tem mais efeitos secundários ou contrapartidas?

Ambos têm uma extensa lista de potencias efeitos secundários, daí ser tão importante lembrar que são procedimentos médicos, que devem sempre ser realizados por médicos, em clínicas devidamente certificadas pela Entidade Reguladora de Saúde.

Em termos de gravidade, um dos efeitos secundários mais temidos e que pode ocorrer com a injeção de fillers, é a oclusão arterial. Ou seja, a injeção do produto no interior de um vaso sanguíneo, com consequente obstrução do vaso e necrose, que é morte celular, dos tecidos por ele irrigados.

Outros efeitos com menor gravidade, que podem ocorrer tanto com botox como com fillers, são as infeções, edema (inchaço), equimoses e hematomas (nódoas negras) e assimetria.

10. Botox ou fillers: qual o favorito da Dra. Helena?

Não consigo escolher um como favorito, depende muito da indicação clínica e do resultado pretendido. Ambos os tratamentos têm o seu papel na harmonização facial e atenuação dos sinais de envelhecimento que surgem no rosto, pescoço e, no caso dos fillers, mãos e decote também.

Em termos de prevenção de rugas, diria que o botox acaba por se tornar imprescindível em quase todas as pessoas, a partir de determinada idade...mas nada substitui a capacidade de projeção e correção de volumes dos fillers.