
Quem já teve uma borbulha interna sabe bem: além de incomodativas, são teimosas, profundas e muitas vezes dolorosas. Ao contrário das borbulhas tradicionais, estas não chegam à superfície da pele com aquela “cabeça branca” que tanta gente tenta espremer. Mas, segundo o dermatologista Dr. Paulo Morais (@paulomorais_dermatologia), é precisamente aí que reside o perigo.
O que são, afinal, borbulhas internas?
“São lesões de acne profundas, formadas quando o sebo, células mortas e bactérias ficam presos profundamente na unidade pilossebácea, causando inflamação intensa”, explica o Dr. Paulo. Ao contrário das borbulhas mais superficiais, estas aparecem como “caroços duros (nódulos) e dolorosos sob a pele”.
Por que razão surgem?
As causas são várias, mas há alguns fatores principais. “A genética, alterações hormonais — como as que ocorrem na puberdade ou na fase pré-menstrual — e algumas condições médicas, como a síndrome do ovário poliquístico, são causas comuns”, afirma. Também a suspensão do contracetivo oral pode ter impacto. Além disso, há mecanismos já bem conhecidos: “produção excessiva de sebo, obstrução dos poros e presença de bactérias como o Cutibacterium acnes”.
Hábitos que podem piorar (mesmo sem querer)
Alguns comportamentos do dia a dia podem agravar a situação. “Espremer as borbulhas, o stress, uso de cosméticos comedogénicos, dormir com maquilhagem ou fazer esfoliações agressivas são erros frequentes”, alerta. E, sim, a alimentação também pode pesar na balança: “lacticínios e alimentos com elevado índice glicémico” estão entre os potenciais desencadeantes.
Como tratar eficazmente?
O tratamento depende da gravidade. “Nos casos mais severos, o uso de isotretinoína oral pode ser necessário”, aponta o especialista. Existem ainda alternativas como antibióticos (orais e tópicos), contracetivos, espironolactona, ácido azelaico, retinóides e até procedimentos estéticos — como peelings, lasers ou luzes LED anti-inflamatórias.
A rotina de skincare também pode ajudar, com produtos adaptados:
- Limpeza com ácido salicílico, zinco ou enxofre;
- Séruns com retinol, niacinamida, ácidos esfoliantes;
- Hidratantes oil-free com ceramidas ou ácido hialurónico;
- Protetor solar matificante com FPS 50+.
Mas o especialista sublinha que “o tratamento deve ser sempre individualizado” e adaptado às caraterísticas da pele e da pessoa.
Espremer? Nem pensar!
É tentador, sim, mas o conselho é claro: “O ato de espremer pode agravar a inflamação, causar cicatrizes permanentes e até hiperpigmentações difíceis de tratar”, alerta. Além disso, aumenta o risco de infeções, sobretudo em zonas como o nariz, onde podem ser mais perigosas.
Há algo que se possa fazer em casa?
Felizmente, sim — desde que com cuidado. O Dr. Paulo Morais sugere algumas opções SOS seguras e eficazes:
- Produtos de limpeza com ácido salicílico (1–2%);
- Compressas frias ou gelo envolto num pano;
- Adesivos com hidrocolóide ou ácido salicílico;
- Géis de peróxido de benzoílo 5%;
- Óleo de melaleuca diluído;
- Compressas com chá verde;
- Produtos tópicos com niacinamida, zinco, ácidos suaves.
Quando é hora de procurar um dermatologista?
Se a borbulha interna surge com frequência, deixa marcas, causa dor ou afeta a autoestima, está na hora de marcar consulta. “Se o tratamento domiciliário não resulta após algumas semanas ou há impacto emocional, o ideal é procurar ajuda especializada”, conclui o dermatologista.
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