Computador para aqui, telemóvel para ali. Com a pandemia de COVID-19, ficámos ainda mais ligados à tecnologia. É um facto. O teletrabalho invadiu a nossa rotina laboral. Vemo-nos, horas a fio, debruçados em frente ao ecrã e, por vezes, com uma má postura.
Como os maus hábitos têm sempre consequências, é perante este cenário que cresceu exponencialmente a síndrome do "pescoço tecnológico" – "tech neck" em inglês – que se traduz em dores e alterações musculo-esqueléticas na zona do pescoço, mas não só. A nível dermatológico, também tem feito das suas. O dermatologista Paulo Morais dá-nos a conhecer as consequências e como tratar e prevenir esteticamente o cada vez mais comum "pescoço tecnológico".
As consequências estéticas do "pescoço tecnológico"
"Além do desconforto físico, estas más posturas, associadas à anatomia delicada do pescoço (pele relativamente fina e a poderosa camada do músculo platisma), levaram a um aumento das queixas relacionadas com a pele do pescoço, como as pregas ou rugas horizontais cervicais medianas. Desta forma, o termo "tech neck" tem sido também utilizado para descrever as alterações cutâneas a este nível", afirma o dermatologista Paulo Morais, quando questionado sobre as consequências estéticas da síndrome do "pescoço tecnológico", acrescentando ainda que há cada vez mais "preocupações estéticas e solicitação de intervenções terapêuticas aos clínicos de dermatologia, cirurgia plástica e medicina estética."
Aprenda a tratar do "pescoço tecnológico"
Quando se sofre desta síndrome, é essencial reverter o mal já feito. Posto isto, o dermatologista aconselha a tratar, numa primeira fase, através da "hidratação diária com um produto com propriedades restauradoras, contendo, por exemplo, péptidos, ceramidas e ácido hialurónico, a utilização de protetor solar, podendo ser útil a aplicação de um sérum antioxidante de vitamina C pela manhã e um creme de retinol à noite."
Em relação à utilização de retinol, é preciso ter algum cuidado: "Sendo a pele do pescoço mais fina e sensível do que a da face, sugiro iniciar a sua utilização com uma concentração inferior, para evitar a irritação cutânea."
Nos casos em que as rugas horizontais no pescoço já estão num estado mais avançado e com uma maior evidência, "podem ser consideradas diferentes opções terapêuticas minimamente invasivas, selecionadas caso a caso". Estes são os tratamentos estéticos mais adequados, segundo o dermatologista:
- Toxina botulínica, que ajuda a reduzir a atividade do músculo platisma e as chamadas bandas platismais.
- Preenchimento com ácido hialurónico, que permite tornar as linhas menos percetíveis.
- Radiofrequência e ultrassons focalizados de alta-potência, que auxiliam na formação de novo colagénio e na redução de linhas e rugas, bem como na melhoria da firmeza.
- Fios tensores, que melhoram a firmeza e reduzem a flacidez.
- Resurfacing com laser CO2 fracionado, que melhora a aparência das linhas horizontais, rugas, cicatrizes e textura geral.
O guia para prevenir o aparecimento do "pescoço tecnológico"
De acordo com o dermatologista, a prevenção está na adoção de práticas e medidas posturais corretas. Este é o guia para não ser afetado pelo "pescoço tecnológico":
- Eleve o ecrã do computador, para que os olhos atinjam o terço superior do mesmo.
- Mantenha o telefone próximo do nível dos olhos.
- Use cadeiras confortáveis e com apoio lombar e da cabeça.
- Alterne períodos sentado com pausas periódicas para se movimentar e, assim, evitar rigidez e dor.
- Sente-se com os pés apoiados no chão.
- Faça alongamentos, arqueando-se para trás e endireitando o pescoço, e efetue exercícios simples de treino de força.
- Reduza o tempo passado a enviar mensagens de texto, nas redes sociais e no computador.
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