Modéstia à parte, fui abençoada pela genética no que toca ao cabelo (obrigada, Pai!). É forte, abundante e volumoso. Diria que sempre foi o que mais gostei em mim, era a miúda dos "cachinhos cor de mel que todos gabavam", como relatam os próximos. Mas atenção, nem sempre foi assim e a fase do "nem, nem" - nem era encaracolado, nem era liso - foi uma verdadeira dor de cabeça para a adolescente que fui. E por isso, pedi à minha mãe vezes infinitas para fazer um alisamento e hoje agradeço todos os "nãos" que ela me deu. Afinal de contas, se tivesse levado a minha avante, não conseguiria ter os caracóis que hoje me deixam tão satisfeita e arrancam elogios. É frequente perguntarem o que faço e como penteio o cabelo. A resposta é tão simples que suscita curiosidade: "Nada. Só lavo e deixo secar ao natural".
Afinal, quando e porquê guardei o secador na gaveta for good?
O motivo pelo qual deixei de usar secador nada tem a ver com a saúde do meu cabelo, antes pelo contrário. A verdade é que nunca fui muito boa a cumprir horários (já estou muito melhor) e preferia tomar banho de amanhã. Resultado: ia sempre para a escola de cabelo molhado, sob uma enxurrada de reprimendas, mas ia. O que durante muito tempo foi a minha única opção para chegar (quase) a horas às aulas, passou a ser um hábito consciente. Gradualmente, fui deixando o cabelo secar ao natural, mesmo quando tinha mais do que tempo para o utilizar e porquê? Comecei a notar diferenças significativas na definição e textura do meu cabelo. Apercebi-me de que estava cada vez mais definido e encaracolado e o frisado era cada vez menor. Finalmente, estava a começar a ter um cabelo de que me orgulhava.
Os prós e contras
Claro que isto me obrigou a uma toda logística, ou seja, tenho um determinado momento do dia para lavar o cabelo. Nem imediatamente antes de sair de casa, nem imediatamente antes de ir dormir. Primeiro, para não correr o risco de ficar doente, segundo porque não é saudável passar a noite de cabelo molhado. E atenção, estamos a falar de cerca de 3 horas que demora para secar por completo ao natural. Mas poupa-me tempo e trabalho, de que me posso queixar? Nada. Já para não falar de que é a forma mais saudável para os meus fios, cujo calor nunca foi o melhor amigo, bem pelo contrário. No entanto, mesmo não utilizando qualquer ferramenta que envolva elevadas temperaturas (só penteio o cabelo no banho), devo dizer que é (mesmo) muito difícil manter o meu cabelo hidratado. Mesmo utilizando máscara duas vezes por semana e óleo todos os dias (por vezes, duas vezes ao dia), parece uma verdadeira esponja de nutrição e nunca, nunca está satisfeito. Deito as culpas à grossura dos meus fios capilares, sem qualquer facto científico que o comprove. Apesar de tudo, sei que se utilizasse o secador regularmente seria bem pior, conheço o meu cabelo, já convivo com ele há quase 24 anos.
Também não nos podemos esquecer de que tal como a pele, o cabelo tem vida própria e estados de espírito. Um dia estão lindos de morrer, outros parece que acabaram de sobreviver a um apocalipse zombie. Durante este período de isolamento, lancei um desafio a mim mesma. A par com o óleo, o leave-in é o meu melhor amigo, é a ele que atribuo-o as ondas que parecem ter sido feitas com modelador. No entanto, quero ver como o meu cabelo realmente é sem qualquer ajuda e so far, so good. Contudo, a função deste produto maravilhoso não é apenas dar forma e textura, mas também hidratar e nutrir e por isso, sei que não vou viver sem ele durante muito tempo.
Nota. É importante lembrar de que esta é a minha experiência, é aquilo que resulta para mim e com o qual deixo o meu cabelo e a mim mesma felizes. Como tudo na vida, sharing is caring, e as rotinas e dicas de Beleza são para ser partilhadas e serão sempre bem-vindas.
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