Claúdia Raia, atriz brasileira conhecida do público nacional pelas suas participações nas novelas da Globo, e uma voz bastante ativa do empoderamento feminino, revelou, há poucas semanas, que está grávida do terceiro filho. Até aqui tudo normal, não fosse o facto de Claúdia Raia ter 55 anos e de já ter ultrapassado a idade “fértil”, ou considerada adequada para engravidar, não acarretando riscos – seja para a saúde do bebé, seja para a mãe.
A atriz, conhecida também pela forma como alerta e desconstrói o estigma associado à idade, mostrou, novamente, que aos 55 anos uma mulher consegue e pode tudo – inclusive voltar a ser mãe – mesmo já tendo filhos adultos. E a discussão instalou-se.
Terá Claúdia Raia engravidado de forma natural, mesmo já estando em pleno processo de menopausa há, pelo menos, três anos? Terá a atriz recorrido à ajuda de inseminação artificial? Rapidamente, e após o anúncio oficial da gravidez no seu Instagram (que muitos consideraram uma estratégia de marketing por estar associado a uma marca de testes de gravidez), instalou-se a discussão e os comentários, que iam da felicidade pelo casal à crítica de, aos 55 anos, ir ser mãe.
Uma gravidez nesta faixa etária não é normal e de acordo com a biologia feminina, também não. Nesta idade, o corpo da mulher já é suposto estar na menopausa – ou em período de perimenopausa – ou seja, o período de transição entre a menstruação regular e a ausência da mesma, que pode durar até quatro anos, só sendo considerada menopausa quando a mulher esteve 12 meses consecutivos sem qualquer fluxo menstrual.
Para além disso, a partir dos 30 anos de idade, a quebra de ovócitos na mulher diminui substancialmente, descendo abruptamente após os 40, o que dificulta ainda mais a probabilidade de sucesso – pelo que a gravidez de Cláudia Raia, aos 55 anos, ter sido uma conceção natural sem recurso à comunidade médica e ajuda externa, faz dela um verdadeiro fenómeno da natureza!
O que não só é inédito, como ter recorrido a ajuda externa para realizar este “sonho” – como a atriz já o admitiu – aqui em Portugal, tal não seria possível. Quando falamos em procriação medicamente assistida (PMA), no nosso país só é permitido realizar-se até aos 50 anos, mesmo no setor privado, precisamente pelos riscos que pode acarretar uma gravidez tão tardia (seja para a mãe, seja para o bebé). Entre esses riscos, o aumento de probabilidades de malformações do bebé, no parto ou de perda gestacional.
Nada disso parece incomodar a atriz que, neste momento, vive um verdadeiro estado de graça, tendo sido fotografada para a capa de outubro da revista Harper’s Bazaar Brasil, onde mostrou que podemos ser maravilhosas e poderosas em qualquer idade, mesmo quando temos 55 anos e estamos grávidas!
Já Brad Pitt, outro ator bem conhecido do grande público, também deu um passo revolucionário, lançando a sua linha de skincare e cuidados do rosto – “Le Domaine” – no passado dia 13 de setembro. Trata-se de uma linha de produtos essenciais para cuidados da pele, sem género, que o ator desenvolveu em parceria com a família Perrin, reconhecidos viticultores do Château Beaucastel, que são parceiros de Pitt no vinho Château Miraval Côtes de Provence Rosé.
Depois de ter feito carreira cinematográfica, o ator premiado com dois óscares sentiu necessidade de, também ele, contribuir para a desconstrução do estigma da idade, mostrando que, mais do que querermos ser imortais ou eternamente jovens, devemos abraçar o envelhecimento de forma natural e o mais saudável possível.
Segundo afirmou numa entrevista à revista Vogue, “eu não quero fugir do envelhecimento. É um conceito do qual não podemos escapar, e gostaria de ver a nossa cultura a abraçar esse conceito e a falar do mesmo nesses termos. Algo que discutimos [na fundação do Le Domaine] foi essa manchete de 'anti-envelhecimento'. É ridículo. É um conto de fadas. O que é real é tratar da pele de forma saudável.”
Os produtos de Le Domaine, para além de serem vegan, possuem 96% de ingredientes naturais, tendo contado na sua pesquisa científica com a investigação do professor de enologia da Universidade de Bordeaux Pierre-Louis Teissedre, para determinar qual das 13 variedades de uvas que a família Perrin cultiva, tem as propriedades antioxidantes mais relevantes. Possuem, como ingredientes, azeite e uvas, assim como os caroços, sendo cada artigo vendido num frasco de vidro com tampa de madeira – feita a partir dos barris de vinho – e onde todas as embalagens são recarregáveis, mostrando a sua produção sustentável.
Aos 58 anos, Brad Pitt não parece estar preocupado com o envelhecimento, mas sim com a qualidade do envelhecimento. O lançamento desta linha, vinda de um homem, mais do que um conceito de marketing ou de estratégia, tem um propósito, levando o ator a afirmar ter sentido diferença e melhorias na sua pele.
Não se trata de ser eternamente jovem, nem de ter 58 anos e rosto de 20. Trata-se de manter uma pequena e simples rotina de skincare, que lhe proporcione o cuidado necessário para se sentir bem. Mas mais do que ter hábitos saudáveis – seja com a pele ou na vida em geral – para o ator, o verdadeiro segredo de envelhecer bem passa pelo amor-próprio e pela qualidade de vida, e no tempo despendido nas coisas: “Acho que depois do confinamento, algo mudou e levou as pessoas a questionar: como estamos a gastar o nosso tempo? Porque é que trabalhamos tanto? Qual é o propósito das nossas vidas? E eu acho que a família e os amigos, no final do dia, é tudo o que importa.”
E nós concordamos.
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