O que mais gosto na Moda são as pessoas. Também gosto de pessoas na Vida, em geral, mas na Moda, uma pessoa da Moda é toda uma obra de arte viva. Além da roupa, que acrescenta ou fortalece a personalidade do modelo, há a maquilhagem e o cabelo que cumprem o mesmo papel.
Mas sem a estrutura óssea, sem o formato dos olhos, dos lábios, sem a altura, todos estes atributos dados pela Natureza (e às vezes pelas mãos do Homem da medicina estética), também constroem uma personalidade, que só o carisma do modelo pode ou não alavancar a outros patamares mais ambiciosos, fazendo-o ser disputado pelas grandes maisons.
É por isso que nem todos lá chegam. Além disto, ainda é preciso ter muita capacidade de resiliência para ouvir muitos nãos e continuar com a mesma motivação em todos os castings, disciplina para acordar às 4h da manhã e chegar impecável e sem mácula ao local de trabalho, e inteligência para ouvir o que o cliente quer e saber imediatamente interpretar o pedido. Daí eu respeitar o trabalho de um modelo: fascina-me muito quando casam todas estas qualidades com um equilíbrio perfeito. Conseguem ser únicos, por isso.
Nestas recentes edições da ModaLisboa e do Portugal Fashion houve quatro caras que me despertaram a atenção e me fizeram acreditar que há ali muito sumo pronto a saciar muita passerelle e muita revista à volta do mundo.
ANA ZHOU (Karacter)
Não resisto a rostos orientais e a Ana Zhou foi uma lufada de ar fresco, pela maneira como se entregou ao genderless, emprestando a sua imagem tanto a looks femininos como masculinos. Esta ninja de 1.81 m, com cara de boneca, tem tudo para dar o golpe silencioso e certeiro em tudo o que a desafiar.
DUARTE CASEIRO (L'Agence)
Quando vi o Duarte Caseiro, lembrei-me imediatamente dos nossos portugueses que têm desfilado para a Dolce & Gabbana (desafio-vos a googlar quem são). E também para a Armani ou para a Versace. Ainda não vi trabalhos dele, nem se encontra nada no site da agência. Cá para mim, está a ser mantido em segredo, a ser treinado secretamente, para quando o atirarem para Paris e Milão ser logo fulminante e mortífero. Já nem sei quem é o ninja aqui…
MARCELO ZHANG (Blast)
… pois dei de caras com o Marcelo Zhang e percebi que, afinal, há aqui um pequeno exército de guerreiros em formação neste pequeno país. A mistura de traços orientais e ocidentais do Marcelo tornam-no um vencedor, que ainda agora começou a andar e já está representado por agências Europa fora. Vamos esperar para ver? Para já, vejam-no aqui na campanha para o David Catalán.
MAXIMUS LAFAYETTE (Face)
No dia em que decidiu enveredar pela Moda, foi lá e venceu. O Maximus Lafayette ganhou o Face Model of the Year 2020 e quando chegou para os desfiles da ModaLisboa e do Portugal Fashion, foi uma lição de talento. Uns aprendem com a experiência, mas há outros que nasceram com aquilo, e quando querem, põem tudo em chamas.
Ele nasceu preparado e eu estou pronto para assistir ao desenrolar de tudo que o espera… seja aqui, seja na China, seja em Milão, Paris, Londres ou Nova Iorque. Aqueles traços únicos transportam-nos imediatamente para outra dimensão, onde não existe este mundo como o conhecemos, mas um outro, que somos convidados a descobrir e onde há sempre espaço para sonhar.
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