Embirrei com os meus lábios. Passei 38 anos sem olhar para eles, talvez por sempre cumprirem bem as funções para que foram feitos (beijar é um talento nato — não sou eu que digo, atenção! — assobiar nem por isso, mas cumpro), até ao dia em que devo ter tido uma espécie de chamamento divino ou uma epifania. Desde aí, os meus lábios são a parte mais importante (e mais preocupante) do meu rosto.
Há mais ou menos dois meses acordei com os lábios secos e desidratados. Talvez por acção do vento frio, talvez por beijar barbas a mais. Olhei para eles e vi uma cor que não reconhecia, vi rugas marcadas, vi pele seca, vi uma película baça que os houvera atacado como um vírus de secura crónica. A primeira reação foi comprar um protector labial para hidratar e proteger. Mas a questão que me começara a consumir era conseguir lembrar-me de como eram os meus lábios na minha juventude. Será que mudaram? Nunca me apercebi de qualquer mudança.
Numa pesquisa rápida, descobri que o envelhecimento, pela força da gravidade e pela flacidez, torna o lábio superior mais fino, reduz o volume no geral e faz surgir rugas e linhas finas.
Passei toda uma vida a achar que tenho os lábios mais apetitosos de sempre e aos 38 anos, depois de fazer um upgrade à pele do rosto e a algumas rugas, apercebo-me que foram sobejamente negligenciados. Passei a dar comigo a olhar para os lábios dos outros de uma maneira que nunca tinha acontecido. Passei até a questionar a cor actual dos meus. Há de todas as cores e dependem muito da cor da pele de cada um. Mas os lábios rosados são os mais apetitosos. Acho que no passado os meus foram mais claros. Hoje são mais cor de vinho, que também considero uma cor atractiva. Mas será que existe uma cor que me favorece? E se intensificar a cor actual?
Na internet redescobri um truque que usei no passado: morder e passar a língua várias vezes ao dia. Ganha-se um maior fluxo sanguíneo, que puxa imediatamente a cor vermelha dos lábios. A longo prazo estimula a elasticidade e a firmeza. Mas o que eu queria mesmo era alguém a mordê-los e a beijá-los sofregamente. Sinto que preciso desse tratamento de beleza urgentemente! Vocês não?
Enquanto não chega esse príncipe (ainda não vi nenhum nos menus das clínicas de estética), sou salvo por este meu lip balm com cor, da Chanel. Não substitui um beijo intenso e ardente, mas sem dúvida que ganham vida estes lábios de vinho. No geral, lip balms com cor tornaram-se uma pequena obsessão. Despertei para a sua existência inesperadamente quando fazia um tour virtual pela linha de maquilhagem da Byredo — linda de morrer — à procura de algo que se adequasse às minhas necessidades. Só não o comprei porque achei-o provavelmente o objecto menos bonito de todos os objectos de design que figuravam no site da marca. Mas senti que tinha acabado de fazer a descoberta do século. Afinal, tudo o que precisava na vida era de um lip balm com cor.
Entretanto, na minha sondagem em terrenos offline, apercebi-me que estes batons escasseiam nas lojas. E em tempos de pandemia, não há quase nada e quando há, não se podem experimentar. Consegui o meu na Sephora, mas encontrei várias opções na internet (vd. a galeria aqui em baixo), com um packaging minimalista, que fazem qualquer homem exibir estas armas de fogo com todo o orgulho e virilidade. É escolher e encher o copo!
Já aqui em baixo, na galeria, alguns dos resultados da minha pesquisa por essa Internet fora.
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