Já aqui falei sobre este livro diversas vezes, nomeadamente quando abordei os 8 Pilares do Yoga, segundo Patanjali - os quais vêm mencionados e explicados no livro em questão, e talvez a parte mais conhecida desta obra. 

#AlmaYogi: os 8 pilares do Yoga (parte 1) – Yama
#AlmaYogi: os 8 pilares do Yoga (parte 1) – Yama
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Mas antes ainda de chegar a estes 8 pilares do Yoga, Patanjali começa com uma simples (mas muito relevante) questão: o que é o Yoga? A sua resposta deixa muito claro que a prática se centra na experiência mental: “chitta vritti nirodaha”, explicando como “acalmar [ou cessar] as flutuações da mente” de forma a experienciar a Total Realidade e caminhar em direção à Auto-Realização 

Desdobrando então este sutra 1.2 yogah cittavrtti nirodhah: 

Yogah: estado de união e integração do eu exterior com o eu interior, desde a pele, músculos, nervos, ossos, mente, intelecto, consciência, vontade.

Citta: a consciência, que é composta por três camadas: mente (manas), intelecto (buddhi) e ego (ahamkara). É o veículo da observação, da atenção, da razão. 

Vrtti: As flutuações na mente, que se manifestam no comportamento, um estado de ser, modo de ação e movimento. 

Nirodhah: A cessação, obstrução, aniquilação, contenção ou controlo. 

Para mim, este sutra tem muito a ver com um princípio que aplicamos no Yoga: o Princípio da Função sobre a Forma. Muitas vezes, na prática de asanas, estamos focados em atingir a forma ideal de uma postura, ou porque é desafiante, ou porque nos parece interessante, ou simplesmente porque pensamos que é assim que tem que ser porque aquela outra pessoa assim o faz.

Mas no Yoga, acima de tudo, devemos honrar onde estamos, escutar os nossos corpos e perceber que verdadeiramente é a função e intenção de determinada asana que é importante, e não a sua forma.

E daqui deriva um outro princípio, o de que o yoga é uma prática inclusiva — yoga é para todos, não é uma prática reservada a atletas ou a pessoas super flexíveis. Não precisamos de flexibilidade para praticar asanas, simplesmente precisamos de compreender e aceitar onde estamos em cada momento, e a partir daí construir a própria prática que nos permite encontrar o estado de união dos nossos corpos (físico, mental e subtil) em busca da Auto-Realização. 

Sara Sá estudou Comunicação Social, mas especializou-se em Relações Públicas e trabalhou 15 anos como tal. A paixão pelo Yoga levou a melhor e, deixando o emprego e vendendo tudo o que tinha, abriu no Porto o MANNA, um espaço onde partilha, com quem por lá passa, a sua filosofia de vida.