Há uns dias, uma amiga dizia-me que um bronzer (de uma marca de que eu gosto muito e na qual confio) lhe tinha provocado uma reacção alérgica na pele como nenhum outro antes. Trocámos ideias e fiquei até de ver se tinha algum que nunca tivesse usado, e que lhe pudesse dar para ela deixar de usar aquele que, supostamente, tinha algum componente não compatível com a pele dela.
Conversa puxa conversa e eis que ela diz 'Oh Mafalda, mas também, o bronzer já tem tantos anos… Já está mesmo no finzinho, sabes? Quando já vês o fim da caixa — está assim!'. Ou seja, provavelmente o que lhe provocou a reacção não foi um qualquer componente do produto mas sim o facto de estar a ser usado há demasiado tempo. Tal como os produtos alimentares que guardamos na nossa cozinha, também os produtos de beleza têm prazos de validade e recomendações de preservação.
A questão do lugar seco e fresco não é válida apenas para as farinhas — a nossa maquilhagem e os nossos cuidados de pele também devem ser conservados tendo em conta vários factores. E agora que estão a chegar os dias quentes, e que pensamos ir buscar o protector solar do ano passado — por favor, não o façam! — vamos perceber como é que conservamos a nossa colecção de beleza e quando é que está na altura de substituir aquele bronzer velhinho que temos no fundo da gaveta?

As validades

Tal como na comida, também é importante olharmos para o rótulo dos produtos de beleza que usamos. Confesso que nem sempre me apercebi disto mas, ao pé da lista de ingredientes, existe um desenho de uma embalagem aberta com um número — 3M, 6M ou 12M. Ou seja, após a sua abertura, os produtos têm uma validade de três, seis ou doze meses. É claro que é conhecido 'usar de preferência até' — depois deste período de tempo, os componentes e ingredientes  activos dos produtos podem deixar de ser 100% eficazes, as fórmulas podem alterar-se e o resultado pode não ser o mesmo que era quando o usámos pela primeira vez.
Ainda assim, não significa que tenham de deitar fora aquele batom ou deixar o creme de noite por terminar, sem chegar ao fim da embalagem. Usem os sentidos para perceber como estão os produtos — se mudaram de cor, se a textura está alterada, se ganharam algum tipo de odor ou sabor.

Onde conservam a vossa maquilhagem?

No que toca aos produtos de beleza sinto que não sou tão exigente e acabo até por ser mais flexível. Mas quando tenho amigas que me dizem que guardam a maquilhagem na casa-de-banho, faço-lhes logo mil questões. Têm janelas? Arejam o espaço? Não tomam banhos de imersão? Os espelhos não embaciam com a água quente? Agora imaginem o que tudo isto faz às texturas das maquilhagens — aos pós compactos, aos batons em stick, etc etc. Não é o local onde querem guardar a vossa colecção de maquilhagem. Optem por manter este produtos no quarto ou num local mais seco e resguardado.

Esqueçam o valor sentimental

Aquele batom cor-de-rosa que só usam em ocasiões especiais ou que estavam a usar no dia em que conheceram a vossa cara-metade pode ficar aí por casa — mas sem ser usado. Provavelmente já passou em muito a sua validade, embora mantenha o valor sentimental. Não tem de ir para o caixote do lixo, mas talvez não seja o ideal para matar saudades. Apostem antes nos perfumes — esses têm uma vida longa e podem ser usados até 8 a 10 anos depois de abertos pela primeira vez.
E contra mim falo. Há uns dias deitei fora mais de 100 batons porque finalmente ganhei a coragem de me livrar de todos os cor-de-laranja que um dia achei que me ficavam bem. Foram os meus primeiros batons Chanel e YSL. Mas vou usá-los? Dez anos depois de os comprar? É claro que não — portanto, lixo!

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Quando sentirem que a vossa pele reage a algo que, até então, recebia com amor e carinho, vejam o estado do produto e lembrem-se de quando é que o usaram pela primeira vez. Talvez esteja na altura de limpar a gaveta da beleza e dar reforma a alguns dos produtos aí de casa. E quem sabe, fazer uma visita a uma perfumaria… :)

Mafalda Beirão é a autora inspirada das histórias do blogue Malmequer, como ela refere, "a extensão de tudo aquilo que eu sou e que eu mais gosto". Formada em Psicologia, encontrou na comunicação o seu drive.