Cresci num lar de aromas agraciados: a fragância de receitas de longas gerações, o odor de mezinhas ancestrais, o bálsamo de dicas femininas, o cheiro a guardado de segredos de beleza e a essência inebriante da graça de se ter nascido mulher.
Não me lembro como nem por que razão comecei a engordar. Lá está, nunca recordamos a cicatriz da felicidade. Só me lembro de um dia estar cheiinha, depois roliça, depois gordinha, até ganhar a alcunha de "Baleia". É verdade, quando dei por mim, tinha 16 anos, pesava 89 kg e o divertimento dos meus colegas e amigos parecia ser lançar-me o piropo de "Baleia Assassina", como se só "Baleia" não fosse suficientemente divertido.
Porém, quando hoje olho para trás, como dizia Steve Jobs no seu famoso discurso na Universidade de Stanford, em 2005, consigo ligar os pontos marcantes da minha vida e perceber o quanto contribuíram para eu ser o que sou hoje. Jobs tinha razão, só quando olhamos para trás é que compreendemos o presente. Por isso, temos sempre que ter vistas largas e ver um horizonte largo. Temos de acreditar em alguma coisa, quer seja na nossa garra, no nosso destino, na nossa vida ou no nosso karma. Esta forma de encarar a vida fez toda a diferença para Steve Jobs e fez toda a diferença para mim.
Costumo dizer que quanto mais gordinha eu estava, quanto mais volume eu ganhava, menos me viam, o que não deixa de ser caricato porque, querendo ou não, ninguém gosta de não ser visto. Foi o ódio pelo meu corpo que fez nascer em mim a paixão pelo bem-estar e pela beleza com saúde.
Primeiro, comecei a estudar tudo sobre dietas. A dieta de South Beach, a dieta do chá, a dieta do paleolítico, a dieta dos dois dias, a dieta do jejum, a dieta do Dr. Atkins, a dieta da sopa, a dos ovos, do vinagre, a dieta Dunkan, a do sumo de limão, a dos 30 dias, a dos alimentos crus, a do tipo sanguíneo e tantas outras.
A conclusão a que cheguei é que o bom senso está no equilíbrio de uma alimentação variada e doseada, mas que seguir por um atalho, de vez em quando, como o do jejum – um dos atalhos que resultou muito bem comigo – pode ajudar a estimular a força de vontade, já que os resultados se fazem notar mais rapidamente.
Foi em Portugal que comecei a pôr em prática os meus conhecimentos, temperados com aromas q.b. da minha casa materna. As minhas refeições passaram a ser ensaios meticulosamente elaborados e o meu corpo o laboratório onde analisava os resultados. Finalmente, o destino desferiu o golpe que faltava: as massagens, que comecei a fazer no Hospital Particular de Lisboa.
O sucesso foi tão grande que percebi que tinha nascido com o dom de transformar mulheres, por dentro e por fora. Fortaleci-me. Ou já era forte, não sei. Comecei a emagrecer. Comecei a ter uma vasta carteira de clientes, graças aos resultados das técnicas das minhas massagens à la carte. Uma fragrância daqui, uma boa técnica dali e o resultado era um bálsamo para o corpo e para a alma.
Quando dei por mim, a "Baleia Assassina" morrera. É verdade que deixou a sua cicatriz, mas foi graças a esse ponto marcante que me transformei numa mulher determinada, persistente, destemida, batalhadora e, mais importante que tudo, capaz de me superar e de levar outras mulheres a superarem-se. A minha vida, sem rumo definido, passou a definir o rumo da vida de outras mulheres. Foi nessa altura que, por brincadeira, passei a apelidar todas as minhas clientes de "patrimónios", porque um património é algo de belo que merece ser preservado e, fora de brincadeiras, não há uma única mulher que não seja um património irrepetível.
Hoje, peso menos 30 kg, abri uma clínica de estética onde uso métodos de bem-estar com saúde e beleza que eu própria criei e desenvolvi, participo em vários programas televisivos e colaboro com várias revistas. Dou palestras onde partilho os meus conhecimentos, as minhas técnicas e as minhas experiências. Já voei até à Madeira, Polónia, Eslováquia, Grécia, Madrid, Andorra, Barcelona, Praga, Londres, Genebra, Xangai, Dubai e Nova Iorque para dar a conhecer o sucesso do meu método.
Recentemente, lancei-me no coaching e sou formada em Neurocoaching de Saúde Integral, em Coach Sistémico e de Alta Performance. O coaching ajuda-me as escolher as ferramentas certas para ajudar com precisão cada mulher, cada cliente, cada património, a gerir as emoções relacionadas com as afeções estéticas. Sabemos que o primeiro choro é uma constante da vida, mas ensinou-nos o poeta que o sonho também o é e que pode ser tão concreto e definido como outra coisa qualquer: mapa do mundo distante, Rosa dos Ventos, Infante, caravela quinhentista ou cabo da Boa Esperança.
Não é fácil passar da tormenta à esperança. É preciso coragem para fazer o que é certo, do modo certo, pela razão certa, empenho, por dedicação a nós, e compromisso para com os que se empenham juntamente connosco, e honra pela nossa integridade e responsabilização. Não é fácil, mas é exequível. E se precisar de ajuda, encontra-me no meu Espaço Izabel de Paula.
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