Entram em nossa casa todas as manhãs, tardes e noites, para nos informar sobre o que se está a passar para além da nossa esfera pessoal. Roubam a nossa atenção quando projectam a voz e fazem entrar reportagem atrás de reportagem – ora cenários trágicos, ora finais felizes – com o ar sóbrio que lhes é característico.
A maquilhagem está lá e o cabelo saído das mãos de profissionais também, mas ninguém se debruça sobre isso. Nem deve: “A pivot tem de estar bonita, mas esse não pode ser um factor de distração para o telespectador”, afirma a maquilhadora Madalena Fonseca, atualmente na TVI. Esta é a regra incontornável.
É neste sentido que, à parte do conteúdo, o mundo da informação e do entretenimento se antagonizam. “No entretenimento, são assuntos mais leves, há mais liberdade. Já fiz o 'The Voice' e usei iluminador e glitter, porque estamos a falar de espetáculo, ao passo que na informação não, tem a ver com o contexto. Supondo que há uma notícia de última hora catastrófica, não cai bem estar exuberante. Depois, depende também do gosto de cada pivot. Há umas, por exemplo, que não usam batons fortes, mas depois há outras que só usam batons fortes”, refere Francisca Bairros, da SIC.
Por um lado, uma maquilhagem extremamente chamativa está fora de questão. Mas, por outro, quebrar a imagem de marca também não está nos planos. Se Teresa Dimas nos habituou a vê-la usar sempre batom vermelho, da mesma forma que Clara de Sousa nos acostumou ao eyeliner e Ana Sofia Cardoso às extensões de pestanas, quando ou se deixarem de o fazer, provavelmente vamos dar pela falta de algo.
O que não pode faltar é uma adaptação aos tempos e às tendências e, com a subtileza que é necessária, a maquilhagem vai sofrendo alterações. “Já não se querem peles ultra-mate como antigamente”, salienta Madalena. “Hoje a tendência são peles mais naturais, com um iluminado natural, e também já não se usam os olhos muito carregados", acrescentou Francisca.
Já os brilhos foram sempre postos de lado. De acordo com Madalena, “ver uma pivot com a pele a brilhar dá a sensação de pele oleosa (que nem sempre são) e causa mau aspeto”. Tanto nos homens como nas mulheres, apesar de haver uma maior queda para a naturalidade, pele sem manchas e brilhos é sempre uma prioridade.
Relativamente aos cabelos, a retórica mantém-se: optar sempre pela simplicidade para não desviar a atenção daquilo que realmente importa e para estar adaptado ao contexto.
Se, desde que existem filmes, sempre vimos aparecer tendências ou inspirações que levavam ao mesmo fim, desde que existe telejornal foi-nos mostrado aquilo que é estar apresentável. Contudo, embora os canais de informação sempre tenham perpetuado o mesmo tipo de imagem, começa gradualmente a alargar-se o leque, a apostar na diversidade e no gosto de cada um.
“A televisão tem feito um esforço para mudar. Já se vão assumindo cabelos diferentes. O pivot Cláudio França, da SIC Notícias, usa 'rastas', e a Conceição Queiroz, da TVI, usa afro. Com o tempo tem-se mudado muito e ainda bem”, remata a cabeleireira da SIC, Liliana Martins. Quando os olhos não se fecham, abrem-se novas realidades.
Certo é que quando se trabalha em equipa e há um casamento entre o guarda-roupa e o cabelo, e ainda se conjuga o gosto da pivot com o da maquilhadora, é meio caminho andado para um bom resultado final, como frisaram as maquilhadoras de ambas as estações televisivas. Dentro da informação também há espaço para a Beleza e as nossas pivots provam-no.
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