A notícia e o convite estava no meio de um daqueles dias em que a inbox parece uma barragem descontrolada. As palavras "mega novidade - Miranda" e "Drunk Elephant" (adequadamente a cor-de-rosa) chamaram-me a atenção. Blá, blá, blá e... "o quê? Se eu queria entrevistar Tiffany Masterson, a fundadora e Chief Creative Officer da Drunk Elephant e se nós queríamos ser o primeiro meio a publicar"... MAS COMO NÃO?
Seguiu-se a resposta mais rápida à sugestão de uma publicação e, meses mais tarde, aqui estamos. Tenho guardado este segredo na almofada (e em cima da bancada do toucador, já lá vamos) desde dezembro. Conseguem imaginar o difícil que foi guardá-lo? Eu sei que as beauty-girls conseguem.
Se nunca ouviram falar da Drunk Elephant, faço-vos o resumo: é das marcas mais xuxu, de culto ou "queridinhas", du jour! Fundada por uma mãe-igual-a-outras-tantas, a DE tornou-se viral no rosto e, claro, nas redes sociais, pela sua abordagem séria mas simples, segura e eficaz, e tão colorida (bota colorida nisso!), que já estamos a sorrir só de ver as embalagens.
Claro que aqui a vossa amiga, sempre desconfiada de tudo o que parece "too good to be true", estava muito curiosa para o necessário test-drive de produtos, de forma a poder comprovar, in vivo, a razão de tanto alarido. Tenho a pele com tendência a sensível e os olhos ainda mais. E uma marca com ingredientes como a Vitamina C e o ácido glicólico, a dizer que não sensibiliza o rosto... bem, só usar para crer.
Fiz um teste bem intensivo, com a utilização exclusiva de uma rotina completa por mais de duas semanas (hey, sim, isso é muito para quem tem uma fila de produtos a cair das prateleiras, a chamar por mim todos os dias) e posso dizer que, no intervalo das outras marcas favoritas e/ou que tenho em teste, a DE tornou-se especial para mim e para a minha pele: penso que vai entrar na categoria (bem fechada) daquelas que "compraria se deixasse de ser editora de beleza".
Adiante, que o que vocês querem já eu sei: é saber mais sobre a marca — disponível a partir de dia 21 de março na Sephora online e pontos de venda físicos — e sobre os segredos que a sua fundadora partilhou comigo.
Como era a sua vida antes de criar a Drunk Elephant? O que estudou e que tipo de trabalho fazia?
Estudei na universidade do Texas, em Austin, depois de me formar mudei novamente para Houston (e pelo meio passei um tempo em Los Angeles), saltitei entre várias indústrias, como o entretenimento, a moda e até o software mas, na realidade, o que eu queria era assentar e ter filhos.
Qual foi o primeiro produto Drunk Elephant lançado?
Lancei seis produtos ao mesmo tempo porque queria uma rotina completa que fosse livre dos “Suspicious Six” [os “6 suspeitos”]. Os primeiros produtos foram os Juju Bar, Pekee Bar, C-Firma Day Serum, Umbra Sheer SPF 30, Virgin Marula Luxury Facial Oil e o TLC Framboos Glycolic Serum. Orgulho-me de dizer que todos estes produtos ainda estão disponíveis hoje. Melhorámos a fórmula do C-Firma no ano passado [2021], separando o ácido l-ascórbico em forma de pó, para garantirmos que os clientes têm sempre a mais fresca e poderosa dose de Vitamina C. As redes sociais da minha marca são uma das formas mais importantes para manter o contacto com o meu consumidor. Adoro críticas construtivas e aprendo muito com isso. Por essa razão, ver-me-ão muito a fazer pequenas alterações e a mexer “aqui e ali”.
Quais são os passos de skincare – não negociáveis – que toda a gente deveria seguir?
Para beneficiar da minha filosofia e evitar os “6 Suspeitos”, só precisa de algumas cosas: um produto de limpeza, um hidratante, claro, e uma proteção solar.
É um marco importantíssimo, o Grupo Shiseido ter comprado uma marca tão jovem. Há alguma coisa que teria feito de forma diferente no início ou nalgum momento da história da marca?
Obrigada! Tem sido um percurso incrível e, apesar de ter cometido alguns erros pelo caminho, acho que não faria nada de diferente. Ainda me surpreende que uma mãe empreendedora de Houston, autodidata, com zero experiência na indústria da Beleza, pudesse criar e lançar uma linha de cosméticos que seria adquirida e se tornaria global tão depressa. Moral da história: qualquer pessoa pode alcançar o seu sonho mais selvagem, com suficiente determinação, convicção, disciplina e trabalho árduo. Sinto-me humilde, orgulhosa e agradecida, porque tudo poderia terminar amanhã e acordo todos os dias com o compromisso no meu coração de continuar a trabalhar o mais possível e tanto quanto no primeiro dia. Nunca tomo sequer um segundo na vida por garantido.
Tive de aprender as minhas lições da forma mais dura mas, vir de fora da indústria teve as suas vantagens, no que me diz respeito. Desde o início que tive a minha filosofia e abordagens únicas e ainda evito olhar para o que as outras marcas estão a fazer, para não ser influenciada por tendências e para continuar na minha rota.
Toda a gente tem curiosidade de saber segredos de beleza, mas também gostávamos de saber qual foi a sua compra “eu mereço isto!” (de beleza ou bem-estar), depois da aquisição por parte do Grupo Shiseido.
Comprei uma obra de arte com que sonhava, de um artista que eu admiro há muito tempo. É luminoso e feliz e está pendurado na minha sala de estar.
O que mudou no seu papel na Drunk Elephant desde a aquisição da marca?
Não mudou quase nada! É “business as usual”, com muito mais acesso a inovação, que nos vai permitir melhorar formulações futuras e ter acesso a packaging e inovações mais sustentáveis. Podemos expandir-nos globalmente e entregar produtos a ainda mais mercados que têm estado a pedir a nossa marca, de forma mais eficiente. Estamos muito satisfeitos e entusiasmados com a decisão e foi um passo muito natural no seguimento desta marca.
Consideraria aventurar-se na categoria de maquilhagem se pudesse deixar os “6 Suspeitos” de fora e ainda incluir os benefícios de tratamento de pele?
É uma ideia interessante e há, sem dúvida, uma procura de cor ao estilo da Drunk Elephant. Temos a mente aberta e, se o pudermos fazer da nossa maneira e entregar algo que valha a pena, então fá-lo-emos. Terá de fazer sentido com a nossa marca e tem de ser bom para a pele. Veremos!
A pandemia trouxe mais consciência aos cuidados de pele. Que produtos em específico começaram a vender mais ou a ficar mais populares nesta altura?
Lançámos produtos na categoria de cabelo e corpo, pela primeira vez em 2020, e penso que as pessoas estavam entusiasmadas por terem produtos de cuidados, da cabeça aos pés, por isso foi uma coisa que correu bem. Penso que a pandemia ajudou a impulsionar a tendência do self-care enquanto as pessoas estavam em casa.
Que conselho daria a pessoas que sonham em criar a sua própria marca de skincare?
Não olhar à volta, mas antes tentar operar a partir da sua perspetiva e instintos. Sendo consumidora e vivendo nos meus sapatos, foi o que me guiou. Penso que, se soubesse demasiado sobre a indústria da beleza e a sua forma de fazer coisas, eu teria sido apenas mais uma entre elas. Aprendi por mim própria e sabia que, se não funcionasse, então não era um espaço onde seria suposto eu estar. Fiquem na vossa rota e não deixem que os outros vos convençam a sair da vossa visão. Toda a gente tem uma opinião e isso é normal, mas precisamos de nos manter em linha com a nossa estratégia e ouvir o nosso instinto. Só porque alguma coisa não foi feita antes, não significa que não possa ser feito agora.
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