A Beleza pode ser um universo entusiasmante, e as novidades constantes perpetuam esse desejo de querer testar e experimentar. Mas nem sempre somos um match perfeito dos produtos: ora há ingredientes que não podem ser combinados entre eles, ora não são os produtos certos para o nosso tipo de pele, ora simplesmente estamos a usar demasiados produtos ao mesmo tempo.
Ter uma reacção alérgica na pele pode acontecer e pode ser verdadeiramente assustador, sobretudo se não soubermos o que fazer. Foi por isso que perguntámos a Pedro Mendes Bastos, dermatologista no Centro de Dermatologia do Hospital CUF Descobertas, em Lisboa, sobre a forma certa de lidar com o assunto.
1. Parar de usar o produto
Parece óbvio, mas é o primeiro passo a tomar. "Se identificarmos que determinada reação tem uma relação temporal com a aplicação de um produto, devemos de imediato suspender a sua utilização", explica o dermatologista. "Na era dos smartphones, poderá ser útil fotografar a reação cutânea em questão bem como a composição do produto, como a lista de ingredientes", acrescenta.
2. Limpar a área
"Perante uma reação a um produto tópico, é aconselhável suspender a sua aplicação e proceder a uma correta higiene da pele afetada de uma forma suave e tentar contornar a situação recorrendo a um produto hidratante que seja o mais simples possível: sem perfumes e com o mínimo de ingredientes possível", avisa o dermatologista, que alerta também para o facto de, ocasionalmente, poder "ser necessária a utlização de medicação, quer tópica (de aplicação na pele), quer oral".
3. Aplicar os produto certos
A vontade depois de uma reacção a um produto é, muitas vezes, a de não aplicar nada no rosto. Mas o segredo não está na abstinência de produtos, mas sim na criteriosa selecção a utilizar.
Esta escolha, diz o profissional de saúde, depende do tipo específico de reação que ocorrer, bem como do nosso tipo de pele: "a maioria das reações a produtos de Beleza podem ser categorizadas como irritativas; ou seja, dermatites de contacto irritativas ou eczemas irritativos: a pele pode tornar-se avermelhada, descamativa e com sensação de prurido. Outro tipo de reação, como a reação acneiforme (semelhante a acne, com borbulhas ou pontos negros), pode depender da formulação do produto. Em peles com tendência acneica, deve preferir-se produtos com maior percentagem de água e menor de lípidos; geles ou emulsões são preferíveis a cremes com texturas muito ricas. De um modo geral, devemos preferir produtos adequados ao nosso tipo de pele na sua formulação."
4. Consultar um dermatologista em casos recorrentes ou agudos
"Há situações que tornam a pele excessivamente sensível à maioria dos produtos, como a rosácea ou dermatite atópica, e, assim, podem necessitar de orientação na seleção de produtos de Beleza", explica Pedro Bastos. No entanto, se pequenas reacções exporádicas podem ser contornadas com os passos acima, há outras que exigem a consulta de um dermatologista.
"Na eventualidade de se verificar problemas de pele de forma recorrente ou crónica, com o mesmo ou com produtos diferentes, poderá ser necessário excluir uma dermatite de contacto alérgica", conta à Miranda.
"A alergia cutânea pode acontecer após anos de utilização de um produto, com geração de uma resposta imunitária contra determinado componente específico. Nestas situações, a fotografia dos componentes e uma amostra do creme «culpado» serão seguramente úteis na altura de realizar testes epicutâneos de contacto, o exame diagnóstico realizado por dermatologistas para estudar alergias de contacto (testes com adesivos nas costas). Por outro lado, se estivermos perante uma reação exuberante aguda com sinais de gravidade, é sempre aconselhado consultar um dermatologista para iniciar o melhor tratamento de forma atempada. A mensagem mais importante é: cada caso é um caso e a abordagem deve ser sempre personalizada de forma a encontrar a melhor opção para cada pessoa", conclui.
Comentários