As tesouras estavam a ganhar pó. As brocas precisavam de uma limpeza. E os secadores tinham saudades de trabalhar. O segundo confinamento, que durou dois meses, voltou a pôr em modo de pausa os salões de Beleza. Mas nesta segunda-feira, 15 de março, voltaram finalmente a abrir portas.

Na Miranda, passamos um "pente fino e "limamos todas as arestas" no antes, no durante e no depois deste confinamento 2.0, com Maria João Lourenço (Maria Lourenço Cabeleireiros), Sandra Luz (DEZ Studio) e Patrícia Costa (Jardim da Beleza) como protagonistas. 

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O primeiro confinamento, em 2020, que teve a duração de três meses, apanhou de surpresa os negócios de Beleza, que nunca tinham fechado portas nestas condições. Mas se há lição que aprenderam durante o tempo em que estiveram encerrados, foi a de que prevenir é melhor que remediar: “Fui-me preparando para outro eventual confinamento, apesar deste ter sido mais duro psicologicamente e a nível económico”, afirma Maria João Lourenço, fundadora da Maria João Lourenço Cabeleireiros. 

“Desde que regressámos do primeiro confinamento que toda a equipa estava focada em continuar e sedimentar o que já tínhamos, preparados para que, viesse o que viesse, íamos aguentar”, diz Sandra Luz, CEO do salão de manicure DEZ Studio.

Patrícia Costa, uma das fundadoras do salão Jardim da Beleza, revela terem sido “dias de angústia”, sem saber quando é que iam abrir. No entanto, e por já terem uma carteira fiel de clientes, conseguiram estar mais tranquilos e com uma atitude positiva. 

Dos inevitáveis prejuízos ao apoio das redes sociais 

Com os negócios parados e sem faturar, os prejuízos económicos (rendas acumuladas, IVA, segurança social e despesas fixas) voltaram a pôr em causa a sobrevivência dos salões. O que esteve lá para ajudar foi a tecnologia, mais precisamente as redes sociais: “As nossas redes foram, sem dúvida, um excelente apoio. Cada elemento da tribo DEZ foi contribuindo com conteúdos e videos”, revela Sandra Luz. Maria João Lourenço partilha do mesmo ponto de vista: “As redes sociais ajudaram-nos a estar próximos dos nossos clientes e a que a comunicação nunca se cortasse.” Através do Instagram ou do Facebook, o salão Jardim da Beleza conseguiu manter vivo o negócio de venda de produtos. “Criámos packs de confinamento, com pequenos descontos como forma de motivação. O dinheiro que fomos ganhando durante o confinamento foi uma mais-valia”, diz Patrícia Costa. 

Reconstruir, fazendo mais e melhor

Ultrapassado o confinamento 2.0, é preciso reconstruir o que foi destruído, olhando para o futuro, com os pés assentes no presente, sem esquecer o que o passado ensinou. Apesar da incerteza, trabalhar mais e melhor é palavra de ordem: “Temos que ser cuidadosos, ponderados, mas também dinâmicos, criativos e positivos”, refere Maria João Lourenço. “Trabalhar, dar o nosso melhor a cada cliente, manter a força e a união que define a nossa tribo”, remata Sandra Luz. Já Patrícia Costa afirma que a aposta vai centrar-se no online, numa continuação do que foi feito no período do confinamento: “O nosso objectivo é continuar a apostar nas vendas online, trazendo algumas novidades/parcerias possíveis. Vamos também iniciar algumas promoções em breve.” 

O medo e a incerteza continuam a assombrar a sobrevivência

Depois de terem enfrentado dois confinamentos no espaço de menos de um ano, há um medo generalizado de que a história se volte a repetir, misturado com um sentimento de injustiça: “Esperemos não ter de voltar a passar por outro confinamento. Consideramos injusto, pois não somos locais/focos de propagação do vírus, trabalhamos com segurança e apenas por marcação”, diz Patrícia Costa. “Espero que os Portugueses tenham responsabilidade para que possamos seguir em frente sem termos que fechar mais uma vez, porque se isso acontecer, ninguém vai recuperar dessa situação”, remata Maria João Lourenço. 

Ainda que a meio gás e de forma lenta, a Beleza abre portas com a certeza de que o futuro em plena pandemia de covid-19 se constrói em equipa e com as devidas precauções. “Esperamos poder continuar, sempre em segurança, e manter a qualidade, sem nunca esquecer a responsabilidade social.” conclui Sandra Luz.