Crescemos a ouvir frases feitas sobre os comportamentos que devemos de adotar consoante a idade. Que mulheres com mais de 40 anos não devem usar o cabelo comprido, que mini-saias, transparências, brilhos e lantejoulas devem ser deixadas para as jovens na flor da idade, ou que looks demasiado ousados devem ser postos de lado à medida que se envelhece, para se apostar em visuais seguros, em tonalidades de camel, preto, beges e brancos intemporais – clássicos confortáveis e sem qualquer ponta de risco, que revelam elegância e escolha acertada.
Nada contra estes tons e clássicos intemporais, atenção, mas questiono: por que motivo é que, à medida que vemos a idade a avançar cronologicamente, temos de deixar de lado a nossa essência só para cabermos dentro do rótulo que o resto da sociedade nos impõe, se isso não faz parte da nossa essência?
Felizmente, há mulheres que misturam todos os conceitos tidos como regra até ao momento e dão uma verdadeira prova de que, tenha-se a idade que se tiver, nunca é tarde para mostrar que o estilo próprio, esse sim, é intemporal e continua a marcar pontos.
Prova disso é a atriz francesa Philippine Leroy-Beaulieu, que aos 58 anos se tornou um ícone de bom gosto, classe e elegância, num papel que, inicialmente, tinha sido pensado e escrito para alguém muito mais novo, como é o caso de Sylvie, a exigente chefe da série da Netflix 'Emily in Paris'.
Philippine mostrou através de Sylvie, no ecrã e a toda a gente no geral, que uma mulher de 50, além de ter uma carreira profissional de sucesso, pode continuar a ser uma referência de moda e de sex appeal, como um direito básico. Ou que o estilo francês, polido, clássico com um twist (ou, direi, um ‘je ne sais quoi’), continua a ser uma referência de Moda e de Beleza em todo o mundo, mesmo quando se dá vida a uma personagem que tem tudo para ser detestável.
Ao contrário dos looks da atriz Lily Collins, que dividem opiniões e onde convive o mix de padrões, cores e texturas variadas, os da personagem Sylvie Grateau destacam-se pela unanimidade e consenso, mesmo que sejam carregados de cores mais densas e pouco suaves, como cinza, roxo, bordeaux ou verde-garrafa.
E a prova de que se pode ter 58 anos e quebrar as regras feitas sobre o que vestir consoante a idade, foi dada recentemente por Philippine ao apresentar-se na passadeira vermelha do desfile do criador Alexandre Mattiussi (AMI Paris) na Semana da Moda da capital francesa, com um vestido verde-escuro transparente, de mangas compridas, pondo o seu corpo de 58 anos a descoberto, com especial enfoque nos seios, rematando com acessórios strass e sandália.
Ninguém lhe ficou indiferente, pelos melhores motivos. Não só porque nos deu a todos uma lição de elegância, como no seu estilo effortless chic – algo em que as francesas são naturalmente pródigas – nos mostrou que as mulheres de 58 anos podem continuar a ser uma referência de moda, de bom gosto, de sexualidade e de atitude, desmistificando dogmas e estereótipos sobre a idade.
Oh la-la!
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