O touro desta história não é o meu cabeleireiro, mas antes o medo que senti quando percebi que o assunto era grave. Ainda não tinha 30 anos, ainda guardava memórias frescas do meu cabelo abaixo dos ombros, cheio de canudos, cheio de vitalidade.

Naquela altura estava a usar o único champô anti-caspa do mercado que havia eliminado de vez as escamas do couro cabeludo oriundas da minha dermatite seborreica, uma patologia da pele que me acompanha desde a adolescência e que me tem dado algumas dores de cabeça, sobretudo em picos de stress, tal como todas as doenças do foro dermatológico.

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Aquele champô era um milagre na minha vida e só o Miguel, o meu cabeleireiro, para me alertar para as evidências que eu não quis ver: “esse champô vai-te raspar o couro cabeludo de tal maneira que vais ficar sem cabelo” e “o que tu tens não é caspa, tens de tratar o cabelo com alguma coisa indicada para ti”.

Estas palavras sábias ficaram a ecoar-me nos ouvidos o resto da semana e bastava olhar-me ao espelho para confirmar que se não tomasse uma atitude, a atitude é que me ia tomar a mim e atirar-me para uma sarjeta! Qualquer champô anti-caspa é muito agressivo para ser usado todos os dias, mesmo tendo caspa. Havia que encontrar 'O' champô para a dermatite seborreica e conseguir alterná-lo com outro mais suave.

À procura d'O' champô

Por causa da agressividade dos champôs, também quis experimentar lavar a cabeça menos vezes por semana, mas isto não correu bem pois descobri que com a produção excessiva de sebo no couro cabeludo, criavam-se pequenas crostas que quando caíam traziam cabelo agarrado. A almofada tem sido uma grande aliada científica e muitas foram as manhãs em que a olhei e tive de ser confrontado com a dura realidade da queda de cabelo.

Sabendo que tinha de lavar o cabelo todos os dias, o próximo passo seria partir em busca do novo champô miraculoso

Comecei pelos anti-queda, abandonei os de supermercado e abracei os da farmácia, experimentei os nutritivos, tentei os mais suaves, passei pelos indicados para irritações e/ou anti-alérgicos, lavei também com loções para bebés até ao dia em que vi um champô novo com as siglas DS, de Dermatite Seborreica.

Era um champô novo no mercado e pertencia à mesma linha de outro produto que eu costumava usar quando tinha crises mais graves. E foi esse que me salvou e tenho usado até hoje. Já o usei todos os dias, já o usei dia-sim-dia-não; agora só o uso uma vez por semana como manutenção da minha saúde capilar.

Encontrado 'O' champô, o próximo passo foi descobrir alguma coisa que me devolvesse a vitalidade do cabelo, já que o mesmo estava fraco e muito fino. Foi quando comecei a tomar a suplementação à base de Biotina que reapareceu o brilho e a força de outrora. Mas continuava com falta de cabelo.

Chegou a vez da ajuda extra

Quando viajei a Paris com uma amiga, esta convenceu-me a usar Minoxidil, um produto que dilata os vasos sanguíneos e estimula o crescimento de mais cabelo. Em Paris, este produto era 3 vezes mais barato, portanto tinha mesmo de aproveitar a oportunidade.

Agora, por cá, já se encontram farmácias que o produzem em laboratório com a mesma composição e o preço é equiparável. Ao longo de todo este processo voltei várias vezes ao Miguel, que tem sido o meu Oráculo capilar, e na maior parte das vezes ouvia um muito dramático “isto está péssimo, Bruno”.

Alguns meses depois do Minoxidil, contudo, ouvi um esperançoso “Uau, estão a crescer cabelos novos!”. Consegui reaver mais cabelo ao usar produto todos os dias, de manhã e à noite, mas ainda não se compara com os tempos áureos dos canudos.

Para facilitar este tratamento optei por rapar o cabelo e entretanto introduzi o uso de escova antes dos apliques. Pode parecer ridículo pentear o meu cabelo rapado, mas a verdade é que estou a estimular o sangue no couro cabeludo cada vez que o faço. No fundo, ainda acredito que vou conquistar a farta cabeleira de outros tempos, apesar do Miguel me dizer que não.

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Continuo motivado na descoberta de novos produtos como o óleo de rícino, que foi referido por ele. Este óleo, que uso, além de hidratar, tem o poder de acalmar, mas acima de tudo, sinto que tem fortalecido e engrossado os fios de cabelo. Sendo um óleo muito denso, só o uso nas primeiras semanas após rapar a cabeça.

Já deu para perceber que nunca vou aceitar ser careca? Não enquanto tiver um cabeleireiro de cabelo abaixo dos ombros, cheio de canudos, cheio de vitalidade. O Miguel corta o cabelo no Toni and Guy da Rua do Alecrim em Lisboa e não patrocinou esta crónica.

Bruno Reis, colaborador da Miranda, é o fundador e director criativo da Teeorema, marca de luxo de t-shirts.