Elevação espiritual nunca foi nada que almejasse. Ser melhor pessoa até é algo que faz parte da minha lista de “coisas a fazer nesta vida”, mas nunca olhei para o yoga como um meio para o conseguir. Quando iniciei esta rotina, incentivou-me o condicionamento físico, o bem-estar e o aspecto jovem que estrelas como Madonna ou Sting ostentavam nas revistas. Era grande a curiosidade em torno de algo que também era esquisito, exótico e excêntrico.

Tive a sorte de ter experimentado um yoga bastante completo e forte. Mexeu com o meu corpo de uma maneira estimulante. Nunca tinha sido bem sucedido nas aulas de educação física e ver-me a realizar aqueles exercícios foi entusiasmante. Tive logo a esperança de vir a ter um corpo de modelo, tal era o bom aspecto físico do professor.

Para alguém que queria viver das artes do espectáculo onde a boa aparência é um trunfo, era o complemento de anti-ageing perfeito.

Só não esperava que a filosofia e a história por detrás deste método me fizessem tornar professor. Foram 12 anos em rejuvenescimento, em que esculpi um novo corpo e em que também mudei a alimentação para uma dieta vegetariana. Ainda me tornei mais focado e produtivo. Ah, sim, também me tornei um melhor ser humano.

Respiração

As técnicas respiratórias que aprendi desintoxicam e hiper-oxigenam, acelerando a regeneração celular de todo o corpo (e quem diz corpo, diz pele); outras técnicas abrandam o ritmo respiratório de forma a que todo o organismo processe lentamente todo esse oxigénio. Com o tempo, após tanto treino pulmonar e torácico, a capacidade respiratória aumenta e cada fôlego permite processar cada vez mais oxigénio.

Há um ensinamento hindu que nos diz que cada ser humano tem um determinado número de fôlegos para usar durante a vida.

É por isso que a respiração de alguém que está próximo de morrer é muito ofegante e acelerada.

Aprendi no yoga como respirar melhor, mesmo em situações de stress ou de esforço físico, pois é sempre nestes momentos que a respiração acelera. Posso dizer que já tenho guardados uns quantos fôlegos para usar na posterioridade.

Posições

Por falar em esforço físico, o que o yoga me ensinou sobre educação física foi um refresco na minha vida. Aprendi que todas as posições devem ser confortáveis, não invalidando que não nos possamos esforçar. E bastou isto para mergulhar mais profundamente em mim e estar atento a cada pequeno detalhe do que se passa essencialmente nos meus músculos e na minha respiração e de como ambos estão intimamente ligados e se influenciam.
Nestas posições trabalha-se a permanência, ou seja, procura-se ficar o maior tempo possível e em conforto. É a partir daqui que se começa a falar de superação, já que vamos descobrindo qual é o nosso limite. Pessoalmente, sentia-me viciado naquela sensação de todos os dias conseguir ir um pouco mais além e, mesmo não indo, já era óptima aquela sensação de imersão em mim, na maneira como estava a respirar, na temperatura corporal, nos tremores, nos músculos que cediam.

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Fazendo uma análise mais introspectiva, fazer aquilo funcionava emocionalmente como um treino para todas as adversidades diárias. E ainda funciona. Basta uma sessão combinada de técnicas de força, de equilíbrio e de flexibilidade para me sentir como se estivesse a abrir um desfile de Victoria's Secret.

A invertida

A rainha de todas as posições é também a mais simples (e talvez também a mais desafiante): a invertida.

Uma pessoa não imagina a quantidade de maravilhas que esta posição traz só porque vai irrigar todos os órgãos nobres, que se concentram na parte superior do corpo; a quantidade de sangue renovado que vai preencher a pele do rosto e diminuir as rugas, o músculo do coração que vai poder descansar por se inverter a força da gravidade, o alívio entre as vértebras; o revigoramento do cérebro e das faculdades intelectuais...

Invertida. Há quem diga que a invertida é a técnica de yoga mais completa por excelência. Para além de treinar o equilíbrio, está a colocar o corpo numa posição que faz com que o sangue se concentre onde estão situados todos os órgãos nobres do corpo. Existe um sem número de benefícios associados a esta posição que poderá sentir ao fazê-la e que são potencializados a longo prazo se a executar todos os dias.

Bastam alguns exercícios respiratórios e umas quantas posições físicas realizadas com determinação para desenvolver a mente no que diz respeito a foco e produtividade. Competitivo como sempre fui, contar com esta ferramenta numa altura em que poucos a praticavam fazia-me sentir a anos-luz do resto da humanidade. Lembram-se daquele estágio evolutivo do Sandoku* quando ficava com o cabelo amarelo? Era assim que eu me sentia.

Podia ainda contar com um manancial de muitas mais técnicas que me iriam permitir aprimorar a concentração e até desenvolver o meu lado mais intuitivo, chegando a partes do meu cérebro que nunca antes haviam sido estimuladas.

Ao fim de 12 anos a ensinar esta arte, tive de sucumbir a um chamamento maior na minha vida e fazer acontecer a Teeorema.

Hoje, a dedicação e o tempo que reservo a esta actividade diminuiu e já dei comigo a pensar se as rugas que descobri recentemente e se a nova textura da pele não serão efeitos da falta de prática.

É o preço que tive de pagar por ter preferido a realização pessoal à pregação da fonte da juventude. Nunca se pode ter tudo. Mas como sou generoso, e ainda sei muita coisa, partilharei aqui alguns dos meus segredos para uma juventude longa e sadia. Se gostarem, leiam “Um chá, torradas e yoga”, da minha autoria, e dicas simples não irão faltar-vos.

* Protagonista de série de animação japonesa

Bruno Reis, colaborador da Miranda, é o fundador e director criativo da Teeorema, marca de luxo de t-shirts.

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