Patanjali fala-nos de oito Pilares Fundamentais para viver de acordo com a filosofia Yoga. Percorrendo a analogia da árvore explorada por B.K.S Iyengar, iniciámos esta viagem pelos Pilares do Yoga nas raízes (Yamas), subimos ao tronco com os Niyamas, a partir do qual estendemos os ramos - Asanas, a parte mais conhecida e mais visível do Yoga. Dos ramos revelam-se as folhas (Pranayama) e, ainda na parte visível da árvore, falámos também de Pratyahara, a casca que protege do “ruído” externo.

Hoje vamos mergulhar numa parte mais intrínseca da árvore, os três últimos pilares fundamentais do Yoga: Dharana, Dhyana e Samadhi.

#AlmaYogi: os 8 pilares do Yoga (parte 1) – Yama
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Partindo de Pratyahara (de que falámos no mês passado) e livres das distrações externas, abrimo-nos a um estado de concentração focada. Em Dharana, primeiro passo em direção à meditação, aprendemos a acalmar as flutuações da mente, focando a nossa atenção num único ponto ou experiência, como o corpo, a respiração, a visualização, um objeto ou um mantra. Um exemplo de prática de Dharana é a experiência de contemplar uma vela a arder, conhecida como 'tratika kriyall', em que o praticante foca a sua atenção no movimento da chama, ao mesmo tempo que toma consciência do fluir de todos os pensamentos, sensações e sentimentos, simplesmente observando-os. O objetivo de Dharana é trabalhar o músculo do foco e da concentração objetiva. É este pilar que nos permite manter mente-corpo firme.

Dhyana, flor de toda a consciência, é o 7º pilar e consiste na “absorção meditativa”. É uma concentração sustentada, cultivada através de uma prática consistente, chegando a um ponto em que eventualmente transita para um fluxo sem esforço. Dharana transforma-se em Dhyana à medida que nos tornamos unos em mente-corpo-respiração, um estado de consciência em que observador e observado, sujeito e objeto, pensamento e pensador, se dissolvem num só.

#AlmaYogi: os 8 pilares do Yoga (parte 2) – Niyamas
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Apesar de Concentração (Dharana) e Meditação (Dhyana) poderem parecer a mesma coisa, existe uma ténue linha que distingue estes dois estágios. Se em Dharana praticamos uma atenção unidirecionada, Dhyana é, em última instância, um estar profundamente consciente sem foco, em que a mente se encontra num estado de quietude, produzindo poucos ou nenhum pensamento. Embora possa parecer difícil alcançar este estado, é importante não esquecer que o caminho do yoga é isso mesmo, um caminho. E mesmo não alcançando o estado “ideal”, continuamos a beneficiar de cada passo e cada etapa do processo.

Samadhi, a total auto-realização! Patanjali descreve este 8º e último pilar do Yoga como um estado de êxtase. Muitos atribuem a Samadhi o estado de total felicidade ou iluminação. Se desconstruirmos a palavra em sânscrito, vemos que é composta por duas palavras: 'sama', que significa igual, e 'dhi', que significa ver. Esta capacidade de “ver igualmente” e sem perturbação da mente, sem que a experiência seja condicionada por fatores externos, sem julgamentos ou apegos… isso é felicidade.

#AlmaYogi: os 8 pilares do Yoga (parte 3) – Asana, Pranayama e Pratyahara
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Samadhi é uma absorção na experiência da consciência suprema e é o resultado da prática continuada no estado meditativo. Muito embora não seja um estado que possamos alcançar de forma permanente, o próprio processo em direção a este estado, através de todos os estágios anteriores, já é um caminho de maior consciência, paz e felicidade. No fundo, descreve Patanjali como a conclusão do caminho yogi, é o que todos os seres aspiram: paz.

Como conclusão e representação de tudo o que temos vindo a falar, recorrendo nomeadamente à metáfora da árvore para os Oito Pilares do Yoga, deixo-vos uma bonita imagem que sistematiza todo este ensinamento.

#AlmaYogi: os 8 pilares do Yoga (parte 4) – Dharana, Dhyana e Samadhi
Os Oito Pilares do Yoga
Sara Sá estudou Comunicação Social, mas especializou-se em Relações Públicas e trabalhou 15 anos como tal. A paixão pelo Yoga levou a melhor e, deixando o emprego e vendendo tudo o que tinha, abriu no Porto o MANNA, um espaço onde partilha, com quem por lá passa, a sua filosofia de vida.