Um artigo sobre 'primers', à partida, pode ser um grande turn off para qualquer querida leitora, mas espero até espevitar essa experiência de leitura ao introduzir o ângulo de vista do homem, que apenas deseja a pele do rosto com um aspecto mais saudável, sem cuidados excessivos, effortlessly healthy! E quem não, não é?
Ultimamente, e obrigado Miranda por isso, ando determinado em, por todos os meios possíveis, ter a pele de sonho! Achei, na minha inocência de principiante, que para tal bastaria focar-me na diligência do skincare com os produtos certos. Não digo que tal não tenha dado resultados, porque deu: tive um merecido upgrade, mas faltava-me algo mais. E a minha criatividade, que muito me orgulha a sua alta performance, deu-me umas quantas ideias pioneiras para pensar um pouco mais além: e se?…
E se, em vez de usar base para ter uma pele com uma tonalidade mais uniforme, usasse um protector solar com cor? E se as manchas mais localizadas, pudesse disfarçá-las com alguma coisa? Já abordei esta questão neste artigo. E agora, que usamos sempre máscara e não a queremos sujar, como fazer para ter uma pele impecável durante todo o dia, sem brilhos desnecessários? Mesmo na era Pré-Covid, esta já era uma questão bastante frequente junto do público masculino e ainda junto das mulheres com pele mista ou oleosa: primer, meus amores!
O primer é maquilhagem, mas também não é maquilhagem. Não é bem skincare. É um artifício, chamemos-lhe assim. A sua função primordial é preparar a pele para que a maquilhagem tenha maior durabilidade. Ele fecha os poros — ou tapa-os — eliminando a textura irregular. É como se uma folha de papel passasse a ser uma folha de plástico. Mas mate. Isto, visto noutro prisma, é como aplicar um filtro no Instagram. Por isso, deixo a dica: se também quiserem viver no mundo real, façam do primer o vosso melhor amigo.
Eu dei a cara ao manifesto e experimentei cinco primers diferentes. Fica aqui o testemunho.
Porefessional, da Benefit
Para a primeira experiência, não quis investir muito. Apesar do rótulo nada convidativo (quem é pelo minimalismo, levante o braço!), pela módica quantia de € 15,90 (tamanho de viagem), pude experimentar o que é um primer pela primeira vez na vida. A consistência de um creme mate beige cor-de-pele (a.k.a. nude) permite-me tê-lo na ponta do dedo e passar com precisão onde pretendo.
Adorei a textura com que a pele fica imediatamente depois. E se passarmos os dedos levemente no rosto, sentimos o toque suave e acetinado.
High-Spreadability Fluid, da The Ordinary
Passada uma semana, aventurei-me noutro primer. Por ser de uma marca que tanto estimo, tinha mesmo de o experimentar e, ainda mais, pelas reações positivas que já me tinham chegado. O primer High-Spreadability Fluid da The Ordinary supreendeu-me imediatamente pela textura líquida que o torna (como o próprio nome indica) muito mais fácil de espalhar. Aplico-o com a mesma facilidade que aplico um serum, o que faz o acabamento ainda mais delicado.
Estive durante duas semanas seguidas a usar estes dois e o inevitável aconteceu. Já me tinham alertado para o facto deste tipo de produtos ter silicones na sua composição (não deixando a pele respirar), e que, até por isso, seria importante lavar bem a cara de noite, para que não sobrasse qualquer resto de produto. Mas, mesmo assim, as borbulhas apareceram. Tive de fazer uma pausa para recuperar a pele e rever a estratégia. Talvez devesse dar uma oportunidade aos primers sem silicone. Apesar de mais caros, poderiam talvez valer o investimento.
Primer Shine Control, da Makeup Forever
A Makeup Forever tem uma coleção de primers com diferentes finalidades. Um para hidratar, um para corrigir a cor avermelhada, outro para fechar os poros e outro para controlar o brilho. Decidi-me por este. E foi um desastre. A pele ficou de tal maneira seca, que sempre que fazia expressões mais carregadas, sentia a pele a esticar e as rugas a ficarem marcadas. Durou só esse dia a experiência, o que foi uma pena, pois até tinha gostado do packaging cinzento.
Beauty Amplifier, da Sephora Collection
Deste, trouxe apenas uma amostra. Adorei imediatamente a textura em gel, que me fazia lembrar o primer da The Ordinary, embora mais denso. Experimentei-o durante três dias (a amostra não deu para mais), mas foi o suficiente para me deixar satisfeito…
… satisfeito até ter descoberto que, afinal, os queridos têm silicone na sua base. Se o tivesse usado durante mais dias, provavelmente teria provado de novo o doce sabor das erupções cutâneas. Depois disto, não voltarei a confiar tão cegamente nos assistente de lojas de cosmética.
L’Essentiel, da Guerlain
O L’Essentiel da Guerlain não só é livre de silicones, como 97% dos seus ingredientes são naturais. O frasco é uma obra de arte do designer Mathieu Lehanneur e a textura do produto é bastante líquida e leve, fundindo-se com a pele. Tão líquida e tão leve, que deixou no rosto o acabamento mais natural de todos, e sem brilhos, durante o resto do dia. Se me fosse maquilhar a seguir, tenho a certeza que, de todos, este seria a melhor opção e estarei sempre seguro se o quiser usar diariamente.
Em resumo...
Não consigo, no entanto, esquecer a sensação do High-Spreadability Fluid na minha pele. Espero ter a oportunidade de o revisitar em ocasiões especiais. Embora com estes amigos seja preciso ter cuidado, não queremos incitar relações tóxicas…
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