
“Prove de tudo, não coma de nada” é uma das dicas do nutricionista que me está a acompanhar neste desafio, o Dr. Pedro Queiroz, no seu diário alimentar, que podemos e devemos preencher durante desafios como este, em que procuramos um compromisso de longa data com o bem-estar e a alimentação.
Mas, comigo, é difícil. Passo a exemplificar: depois de duas semanas e meia de compromisso exclusivo com a dieta e num dia de trabalho fora de casa, consegui fazer as melhores opções no jantar de equipa – a saber: salada, carne, água com gás.
Chegada ao quarto para dormir, havia um daqueles pratos de bolos de três andares. Em cima, um sponge cake de limão; no meio, uma tarte de amêndoa; no de baixo, uns palitos de alfarroba. Já os tinha visto várias vezes nesse dia e ignorei-os. Mas, pelas 22h30, a fome apertou enquanto via uma série deitada na cama e pensei: provar tudo, não comer nada...
Escusado será dizer que não só provei, como comi todos. Ainda que me tenha levantado 3 ou 4 vezes para os ir buscar, um a um...
Conhecer os nossos mecanismos ajuda a manter o foco
Ou seja: nem tudo funciona com toda a gente. No meu caso, que sempre fui de alguns excessos, funciona melhor comer ou não comer de todo. Porque, quando provo, tenho dificuldade em resistir a exagerar – e acabo a comer o pacote todo.
É por isso que fazer marmitas e preparar refeições ajuda imenso a manter o foco. Reduz as tentações e os excessos. Nada como ter consciência dos nossos próprios mecanismos para os trabalhar a nosso favor.
Neste momento, o meu objetivo é claro: recuperar a forma.
Perimenopausa: o que sabemos e o que ainda não é falado
Penso que também é uma boa altura para explicar a palavra menopausa. Na verdade, usamos o termo para todo o período antes e depois, mas ele refere-se apenas a um dia.
Quando estiver há 12 meses sem menstruação, é menopausa. Antes disso, falamos de perimenopausa. Depois, de pós-menopausa.
A perimenopausa pode começar pelos 40 anos e durar até 10 anos. Sim, leu bem. É marcada por flutuações hormonais:
Diminuição de estrogénio e progesterona.
Aumento do cortisol (olá, mudanças de humor).
Diminuição da melatonina (adeus, boas noites de sono).
Na pós-menopausa, com a paragem da produção hormonal, pode avaliar-se a opção de terapia de substituição hormonal.
No meu caso, sabia que estava a entrar na perimenopausa. Sempre tive um ciclo de relógio suíço, de 28 dias, e, de repente, estava meses sem menstruar e, noutros, acontecia três vezes.
Fiz análises hormonais, mas o meu médico da altura não valorizou os sintomas e dispensou os meus receios. Mas, antes dos resultados em papel, nós temos sintomas físicos, e os meus estavam mais do que evidentes.
Rir e refletir sobre tudo isto no teatro
Para me animar, resolvi ir ao teatro ver a peça da Cláudia Raia, Menopausa, que esteve em cena no teatro Tivoli em Lisboa.
A atriz, eternizada como Tancinha na novela Sassaricando, dos finais dos anos 80 (quem está na perimenopausa talvez se lembre), interpreta várias mulheres nessa fase. O marido e parceiro de palco, Jarbas Homem de Mello, ajuda na representação dos desafios destes anos.
A peça é simplesmente maravilhosa – e faz-nos refletir. Registei com gosto que cerca de 15% da plateia era masculina, o que mostra que começamos a falar sobre isto com mais abertura.
No final, Cláudia e Jarbas sobem ao palco para uma conversa com o público, trazem exemplos, escutam, falam com humor e sem pudores sobre o último dos tabus:
Afinal, a menopausa é um fim ou uma oportunidade?
Eu voto na segunda opção – ainda temos muitos anos pela frente.
Consciência coletiva e aliadas inesperadas
Lembram-se que, na semana passada, falei sobre como era positivo partilhar o desafio? Falo aqui na Miranda, e também com quem me rodeia. Um dos melhores exemplos aconteceu num dia particularmente stressante no trabalho.
Desci a correr ao refeitório para almoçar com parte da equipa. Tinha 15 minutos para comer, até escolhi bem: cavala com legumes. Comecei a comer, quando ouço:
— “Rita, pára! Estás a comer super depressa. Não enchas tanto o garfo, respira entre as garfadas!”
Não, não era o nutricionista a perseguir-me – era a minha colega, a quem eu tinha contado as dicas para comer devagar.
Haja consciência coletiva para ajudar nos resultados. Obrigada, Patrícia.
Rita Machado sempre teve a comunicação como eixo central – no jornalismo, em agência e na estratégia para clientes. Gosta de conectar pessoas e criar conteúdos. Foi mãe tarde, depois de muitos anos a viajar e divertir-se. Agora, com mais de 50 e na perimenopausa, enfrenta outro grande desafio. Como na maternidade, nunca mais se é a mesma. Mas não baixa os braços: quer envelhecer bem, manter o corpo funcional e aproveitar esta fase da melhor forma.
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