
Somos mulheres. Somos complexas. E sim, temos um útero que incha e desincha todos os meses! O nosso corpo está em constante movimento, adaptando-se ao ciclo hormonal, à alimentação, ao stress e até ao descanso que damos (ou não) a nós mesmas. Algumas oscilações no peso e no formato da barriga são normais e naturais. O problema não é o inchaço ocasional – é quando ele se torna crónico e desconfortável.
Se sente que a sua barriga está frequentemente inchada, pode ser um sinal de desequilíbrio digestivo, inflamação ou até retenção de líquidos. Pequenas mudanças na alimentação, reduzir o stress e respeitar o seu ciclo podem fazer toda a diferença. Em vez de lutar contra o seu corpo, aprenda a ouvir o que ele tem para dizer. Porque a verdadeira beleza não está na perfeição, mas sim no equilíbrio e no respeito por quem somos – com ou sem barriga inchada.
Os factos
Já sentiu aquela sensação de inchaço que aparece do nada, esteja menstruada ou não? Parece que a sua barriga tem vontade própria? Pois é, não está sozinha. Muitas pessoas passam por isso, e a boa notícia é que há soluções. Em vez de apenas mascararmos os sintomas ou procurarmos soluções rápidas, precisamos de ouvir o nosso corpo, entender as suas mensagens e agir com inteligência. Vamos aos pontos mais importantes:
- O seu sistema digestivo precisa de suporte: Se não está a produzir enzimas digestivas suficientes ou tem baixa produção de ácido gástrico, a digestão torna-se ineficaz, levando à fermentação dos alimentos e ao inchaço.
- O intestino está fora de equilíbrio: O microbioma intestinal é como um ecossistema. Quando há um crescimento excessivo de bactérias indesejáveis, surgem gases e desconforto.
- Os alimentos certos para uns não são para todos: Sensibilidades ao glúten, lactose e FODMAPs podem desencadear inflamação e inchaço abdominal. Aqui ficam alguns dos inimigos para algumas pessoas:
Frutas: Maçã, pêra, melancia, manga, cereja, ameixa, pêssego
Vegetais: Alho, cebola, couve-flor, brócolos, espargos, beterraba
Leguminosas: Feijão, grão-de-bico, lentilhas, ervilhas
Laticínios: Leite de vaca, queijo fresco, iogurte, natas
Cereais e grãos: Trigo, centeio, cevada, pão branco, massas comuns
Adoçantes: Mel, xilitol, sorbitol, manitol, frutose concentrada
- Os açúcares podem ser vilões disfarçados: Açúcares e hidratos de carbono refinados alimentam bactérias e leveduras que promovem a fermentação intestinal.
- As hormonas também têm algo a dizer: Desequilíbrios hormonais, comuns na tensão pré-menstrual e menopausa, podem aumentar a retenção de líquidos e causar distensão abdominal.
- O stress está a mudar o funcionamento do seu intestino: O seu intestino e o seu cérebro comunicam constantemente. Quando está ansiosa ou sob pressão, a digestão pode tornar-se mais lenta e desordenada.
- Podem existir infeções escondidas: Infeções bacterianas como a Helicobacter pylori ou o supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO) são causas frequentes de inchaço persistente.
- A água e a fibra são as suas aliadas: Quando não bebe água suficiente ou não ingere fibra adequada, o trânsito intestinal fica mais lento, causando obstipação e inchaço.
"Pequenas mudanças na alimentação, reduzir o stress e respeitar o seu ciclo podem fazer toda a diferença." Dra Andreia de Almeida
Vamos às soluções práticas e simples: o que pode fazer para reduzir a barriga inchada
1. Reajuste a sua alimentação
- Reduza os alimentos inflamatórios como glúten, lactose e açúcares refinados.
- Adicione alimentos ricos em enzimas digestivas, como ananás e papaia.
- Aposte nas fibras solúveis (linhaça, sementes de chia, vegetais verdes).
- Prefira proteínas de digestão fácil, como peixe, ovos e frango biológico.
2. Invista na suplementação certa
- Enzimas digestivas ajudam a decompor os alimentos corretamente.
- Probióticos restauram a flora intestinal saudável.
- Glutamina fortalece a barreira intestinal (existe em cápsulas ou em pó).
- Magnésio melhora o trânsito intestinal e combate a obstipação (se tem tendência para prisão de ventre, opte pelo citrato de magnésio).
- Carvão ativado pode aliviar episódios agudos de gases.
3. Hidrate-se e cuide da sua rotina intestinal
- Beba pelo menos 2 litros de água diariamente.
- Evite beber líquidos nas refeições para não diluir os sucos gástricos.
- Crie uma rotina para evacuar regularmente.
4. Reduza o stress e cuide do seu bem-estar
- Pratique mindfulness ou meditação.
- Faça exercício regularmente, seja uma caminhada ou uma aula de ioga.
- Priorize o sono reparador para equilibrar o eixo intestino-cérebro.
5. Se o problema persistir, faça testes funcionais
Se as mudanças no estilo de vida não tiverem impacto, significa que pode haver desequilíbrios hormonais, intestinais ou outra alteração que precisa de ser investigada. Alguns dos exames que podem ser úteis incluem testes de intolerâncias alimentares, microbioma intestinal, SIBO e avaliações do perfil hormonal. Estes testes podem ser fundamentais para descobrir a raiz do problema e personalizar a sua abordagem.
Dê atenção ao seu “gut feeling”
A barriga inchada não é apenas uma questão estética, é um sinal de que o seu corpo precisa de atenção. E, em vez de ignorá-lo, que tal dar-lhe a resposta que merece? O seu corpo está sempre a comunicar consigo. Está pronta para ouvir?
Em vez de culpar o seu corpo, experimente conhecê-lo melhor. Pequenos ajustes podem fazer toda a diferença: beber mais água, reduzir alimentos ultraprocessados, movimentar-se e praticar a mastigação consciente são passos simples, mas eficazes.
Aceite-se. Cuide-se. E lembre-se: o seu corpo não foi feito para se encaixar num padrão inatingível – foi feito para aproveitar a vida da melhor forma possível. E agora, dê uns mimos à sua barriga (e não é açúcar!).
A Dra Andreia de Almeida, é médica certificada em Medicina Funcional e Medicina Anti-Aging, com treino especializado em Modulação Hormonal e suplementação avançada. Conhecida pela sua abordagem empoderadora e focada na pessoa, através da sua prática clínica procura inspirar as pessoas a encontrarem o equilíbrio, bem-estar e felicidade interior. Escreveu o livro “Saúde para ELAS: o kit de sobrevivência para mulheres dos 20 aos 60+”, um livro dedicado à saúde feminina.
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