Durante o verão, é normal que os corpos fiquem mais expostos, seja pelo uso de roupas mais leves e frescas, seja pelas idas à praia ou à piscina. E essa maior visibilidade pode intensificar as preocupações com a aparência física, especialmente numa sociedade em que existe a comparação constante com os outros, bem como a pressão para atender a certos padrões de Beleza.
Estrias, celulite, peso...todos os corpos têm as suas imperfeições, mas nem todas as pessoas conseguem enfrentar as inseguranças associadas. Quando essas inseguranças corporais se estendem à vida sexual, podem levar à diminuição do desejo sexual e dificultar a capacidade de atingir o orgasmo. "A concentração nos defeitos/imperfeições estimula sentimentos de ansiedade e faz com que o corpo permaneça num estado de hipervigilância, no qual o sistema nervoso não consegue relaxar o suficiente para receber as sensações da experiência sexual", revela Megwyn White, sexóloga e Diretora de Educação da Satisfyer, em entrevista à Miranda.
Segundo a especialista, o peso, o tamanho dos seios, a forma das nádegas e a aparência genital são as principais inseguranças que as mulheres expressam em relação à sua vida sexual. É então que surgem certos comportamentos ou atitudes durante o sexo que são indicadores de inseguranças, como por exemplo, o medo de se ver nua, manter as luzes apagadas, esconder o corpo com roupas demasiado grandes ou evitar a masturbação ou atos sexuais específicos, como o sexo oral ou posições que possam revelar certas partes do corpo com as quais se sentem menos confortáveis.
"As inseguranças genitais são especialmente comuns. Estas aumentam frequentemente após o parto, com ansiedades relativamente ao aumento de peso, cicatrizes e alterações na vagina. É importante que as mulheres aceitem os seus corpos e se lembrem de que não existe um órgão genital ou um corpo "normal" ou "perfeito" e que a beleza existe em todas as formas e tamanhos", afirma. "A fixação nos defeitos corporais percebidos durante o ato sexual retira a pessoa do momento e cria um bloqueio na receção do prazer e da intimidade emocional."
"Quando se tem falta de confiança no corpo, o desejo sexual pode muitas vezes ser substituído por estratégias tóxicas destinadas a suprimir o desejo, como a dependência ou padrões alimentares pouco saudáveis. Por outro lado, algumas pessoas com falta de confiança podem também ter dificuldade em expressar os seus desejos no quarto ou ter dificuldade em dizer não a atos que consideram desagradáveis, simplesmente por não terem a auto-estima necessária", acrescenta.
A insegurança corporal também pode afetar a comunicação entre parceiros e a falta de abertura sobre esses sentimentos pode criar barreiras emocionais, diminuindo a conexão e a intimidade. "É importante, em primeiro lugar, que as mulheres sejam honestas consigo próprias e com os seus parceiros sobre a forma como a sua imagem corporal negativa pode estar a impedir a intimidade. Ao serem vulneráveis e partilharem as inseguranças que possam sentir, podem abrir um diálogo mútuo no qual os parceiros podem responder com apoio através de palavras, bem como afeto físico e apreciação que podem ajudar a transformar pensamentos negativos em pensamentos mais positivos."
Trabalhar com um terapeuta sexual ou um treinador sexual pode ser muito útil, pois fornecem estruturas e sugestões específicas para jogos sexuais que podem ajudar um casal a superar os desafios da má imagem corporal.
A prática da masturbação consciente é frequentemente utilizada para apoiar as pessoas que podem estar a debater-se com a imagem corporal. "A masturbação tem demonstrado ajudar as mulheres a ganhar mais confiança no seu corpo, uma vez que lhes oferece um espaço para sentirem prazer independentemente da sua forma, o que naturalmente aumenta as hormonas do bem-estar e reforça os desejos pessoais."
Para a sexóloga, "a educação sexual é muito importante para ajudar a acabar com os mitos e estigmas em torno do corpo feminino e masculino." As mulheres precisam de saber que o seu clítoris não é apenas uma pequena protuberância de tecido, mas sim um órgão genital em grande parte interno, com 90 % do clítoris a ficar sob a superfície. Acredito sinceramente que se mais mulheres estivessem conscientes da beleza da sua anatomia sexual única, estariam mais inclinadas a abraçar o resto do seu corpo".
"O mesmo se aplica aos homens, a quem se diz que o tamanho do pénis é tudo. Eles precisam de saber que a pornografia não representa, de forma alguma, o homem médio, nem na sua forma nem no seu desempenho natural. Muitas vezes, os homens sentem uma enorme vergonha em relação ao seu corpo e ao tamanho do pénis, o que também pode afetar o prazer e o desempenho sexual. Cada corpo é verdadeiramente único e diferente e requer a sua própria compreensão", conclui.
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