Pode uma mulher com mais de 40 ou 50 anos ser uma inspiração de beleza e estilo? Sim, pode! E são cada vez mais as mulheres que se revelam, maduras e conscientes da sua idade, nesse sentido. O tema foi recentemente abordado e até divulgado por alguns meios de comunicação nacional que entrevistaram a atriz brasileira Cláudia Raia, atualmente com 53 anos e que decidiu mostrar ao mundo que a mulher após os 40 ainda “está viva” e recomenda-se.

claudia raia
Claudia Raia @claudiaraia

Cláudia, que posou nua para a revista Ela, do jornal O Globo, fala de assuntos que ninguém está habituado a ouvir de uma mulher com mais de 50: desejo sexual, beleza, vitalidade, energia, saúde mas, acima de tudo, que uma mulher com mais de 40 não tem de ficar remetida ao esquecimento da sua essência feminina só porque os melhores anos da sua juventude já passaram. E a verdade é que lentamente há um movimento de mulheres com mais de 40, mais ou menos conhecidas, mas perfeitamente conscientes da sua beleza, atitude, conhecimento de vida e idade, que começa a ganhar expressão, seja nas redes sociais onde se manifestam com liberdade, seja junto das marcas que começam a estar despertas de que as consumidoras não se revêem apenas em jovens menores de idade, escanzeladas e a vestir o 32.

Em 2018, a Lancôme decidiu voltar a contratar Isabella Rossellini, atualmente com 67 anos, depois de 23 anos antes ter rescindido o contrato com a atriz por a considerar “demasiado velha”. Isabella tinha 42 anos quando a marca decidiu deixar de trabalhar com a modelo e atriz, argumentando que as consumidoras não se reviam na sua imagem e que sonhavam com a juventude. Vinte anos depois, Isabella volta a ser contactada pela Lancôme para "dar a cara" pela mesma, tendo a marca admitido que errou e que ao retirar Isabella das suas campanhas desiludiu as suas consumidoras, que se sentiram rejeitadas e excluídas com a sua saída.

Isabella Rossellini
créditos: Isabella Rossellini @isabellarossellini

E não é só na beleza que esta mudança se reflete. Também na moda, ou nas influenciadoras digitais, onde proliferam jovens com tutoriais e imagens de #OOTD (outfit of the day), colocados diariamente no Instagram e no Youtube. Veja-se o exemplo de Lyn Slater, de "Accidental Icon", onde as suas poderosas fotografias e peças de vestuário nos mostram um estilo exemplar, autenticidade e muita afirmação perante aquilo que se é quando se tem mais de 60 anos. Conseguimos tirar os olhos dela? Não, não conseguimos. Tudo nela nos fascina e inspira. Não temos de ser mais velhos e insípidos, resignados ou aborrecidos. Quem disse que após determinada idade não se pode ser um ícone mundial de moda com mais de meio milhão de seguidores nas redes sociais?

Lyn Slater
Lyn Slater @iconaccidental

Ou o que dizer da modelo de 52 anos, Milva Spina, que com o seu cabelo grisalho e boa forma física continua a fazer campanhas internacionais, sendo a prova viva de que as marcas e os consumidores querem, cada vez mais, mulheres que assumem de forma honesta a sua idade e que representam uma população que está, também ela, cada vez mais envelhecida, mas atenta ao que a rodeia, com acesso à informação e com um poder de decisão único na hora de fazer as suas escolhas – sejam elas de beleza, moda ou em questões mundanas do dia a dia de cada um?

Milva Spina
Milva Spina @milva.spina

Já para não falar de nomes mundialmente conhecidos que, atualmente na casa dos 50 anos – Jennifer Lopez (50), Gwen Stefani (50), Halle Berry (53) ou Jennifer Aniston (50), só para citar algumas – mostram ao mundo como continuam a dar cartas nisto do “sou uma mulher mais velha mas continuo a sentir-me poderosíssima”.
São vários os exemplos onde podemos verificar este crescente manifesto – recuso-me a chamar-lhe tendência, porque não é algo passageiro, é algo que veio para ficar. A chamada Silver Economy – a economia da população acima dos 50 – é um mercado que vale milhões. Um estudo da Comissão Europeia refere que é uma economia que movimenta um valor base de 3.7 biliões de euros e claro, as marcas não são alheias a isso.

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A verdade – e milhões à parte – não podemos lutar contra a passagem do tempo, mas podemos aproveitá-lo da melhor maneira possível sem perder aquilo que nos define. E é por isso que sempre que vejo aquela senhora no metro de manhã fico com vontade de ir a correr dizer-lhe que tem uma pinta descomunal e que é uma verdadeira inspiração, mas limito-me a escrever sobre ela meio em jeito de homenagem.

Pode ser que ela leia a Miranda.

Mafalda Santos fez das palavras profissão, já tendo passando pelo jornalismo, assessoria de imprensa, marketing e media relations. Acredita em quebrar tabus e na educação para a diferença, temas que aborda duas vezes por mês, na Miranda, em #ÀFlorDaPele.