As mudanças no corpo, as rugas, a flacidez, os primeiros cabelos brancos… a perda de frescura e de vitalidade, são muitos os sinais que podem afetar, negativamente, a confiança de uma mulher e a sua auto-estima com a chegada dos 40. Todas temos diferentes formas de lidar com a constatação desse envelhecimento, de forma a que o mesmo não nos seja tão doloroso, mas a verdade é que todas passamos por esse processo: a constatação das mudanças no nosso corpo – e todas, de uma forma ou de outra, já sofremos com o mesmo (não sejamos hipócritas!).

Até eu, que muito falo sobre a doçura dos 40, tenho pequenas síncopes cardíacas sempre que vejo um novo cabelo branco a nascer, porque a verdade é: ainda não estou preparada para me assumir como uma mulher grisalha, ou melhor, como uma mulher que, apesar de considerar que tem um espírito jovem, está a envelhecer – e esta trama do tempo chega a todas, inevitavelmente – e o choque de realidade é duro, não o neguemos.

Mas, depois, a forma como reagimos ao mesmo é o ponto que faz toda a diferença. E aceitar que o avançar da idade é algo que não tem de se centrar apenas na sua manifestação física – aquela que é, sem dúvida, a mais visível – mas por um sentimento de confiança de que já se viveu tempo suficiente para se saber o que é realmente importante, seja na vida, na relação com o outro, na forma como queremos que os demais nos vejam – e que não passa, necessariamente, por um girar de cabeças quando passamos na rua.

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Trabalhar a auto-estima em adulto é algo que é exigente e dá trabalho. Porque crescemos assentes em crenças acerca da nossa personalidade e características físicas a partir das quais tivemos experiências que moldaram a forma de nos vermos e de estar na vida. Mudar muitas dessas crenças, após anos e anos de as mesmas estarem enraizadas, exige flexibilidade e um profundo mergulho num processo de autoconhecimento, identificando as nossas fraquezas, pontos fortes, interpretações e apaziguamento, porque não é um fim objetivo, é um trabalho em contínuo. E sim, é possível melhorar a auto-estima e a confiança depois dos 40, basta para tal trabalhar e desenvolver a nossa inteligência emocional de forma a aprendermos a lidar com as emoções, mudando a relação com nós mesmos. No fundo, mandar calar aquela vozinha interior que nos diz coisas como “já é tarde”, “achas mesmo que vais conseguir?”, “deixa-te disso”, e provar-lhe que sim, é possível!

Comece por tomar consciência de todo o seu percurso de vida, por tudo o que passou até chegar aqui, a esta idade e este momento de vida, e pergunte-se se é desse lugar onde agora se encontra que quer continuar, porque o importante é que não se engane a si própria e seja fiel consigo mesma. E honesta. Se não gosta de onde está, é hora de mudar, com gratidão por tudo o que já viveu, mas mudando o rumo de agora em diante.

Aumentar a auto-estima e a confiança depois dos 40 significa fazer as pazes com o passado e aceitar a sua história, o processo que a trouxe até aqui, para depois, e em passos simples, começar um processo que a ajudará a desabrochar de novo e de novo e de novo – quantas vezes forem necessárias.

#ÀFlorDaPele: como melhorar a auto-estima depois dos 40?
#ÀFlorDaPele: como melhorar a auto-estima depois dos 40? créditos: Priscilla Du Preez/Unsplash

. Permita-se gostar de si própria – mesmo com rugas, com cabelos brancos, com uns quilinhos a mais, aceite-se e honre o seu corpo e tudo o que o mesmo passou.

 . Permita-se sentir todas as diferentes emoções, boas ou más, sem se sentir culpada por isso.

. Permita-se ser merecedora sem estar dependente de outra pessoa que lho diga ou que aprove.

. Permita-se não saber sempre o que fazer e experienciar, experimentar e dar errado, não se explicar a terceiros se não lhe apetecer.

. Permita-se deixar lugares, amizades, amores e tudo aquilo que a limita e onde não se sente respeitada e compreendida.

. Permita-se abraçar as suas próprias imperfeições.

. Permita-se chorar sem culpas e julgamento, e ir ao seu próprio ritmo.

Aos 40, tem toda a legitimidade para recomeçar, se assim tiver de ser, porque é essa a beleza da idade: ninguém disse que aos 40 tem de ter todas as respostas, a vida arrumada e os objetivos atingidos. Aos 40, tanto a sua auto-estima e confiança, como você enquanto pessoa, estão a tempo de começar. Basta permitir-se.

Mafalda Santos  fez das palavras profissão, tendo passado pelo jornalismo, assessoria de imprensa, marketing e media relations. Acredita em quebrar tabus e na educação para a diferença, temas que aborda duas vezes por mês, na Miranda, em #ÀFlorDaPele.