Pamela Anderson ficou conhecida pela sua figura curvilínea, pelos longos cabelos louros, pela relação tumultuosa com Tommy Lee – baterista da banda hard-rock norte americana Mötley Crüe – e pela sua maquilhagem de olhos esfumados e lábios profundamente delineados.

Durante anos, para não dizer décadas, Pamela Anderson foi o sex symbol de uma geração. Conhecida pela série Baywatch ('Marés Vivas', em português), a sua figura de cintura fina e peito voluptuoso era um dos motivos que prendia milhares de espectadores ao ecrã, todas as semanas, sonhando com esta explosiva beleza loura.

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De capas da Playboy, passando por filmes de categoria mais duvidosa, como 'Barb Wire' ('Bela e Perigosa'),  uma sex tape que acabou por ser roubada e ir parar às mãos dos media e que tornou Pamela ainda mais desejada do que já era, ou o casamento em biquíni e na praia com Tommy Lee (de quem tem dois filhos) apenas quatro dias depois de se terem conhecido, a atriz foi uma das mulheres mais fotografadas e sobre a qual mais se escreveu durante a década de 90, precisamente por a sua figura e imagem serem disruptivas, com o que se conhecia e esperava da beleza feminina até então.

Durante toda a década de 90, e inícios do novo milénio, Pamela esteve debaixo dos holofotes da fama e a sua imagem de marca pouco ou nada se alterou. Os cabelos eram louros platinados, os olhos eram esfumados, as sobrancelhas finas, os lábios preenchidos e delineados a lápis, as roupas justas e o decote profundamente pronunciado. O seu enorme peito – foi das primeiras atrizes a assumir sem pudores o seu peito de silicone – foi um enorme contributo para a sua fama, mais do que o seu talento.

Mas os anos de juventude acabam por passar e, com o tempo, vem também uma sabedoria intrínseca, fruto das experiências vividas. Pamela não foi exceção. Depois de seis casamentos e divórcios, depois dos anos de maior exposição, Pamela é hoje uma mulher mais discreta, que soube aceitar a evolução natural do envelhecimento e que, com 56 anos, já não pretende ser o centro das atenções ou ofuscar, pela sua presença exuberante, um desfile de moda.

Apesar de continuar a fazê-lo – mesmo que não o queira e se limite a ser apenas ela própria.

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Foi o que aconteceu na Semana de Moda de Paris, que decorreu de 25 de setembro a 3 de outubro, onde marcou presença em alguns desfiles de moda, tais como Dior, Isabel Marant, ou Vivienne Westwood, onde apareceu de cara lavada e sem maquilhagem. Não se tratou de um statement, mas apenas de uma decisão tomada pela própria face ao falecimento da sua maquilhadora de longa data, Alexis Vogel, que desde que faleceu em 2019, vítima de cancro da mama, levou a atriz a não contratar mais ninguém para essa função, optando por assumir visuais mais naturais e praticamente sem maquilhagem. Pamela assumiu também, à revista Vogue Paris, que não possui nenhuma equipa de styling, seja para a vestir, maquilhar ou pentear, para momentos importantes em que aparece em público, como o é a Semana da Moda de Paris.

“Trata-se de algo bastante libertador e até com uma ponta de rebeldia”, assumiu, despertando com esta atitude a atenção de outras atrizes que aplaudiram a sua coragem e determinação. Uma delas foi Jamie Lee Curtis, que partilhou no seu Instagram um post onde mostrava o quão impressionada estava com Pamela: "@pamelaanderson no meio da semana de moda com tantas pressões e posturas, e esta mulher apareceu e reivindicou seu lugar à mesa sem nada no rosto." A estrela de 'Halloween', de 64 anos, continuou: "Estou muito impressionada e chocada com este ato de coragem e rebelião". Várias outras se seguiram, como Selma Blair, ou Alyssa Milano, que se mostraram inspiradas pela atitude de Pamela, enaltecendo-lhe a beleza e a autoconfiança.

A atitude de Pamela Anderson, visivelmente leve, confiante e natural, a assistir aos desfiles e a ser o centro das atenções por parte dos fotógrafos, e a fazer os destaques de imprensa um pouco por todo o mundo, foi notícia. Podemos dizer que a revolução da beleza natural já começou? Eu diria que, mais do que assumir a beleza natural, o ser-se autêntica e fiel a si própria nunca passou de moda, e isso nota-se.

Mafalda Santos fez das palavras profissão, tendo passado pelo jornalismo, assessoria de imprensa, marketing e media relations. Acredita em quebrar tabus e na educação para a diferença, temas que aborda duas vezes por mês, na Miranda, em #ÀFlorDaPele.