Já vos aconteceu quererem tanto uma coisa, que para não vos causar sofrimento, a grande distância a que essa coisa está vos faz esquecer o quanto a querem?

Sempre fiz este exercício de gestão emocional com muitas coisas na minha vida e viajar até Tóquio era uma dessas coisas. Até que de repente me vejo com uma viagem de trabalho marcada à terra do sol nascente e só quando lá chego é que me ocorre o quanto queria muito lá estar.

Tenho uma paixão por cidades grandes e desenvolvidas, com muito betão e vidro a perder de vista, de preferência sob a forma de arranha-céus. Nova Iorque está nessa lista (que ainda não piquei) e Tóquio inevitavelmente, ainda mais por considerar ser a cidade do futuro, da inovação, da tecnologia, dos robots e da inteligência artificial. Ainda mais que a capital americana. O facto de haver também tantas diferenças culturais nos hábitos, na maneira de ser, na história, tudo isso também me atrai muito. E dou por mim em Tóquio, naquela cidade hiper-activa, preenchida de néons, mas também povoada por gente extremamente educada e atenciosa.

Não foi preciso muito para dar de caras com aquilo que parece ser a maior tendência na cosmética naquele lado do mundo: a placenta como ingrediente principal nos cremes ou mesmo em bebidas. Este tecido, sendo rico em stem cells (células "mãe" ou estaminais), tem a capacidade de fornecer factores de crescimento que regeneram e enriquecem a pele.
Outra surpresa foi ver tantas mini-cápsulas de óleos e séruns para o cabelos, que se apresentam em embalagens tipo "tabletes de chicletes". Ou há ali uma grande obsessão cultural com o cabelo ou então isto é mesmo uma novidade que também vai conquistar o ocidente mais dia menos dia.

Não podia ter deixado de ir à Shiseido, o grande “templo” da cosmética em Ginza, o bairro mais trendy de Tóquio. A marca faz-se representar por dois edifícios, lado a lado. Num encontramos uma galeria de arte e vários conceitos de restauração pisos acima e, é no outro edifício que podemos explorar todo o universo das marcas do grupo, desde a maquilhagem à perfumaria, passando pelos cremes e terminando nos suplementos alimentares. Estão lá a NARS, a Avéne e a Issey Miyake, entre outras tantas e foi assim que me dei conta de um novo produto. São uns patches para o contorno dos olhos, feitos de micro-agulhas de ácido hialurónico que penetram na pele, preenchendo-a e hidratando em profundidade. Parece que têm causado imensa sensação. E como podia eu ignorar este produto acabado de sair? Naquela prestatividade característica japonesa, as beauty advisors ainda me fizeram uma demonstração, não fosse eu aventurar-me erroneamente pelas instruções em alfabeto japonês. Chamam-se HA-fill Patch e são da Navision (uma marca detida pelo grupo Shiseido) e chegou à loja em Novembro.

No meu passeio por Harajuku, o bairro Pop da cidade, aí é que não houve como não me perder na oferta. Trouxe daquelas bandas para tirar os pontos negros do nariz, da Bioré e uma água vitaminada coreana para aplicar numa máscara para o rosto. Algo me diz que não precisava destes dois para nada, mas vou dar-lhes uma oportunidade.
Entretanto, chegado a terras lusas já experimentei os patches com as micro-agulhas de ácido hialurónico que tanto jeito me deram na recuperação do jet lag! São aplicados preferencialmente de noite e demoram 4 horas a ser absorvidos. Por isso, aconselharam -me dormir com eles postos e retirá-los de manhã, após acordar. Cada caixa dá para 3 utilizações (6 patches), que poderão ser uma ou duas vezes por semana, mas acho que depois de ter assistido ao espectáculo da Jennifer Lopez no Super Bowl não devo adiar nada. Quero ter 50 anos e ter aquela frescura e jovialidade toda, que vai da pele à performance, elevar-me numa barra de aço e fazer-me girar graciosamente só por diversão.

Sabem que mais? Não deixem que a J.Lo seja a minha Tóquio. Queiram muito ser como ela e queiram muito ao ponto de se tornarem a melhor versão de vocês mesmos. Eu com o melhor preenchimento de ácido hialurónico nos olhos e vocês como atletas de alta competição!

Bruno Reis, colaborador da Miranda, é o fundador e diretor criativo da Teeorema, marca de luxo de T-shirts.