A maioria das pessoas que pratica desporto tem uma rotina de alongamentos que efectua antes ou depois do exercício fisico. Mas serão os alongamentos assim tão importantes? Será que são usados e aplicados na altura certa e da forma mais correcta?
Hoje trago-vos aqui um tema muito controverso, amado por uns e odiado por outros. Mas para isso cá estou, tentando a cada artigo novo esclarecer algumas das vossas dúvidas.
Na área do fitness, o alongamento é definido como uma intervenção ou técnica utilizada que tenta a deformação dos tecidos para a obtenção de melhoria ao nível da flexibilidade - a flexibilidade é uma qualidade física, assim como a velocidade, agilidade ou força.
Se consultarmos o dicionário de língua portuguesa, ficamos a saber que a definição de alongamento é “o aumento do comprimento, o aumento da distância ou afastamento entre dois pontos”. Esta alteração biomecânica é algo que acontece em tudo o que é exercício físico, e não apenas naquele momento específico em que estamos ali, com aquela finalidade de afastar a origem e a inserção de um determinado músculo, com o objectivo de melhorar a tal qualidade física, a flexibilidade.
Poderei acrescentar, por outras palavras, que flexibilidade é a amplitude articular máxima que conseguimos promover entre dois segmentos, daí existirem profissionais que preferem apelidar esta qualidade física de mobilidade articular.
Antes de expressar a minha posição sobre este tema, é importante percebermos e definirmos alguns dos diferentes tipos de alongamento existentes.
Alongamentos, estáticos e dinâmicos
Os Alongamentos Estáticos Passivos (AEP) são os mais comuns quando se trata de treinar flexibilidade, e consistem em explorar a amplitude articular máxima e manter essa posição durante um período de 20 a 30 segundos, e podem ser feitos com a ajuda de um elemento externo (um elástico, uma parede ou um colega de treino), explorando a amplitude articular máxima.
Os Alongamentos Dinâmicos (AD) são aqueles que usam a velocidade de movimento e um esforço muscular activo para efectuar o alongamento dentro da sua amplitude articular activa.
Efectivamente, sempre se disse que os alongamentos melhoram a performance, previnem lesões, melhoram a amplitude articular, aumentam a força e ainda diminuem dores musculares.
A questão é se é mesmo assim, e que tipo de alongamentos promovem estes supostos benefícios?
Há algumas evidências científicas que demonstram que ao realizar um Alongamento Estático Passivo (AEP) aumentamos a tolerância mental ao desconforto causado pelo mesmo, mas isso não representa propriamente um sinal de melhoria. Os estudos demonstram também que após este tipo de alongamento os músculos produzem menos força e, por consequência, não melhoram o rendimento desportivo.
Em relação à prevenção de lesões, existem poucas evidências da sua eficácia ao nível da ciência.
No que diz respeito aos alongamentos dinâmicos (AD), estes podem ser uma boa opção para realizarmos um aquecimento mais específico, pela similaridade que poderemos promover com os exercícios que iremos efectuar no treino. No entanto, e mais uma vez, nunca com o objectivo de prevenir lesões.
Então, com base nisto, devem eliminar os APE e adoptar os AD nas vossas rotinas de treino? Não! Não é bem assim.
O meu conselho é que usem efectivamente os AD como uma estratégia de se preparem para aquilo que irão fazer, ou seja antes do exercício físico. Em relação aos AEP, devem ser feitos no fim do treino como uma forma de relaxar e de retornar a calma, tão só! Até porque estes irão promover uma sensação de bem-estar, assim como um prémio justo pelo treino árduo.
Se atenuam as dores musculares no dia seguinte? Não irei desenvolver este tema, quem sabe num próximo artigo de opinião, mas diria que se fizerem um AEP durante algum tempo e com uma intensidade significativa não só não atenuam as tais dores musculares... como irão agravá-las :) Pois, fica para a próxima, mas pensem nisso até lá, e bons treinos!
Ricardo Gomes, 31 anos, é Personal Trainer, Formador na Área de Exercício e Saúde e CEO da CHASE Training Academy.
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