Sete dias de bootcamp, um retiro de yoga, um programa de mindfulness, uma semana de talassoterapia, uma escapada detox, um fim-de-semana em regime macrobiótico... posso dizer que já provei de tudo um pouco no maravilhoso “buffet” de experiências de bem-estar em Portugal e no Mundo. Mas, confesso, em mais de 25 anos destas andanças tinha muita curiosidade em fazer uma imersão séria num programa mais médico. A oportunidade bateu à porta e este é o relato da minha experiência.
O spa e a zona médica
O hotel Longevity Health & Wellness foi construído de raiz em torno do conceito de medical-spa e isso nota-se de forma positiva: o spa e as áreas wellness e médicas – das mais bem equipadas que já vi – distribuem-se em dois pisos, muito próximos da zona de acesso aos quartos e à piscina outdoor (onde só consegui estar um par de horas durante os três dias, dado o meu programa intensivo), permitindo aceder rápida e comodamente aos tratamentos e vice-versa. Também o ginásio, extremamente bem equipado, não fica “fora de mão” como é habitual na maioria dos hotéis, o que diminui as hipóteses de usarmos isso como desculpa para não o frequentarmos.
O menu de tratamentos é, no mínimo, impressionante: dos “normais” rituais de spa, como envolvimentos, esfoliações, faciais, etc., aos mais detalhados programas divididos por objetivos: equilíbrio e bem-estar; fitness, detox e perda de peso; medicina estética (com a presença da Fillmed, marca de topo neste tipo de procedimentos); otimização geral da saúde e check-ups; há pouca coisa que não se possa fazer neste hotel, beneficiando da proximidade de um hospital e de todas as facilidades para uma recuperação confortável. Apesar da forte componente médica, a sensação de calma e a envolvência tranquila do hotel, a disposição das salas de tratamento e a decoração elegante, confortável mas despojada, retiram à estada qualquer sensação mais “clínica”.
Análises, consultas e tratamentos
O meu programa de tratamentos começou às 8h30, pela fresquinha, com uma completa sequência de avaliações: análises de sangue; eletrocardiograma e pressão arterial; biofísica (peso, índice de massa corporal, massa gorda, massa muscular, gordura visceral, perímetro abdominal e idade metabólica); nutricional; perfil de aptidão física; e avaliação de metais pesados. Como eu já esperava, a quarentena estendeu os seus efeitos indesejados a vários planos do meu bem-estar físico e mental e, dúvidas houvesse, apareceram todos no meu perfil. Todos os planos de tratamento do Longevity incluem estes exames, aos quais se podem ainda somar consultas de Medicina Integrativa, Medicina Estética e Osteopatia, consoante a escolha do programa.
Osteopatia: reencontrar o equilíbrio
A minha agenda continuou com a osteopatia, com o Dr Ricardo Rosa. Admito que não trazia comigo grandes queixas ou expetativas, não porque não tenha mazelas mas, exatamente pelo contrário, porque 25 anos de convivência com uma hérnia discal já me deram alguma tolerância a dores e aos efeitos secundários das compensações da coluna,. Da mesma forma que deixei de ser totalmente “crente” e “praticante” com os inúmeros diagnósticos e recomendações com que uma boa dúzia de especialistas já me brindaram.
Ora e não é sempre nestes casos, quando achamos que já pouco nos pode surpreender, que a vida faz exatamente o contrário? Uma hora e quase meia depois de uma completa avaliação osteo-articular com o Dr Ricardo, e eu já estava seriamente a considerar mudar-me para o Algarve para estar mais perto dele. Nunca me tinha sido feita uma avaliação tão detalhada e holística (e compreensível) do meu “quadro” de queixas abandonadas.
Com a ajuda de equipamento especializado e a clássica observação visual, este especialista parecia estar a ver a minha coluna através de uma bola de cristal. Seguiram-se duas ou três simples manipulações e o alcance da minha mobilidade melhorou drasticamente mas, mais do que isso, a explicação detalhada para as causas, consequências e sintomas das minhas queixas fez finalmente “sentido” e senti-me “entendida”. Parece pouco mas é muito e, a quem já tenha desistido de procurar soluções ou alívio para problemas mais ou menos agudos, recomendo que procurem o Dr Ricardo neste hotel.
Medicina estética: o futuro da Beleza
A próxima paragem foi no consultório da Dra Joana Santos. Especializada em medicina integrativa e anti-aging, e com a mesma abordagem holística que eu tinha acabado de vivenciar na consulta anterior, percebi de imediato que a escolha do corpo clínico deste hotel foi feita com muita ponderação: além das valências profissionais e da experiência, existe um denominador comum na forma como o “cliente” é observado – ele é visto como um todo e, parecendo que não, esse é o grande elemento diferenciador neste tipo de projetos, e é aqui que reside o futuro de uma medicina moderna de sucesso.
A minha análise sanguínea apenas revelou questões menores, por isso passámos à pele e a uma observação (assustadora) da pele do meu rosto, através de uma imagem captada com uma câmara especial, que denuncia sem dó nem piedade aquelas vezes, no século passado, em que me esqueci de aplicar protetor solar ou em que me fui deitar sem aplicar o creme de noite. As manchas são uma das minhas principais preocupações, tal como a falta de firmeza, as rugas mais evidentes e a falta de luminosidade: os 50 anos não perdoam, mesmo para quem sempre tratou bem da pele.
A Dra Joana propõe-me experimentar um cocktail de vitaminas com o injetável NCTF da Fillmed, marca líder em procedimentos de estética, sugestão que senti toda a confiança em aceitar. O NCTF é uma solução polirrevitalizante injetável, mas não reticulado (os reticulados “endurecem” para o seu efeito de preencher e muitas vezes dão um resultado mais artificial ao resultado).
Este produto é formulado à base de ácido hialurónico livre e de um complexo com mais de 50 ingredientes ativos anti-idade: vitaminas, aminoácidos, minerais e antioxidantes, e favorece a atividade dos fibroblastos, responsáveis pela produção de colagénio, elastina e ácido hialurónico. No meu caso, bastaram três micro-injeções de cada lado do rosto para dar àquelas zonas um boost de vitaminas e dos elementos que vão melhorar o funcionamento celular e dar à pele os nutrientes que ela já tem “preguiça” de fabricar a bom ritmo.
Já passaram quase três semanas desde que fiz este procedimento e noto uma franca melhoria a nível da firmeza da oval do rosto, além de que sinto a pele mais luminosa e “desperta”. Em jeito de confissão, apenas iniciei tratamentos de medicina estética deste género no ano passado, aos 49, mas se soubesse o que sei hoje teria começado bastante mais cedo. Evitando os reticulados que (a mim) me assustam pelo resultado que pode parecer artificial, estou francamente rendida a tantas soluções minimamente invasivas e com resultados naturais que dão à pele aquilo que ela já tem dificuldade em fabricar. Encontrando os profissionais certos e de confiança para realizar estes procedimentos com alguma regularidade e, adicionando a cosmética, uma alimentação equilibrada e um estilo de vida cuidado, os benefícios podem estender-se além da pele e do “visível”: à longevidade.
Um programa preenchido
O resto do meu dia, tal como o dia seguinte, foi passado entre tratamentos vários, prescritos pela Dra Joana Santos: drip intravenoso de vitaminas e minerais em falta no meu organismo; tratamento facial com produtos Fillmed; esfoliação com sal dos Himalaias; envolvimento com argila, detox corporal na cápsula Iyashi, hidroterapia do cólon e, para terminar em beleza e tranquilidade, uma sessão de yoga, uma sessão de taças tibetanas e uma massagem de relaxamento. A reconfortante sensação de ter alguém (neste caso, várias pessoas altamente qualificadas) a tratar de mim foi um bálsamo muito bem-vindo após vários meses de confinamento e quarentena em que tive de assumir mais o papel de cuidadora.
Comer e dormir
No meu caso, optei por um dia e meio de dieta líquida, para desencadear o processo de eliminação de toxinas e retenção de água. As minhas refeições consistiam em deliciosos sumos e batidos, nutritivos e saborosos, que me deixavam com energia suficiente e zero fome. Felizmente ainda sobraram algumas refeições completas para poder desfrutar das excelentes propostas da carta do restaurante Pure Café, que serve a zona da piscina infinita: refeições muito bem confeccionadas, servidas com ingredientes locais e frescos. A água servida no Longevity é alcalina e as refeições privilegiam os ingredientes anti-inflamatórios.
O meu quarto era uma suite muito espaçosa e confortável, com uma zona de estar separada da zona de dormir, e uma enorme varanda e janelões com vista para a serra de Monchique. E também para a baía de Alvor. Os pores-do-sol naquela varanda – e no convés da piscina infinita – foram inesquecíveis. Mais tranquilidade seria difícil de conseguir, mas a próxima visita é uma certeza que me fará contar os dias com expectativa.
Apreciações gerais
Dadas as atuais restrições de segurança implementadas por causa da COVID-19, tanto o ginásio como o acesso às zonas húmidas e à piscina interior requerem marcação prévia. Em todos os pisos e em várias localizações, o hotel tem disponível álcool-gel e todos os funcionários com quem contatei ou me cruzei usavam sempre máscara em todos os momentos.
A zona de spa e wellness é extremamente espaçosa, bonita e funcional, com hammam, sauna, duas piscinas e circuito de águas. Os equipamentos, quer na zona médica, quer no spa, são da mais recente geração e nota-se que, em todos os momentos, a escolha da qualidade e da função foram a principal preocupação. Ainda dentro do seu primeiro ano de operação, existem alguns (poucos) detalhes a que esta unidade pode dedicar a sua atenção para que a fasquia se eleve ainda mais alto. Mas naquilo que é mais importante – as pessoas – nada foi deixado ao acaso.
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