A nossa alimentação é continuamente influenciada pelos hábitos, escolhas e rituais da família mas também por todas as interacções sociais que temos no nosso dia-a-dia, offline e cada vez mais online.
Quando vivemos sozinhas(os), as escolhas alimentares são feitas principalmente por nós, pelas nossas rotinas, hábitos, gostos e também pelos orçamentos e desejos pessoais. Mas quando a família é constituída e passamos a partilhar “um tecto” há que adaptar a novas rotinas, paladares de “estranhos” e, muitas vezes, encontramos na despensa tentações que anteriormente estavam tão bem escondidas que nós próprias(os) não as conseguíamos encontrar ;)
Primeiro passo: diálogo!
Sem ele, as nossas vontades irão ser muitas vezes dispersas acabando por encontrar caminhos “perigosos” e difíceis para a disciplina alimentar. Cada pessoa tem os seus ritmos e até os seus gostos, mesmo que de início se adore tudo e todos os pratos que o parceiro ou parceira prepare carinhosamente para o jantar sejam os melhores que já provámos!
Tentem ir às compras em conjunto, ajustando ideias, feitios e até experimentando novos alimentos, especiarias ou combinações. Aqui a regra será experimentar o território alheio, dando também opiniões que, pouco a pouco, vão revelando-se um compromisso comum. Neste caminho devemos incluir uma boa dose de sentido de humor para que a descoberta seja simpática, ao mesmo tempo que se vão sedimentando hábitos novos e saudáveis.
Sugestão: se já tiver boas regras nutricionais procure incutir estas noções de forma gradual, e nunca por imposição, deixando os “pecados” alimentares apenas para dias festivos. Não esquecer que nestes dias, o truque será só provar.
A família cresce... e agora?
Quando a família aumenta e as crianças começam a partilhar do nosso ritual alimentar, a importância de seguir hábitos saudáveis torna-se ainda mais importante pois os mais pequeninos imitam tudo.
O bom… e o “menos” bom. Crie nestes casos boas regras ao pequeno almoço e ao jantar procurando reunir a família com boas escolhas nutricionais mas deixando aqui e ali espaço para provar a diversidade da alimentação portuguesa.
É muitas vezes nestas fases que se criam as memórias alimentares... “o arroz da minha mãe”.
Há que tornar boas estas memórias! Não ser fundamentalista é também uma virtude. Mais do que tudo, importa um ambiente onde cada qual possa ter o seu espaço, liberdade e capacidade de encontrar pontos de equilíbrio entre toda a família.
Quando existem cada vez mais escolhas e alimentos a incluir no nosso prato, torna-se fundamental estar a par das novidades, lendo os rótulos, pondo em prática a variedade alimentar, criando em cada ida ao supermercado uma oportunidade para tornar a sua família mais saudável.
Peça ajuda ao seu nutricionista, encontre uma lista de compras saudável e, principalmente, desfrute na companhia de quem mais gosta do bom que também é partilhar a mesa. Sem excessos, com bom senso e também com saúde.
São estas as regras para que na sua família a alimentação cumpra um dos seus princípios básicos: nutrir o corpo, mas também a mente. Boas refeições em família são os meus votos!
Pedro Queiroz é o fundador das Clínicas de Nutrição do Porto e Lisboa e consultor de Nutrição. Mais do que ajudar pessoas a emagrecer o que realmente gosta é de mudar as suas vidas.
Comentários