Esta função do sal na conservação dos alimentos advém de diminuir a proliferação de bactérias e, desde que foi descoberta, reforçou a sua utilização de sal. Houve alturas em que a sua importância foi tal, que serviu de moeda de troca entre povos e daí advém a palavra SALário, originária de salarium, ração de sal.

Embora o seu uso na alimentação diária esteja instituído e difundido por todo o mundo, a OMS, Organização Mundial de Saúde, preconiza a utilização de apenas 5 g/dia, sabendo nós que em Portugal o consumo atinge facilmente duas vezes esse valor. Tendo como consequência que Portugal é dos países da Europa onde a taxa de doenças cardiovasculares é mais alta.

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Ainda assim, o nosso organismo necessita do sal para as correctas funções químicas e bioquímicas que diariamente ocorrem nas nossas células. Muito embora essa regulação — mesmo na presença de uma alimentação equilibrada e variada — esteja normalmente assegurada pelo sal que está naturalmente presente nos diferentes alimentos. Ou seja, não será necessário adicionar sal aos alimentos para que estas funções ocorram naturalmente, pois eles já o têm naturalmente.

Claro que os nossos paladares estão treinados e rapidamente sentimos a falta de “tempero” em certos alimentos quando não adicionamos sal na sua preparação ou até no seu consumo, como acontece nas saladas. Mas como nutricionista, devo sempre incentivar a sua substituição por especiarias e ervas aromáticas, para treinar o nosso paladar a ser cada vez menos dependente deste intensificador de sabor. Os benefícios de reduzir o sal na função renal, cerebral, cardiovascular e circulatória, são notórios e ajudam sem dúvida a dar mais vida aos seus anos!

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A hipertensão arterial e retenção de líquidos são, na prática, os efeitos mais notórios de que estamos a consumir mais sal do que realmente o nosso corpo necessita. Mas sabemos que associar estes factores a uma alimentação desadequada e à ausência de exercício físico agrava, e de que maneira, as suas consequências. Os efeitos cardiovasculares, o excesso de peso, a falência renal e a morte precoce, são os efeitos mais graves.

Em desportistas, o sal pode ser utilizado após um desgaste de alta intensidade, para repor as perdas que ocorrem via transpiração e trocas de oxigénio, mas para isso as quantidades e formas de o fazer devem ser ajustadas por um nutricionista especializado em nutrição desportiva.

Existe também a moda do sal dos himalaias, cor de rosa, do sal marinho purificado e de outras variantes pomposas, mas importa passar a informação que na sua génese qualquer sal apresenta sódio e o seu excesso condiciona na mesma os riscos para o sal comum.

Dê primazia a novos paladares, redescubra o prazer das especiarias e das ervas aromáticas, experimente novas combinações alimentares com a ajuda do seu nutricionista, para que consiga dar sabor aos seus alimentos de forma mais saudável e, mais que tudo, redescobrindo os prazeres dos sabores puros da correcta alimentação.

Pedro Queiroz é o fundador das Clínicas de Nutrição do Porto e Lisboa e consultor de Nutrição. Mais do que ajudar pessoas a emagrecer, do que realmente gosta é de mudar as suas vidas.