Não precisamos de ir buscar exemplos lá fora para perceber que também aqui, no nosso país, temos mulheres de 50 a mostrar que a idade cronológica é apenas um número. Catarina Furtado fez anos e mostrou-nos, a todos – através das fotografias que publicou nas suas redes sociais – como se sente bem com a idade redonda que acabou de completar: 50 anos.

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E como ela diz, os 50 não são os novos 30. Os 50 são os 50 e é esse paradigma e preconceito com a idade de uma mulher que tem de mudar, como se tivéssemos, todas, prazo de validade. Claro que os “novos” 50, com saúde, vitalidade, bem-estar físico e mental, beleza, sexualidade e, ainda, sentir-se ativa e com tanto para dar ao mundo e aos outros, não é algo que apareça de um dia para o outro. Faz parte de um estilo de vida, de foco, de objetivo e, acima de tudo, de uma aposta em cuidar de nós e em sentirmo-nos bem no nosso corpo, pele e idade. Não nos deixarmos restringir por parâmetros redutores de que uma mulher já deu o melhor de si porque passou a barreira dos 30, ou porque chegou à fase final da sua vida ao atingir o patamar dos 50.

As fotos com que a Catarina nos presenteou são inspiradoras e transformadoras. O texto que escreveu a acompanhar as mesmas, também. Porque o estigma da idade ainda existe, de forma muito latente e presente. Ninguém cresce a ouvir que “não se pergunta a idade a um senhor”, porque para um homem fazer 50 é um marco de vida, apregoa-se a viva voz, é sinal de experiência, um comprovativo de que se atingiu um determinado status social, visível no património que se construiu, no palpável, mas também naquilo que ainda se acredita que um homem pode dar e nos anos de futuro que tem pela frente.

#ÀFlorDaPele: os 50 são os 50!
créditos: @catarinafurtadooficial

O mesmo já não acontece com a mulher. À mulher está ainda subjacente o papel da maternidade, a dedicação à família, a ideia de que a beleza se esvai rápido, ou de que o corpo, depois de se ser mãe, nunca mais é o mesmo. Aos 50, há o preconceito intrínseco, na grande maioria das pessoas, de que não é suposto uma mulher ser desejável, sentir desejo sexual ou falar de temas aos quais sempre se exigiu um certo decoro. Ou direi silêncio? Crescemos com mães e avós que aos 50 já tinham perdido sonhos, porque dedicaram uma vida inteira e reprimir os seus desejos em função dos outros e do que a sociedade considerava correto. Que não se atreviam a priorizarem-se e a considerarem-se dignas de terem o ‘pacote completo’: serem mães e cuidarem da família, mas serem também mulheres e a sentirem-se dignas, vistas, ouvidas, valorizadas, e a cuidarem de si.

A Catarina mostrou-nos que os 50 são um número a que podemos chegar assim, lindas, em forma, de bem com a vida e a fazer o que amamos, mas que tudo isso requer dedicação, trabalho e que, acima de tudo, é a nossa saúde mental que é a candeia que alimenta e ilumina tudo o resto.

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É bom ver cada vez mais mulheres de 50 a assumirem a idade e a mostrarem que os 50 são efetivamente os 50, mas que, mais que um número, são uma nova etapa da vida, de amadurecimento e de plenitude. Que os 50 não têm de ser a barreira que nos imputaram e com a qual crescemos a achar limitante, porque, afinal, damo-nos conta que aos 50 ainda temos muitos sonhos por viver, muitos desejos por cumprir, muito trabalho que podemos dar aos outros e ao mundo, muita vida pela frente, e que não há ninguém que nos impeça de ser a nossa melhor versão de nós próprios. Que aos 50 respeitamo-nos e sabemos ouvir a nossa voz interior, e que é essa voz interior – e não a dos outros – que realmente importa.

É ela o elixir da juventude!

Mafalda Santos  fez das palavras profissão, tendo passado pelo jornalismo, assessoria de imprensa, marketing e media relations. Acredita em quebrar tabus e na educação para a diferença, temas que aborda duas vezes por mês, na Miranda, em #ÀFlorDaPele.