Impossível não nos sentirmos mais puros ao contemplar uma obra de arte, mesmo se tivéssemos terminado de cometer um crime hediondo. Essa experiência do sagrado em que comungamos com a Beleza limpa-nos a alma, fazendo-a imune a qualquer tentativa de conspurcação. Talvez por isso, Dostoievsky tenha dito que “a Beleza salvará o Mundo.”
Mas e se o objecto de contemplação formos nós mesmos? Ser bonito ou ser belo significará que também somos bondosos? Os belos têm melhores condições de trabalho, têm penas de prisão mais leves. Basta estarmos na presença de uma pessoa bela para depositarmos nela todas as esperanças na paz no mundo. Sentimos um conforto e uma confiança que não sentimos quando estamos perto de alguém feio.
Toda a minha vida me senti belo. Well… como é que eu posso dizer isto de outra maneira, sem parecer pretensioso? É que não fui eu quem disse primeiro… educaram-me assim… mas uma coisa é certa: sou mais giro ao vivo! Até porque venho com uma personalidade anexada, hahaha! Não sou arrebatador, mas sei que os meus olhos azuis já me abriram muitas portas e que a simetria dos meus traços já me deu coisas que nunca sonhei ter. O meu nariz pequeno e os meus lábios bem definidos já iluminaram muitas salas e a confiança extra que sinto por ter estas características fizeram de mim um inabalável optimista. Espero nunca perder esta Beleza que o Universo me deu. E talvez seja o medo que tenho de a perder para o envelhecimento que me faz querer reavivar essa beleza com cremes, fillers, botox e ginásio. Mais belo, mais “bom”!
É um engano pensar-se que a bondade está na beleza. Isto não invalida que o observador não tenha um sentimento contemplativo perante alguém muito bonito e que este lhe inspire bondade. Mas para se ser bom, o processo é complexo. Há que ir ao fundo de todas as gavetas guardadas dentro de nós mesmos e arrumar tudo vezes sem conta.
No Natal de 2021, espero ser uma melhor pessoa, depois de ter passado 40 dias num processo de terapia transpessoal, que me foi recomendado e orientado pelo meu guru. Um guru, isso mesmo. Se há uma coisa que sei por experiência energética, é que existem pessoas que absorvem energias e pessoas que as emanam. O meu guru, que deixou a carreira de professor de matemáticas aplicadas, nitidamente absorve a energia e é por isso que a lê tão bem, com a ajuda dos búzios. Chama-se a isso mediunidade e pode reflectir-se de várias maneiras, como ler pensamentos ou ter a capacidade de ver o Futuro.
Na minha primeira sessão, fiquei boquiaberto com tudo aquilo que ele demonstrou saber sobre mim e sobre aqueles que me rodeiam. Tudo o que ele diz é a pura verdade, e conhecendo a nossa essência também nos sabe identificar o que está a atrapalhar o nosso caminhode vida. Quanto à terapia transpessoal de 40 dias, esta consistiu em ajustar alguns padrões de comportamento viciados e que me estavam a manter longe de mim mesmo. Durante esse período de tempo, todos os dias, de manhã e de noite, tive um momento para fazer uma reflexão. De manhã, projectava ideias e desenhava novos pontos de vista; de noite, reflectia sobre os dias que passavam e como fui integrando esses novos pontos de vista na minha rotina.
Aprendi a criar um mindset positivo e generoso, e a sentir-me mais feliz e realizado no momento presente. Não é assim que queremos todos estar? É isso que gostava de ver à minha volta. Estou grato pelas experiências do passado, sinto-me animado e expectante acerca do que o futuro me reserva e, acima de tudo, a adorar viver o momento presente, que é sobre o qual tenho maior capacidade de acção.
A terapia transpessoal é um método usado pela psicoterapia, mas não acham muito mais divertido ter feito com o acompanhamento do meu guru vidente? É que ele fez-me ver coisas muito além do tangível e a chegar mais depressa perto do meu eu.
Aprendi a sentir-me mais bonito? Sem dúvida. Mais belo? Definitivamente.
Well, mais belo, logo mais “bom”, a viver cada momento presente.
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