Tenho andado por aqui a falar sobre a saúde intestinal e já devem ter percebido o quão adepta sou de probióticos, sobretudo de probióticos naturais.

#AlmaYogi: os básicos da saúde intestinal 
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Existem cápsulas com concentrados de probióticos, que se compram em farmácias ou lojas de produtos naturais, mas normalmente prefiro incluir na minha alimentação diária alimentos e/ou bebidas probióticos – ou seja, o que chamo em cima “probióticos naturais” – não só porque é economicamente mais acessível, mas também porque ao ser eu a produzi-los, controlo todo o processo e sinto-me totalmente segura em consumi-los ;) Não que as cápsulas não sejam seguras, até porque de vez em quando recorro a elas, sobretudo em momentos de maior stress, em que sinto que preciso de um reforço imunitário.

Chucrute

Esta é uma das formas de vegetais fermentados mais conhecida e mais facilmente elaborada. O processo é super simples e requer muito poucos ingredientes:

  • 1 kg de couve branca (também pode ser usada couve roxa, dando origem a um chucrute de cor rosada, muito bonito! Usamos frequentemente no MANNA, na finalização de tostas, soccas e outros pratos)
  • 20 gramas de sal marinho
  • ervas aromáticas a gosto (opcional).

Preparação:

  1. Retirar as folhas externas da couve.
  2. Recomendo limpar a couve com um pano seco e limpo ou esfregar com uma escova de vegetais, mas não lavar.
  3. Cortar tipo juliana, com a espessura pretendida.
  4. Juntar o sal e massagear até começar a libertar líquido e sentir as fibras da couve a quebrarem.
  5. Espremer este preparado com as mãos.
  6. Juntar ervas aromáticas e/ou especiarias a gosto (opcional – pessoalmente prefiro bastante simples, mas de vez em quando, para variar, junto uma ou outra erva).
  7. Enfrascar num frasco ou tupperware desinfectado e pressionar até os vegetais ficarem cobertos com o líquido.
  8. Deixar a fermentar num local sem luz solar direta durante 5 a 7 dias.

Recomendo todos os dias retirar a tampa e pressionar os vegetais, de forma a que estes permaneçam sempre submersos no líquido e, desta forma, não ganhem bolor – de outra forma, têm tendência a flutuar no líquido.

Após este tempo, está pronto a consumir e deve ser mantido no frigorífico – o que evita que se estrague e pára o processo de fermentação.

Kimchi

Talvez a mais icónica comida na cultura da Coreia. Aí são criados centenas de tipos de Kimchi, cada família tem a sua própria receita, e há até empresas que no inverno dão aos seus funcionários um “kimchi bonus” para que possam comprar os ingredientes necessários para fazerem o stock anual do seu próprio kimchi.

receita que deixo é a que uso no Manna, desenvolvida depois de algumas leituras e experiências:

  • 2 kg de couve branca
  • 150 g de sal marinho
  • 1,5 l de água filtrada
  • 1 cebola
  • 1 alho
  • 1 cenoura
  • 1 maçã pequena
  • 2 colheres de sopa de gengibre ralado
  • 1 colher de sopa de pimentão doce
  • 1 ou 2 vagens de malagueta pequena

Preparação:

  1. Limpar e cortar a couve da mesma forma que fizemos para o chucrute.
  2. Reservar numa tigela ou tupperware.
  3. Dissolver o sal na água filtrada e verter sobre a couve.
  4. Colocar um prato em cima dos vegetais e algo a fazer peso sobre o prato (se inicialmente a água não cobrir os vegetais, não se preocupem, o sal irá libertar mais líquidos da couve).
  5. Deixar nesta salmoura durante algumas horas ou durante a noite.
  6. Após esse tempo, escorrer bem e entretanto fazer uma pasta com o gengibre, o pimentão doce, a malagueta e um pouco de água – apenas o suficiente para ligar todos os ingredientes e dar uma consistência de pasta.
  7. Picar finamente os restantes legumes (cebola, alho, cenoura) e a maçã, e juntar à couve escorrida.
  8. Misturar a pasta com as mãos ou um salazar (eu prefiro sempre as mãos), até que esteja uniformemente espalhada em todos os legumes.
  9. Colocar num frasco ou tupperware desinfectado e pressionar até os vegetais ficarem cobertos com o líquido.
  10. Deixar a fermentar num local sem luz solar direta durante 5 a 7 dias.
#AlmaYogi: Probióticos e Prebióticos – o que são e que papel têm no sistema intestinal?
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Tal como com o chucrute, e precisamente pelas mesmas razões, recomendo todos os dias retirar a tampa e pressionar os vegetais, de forma a que estes permaneçam sempre submersos no líquido. Após este tempo, está pronto a consumir e deve ser mantido no frigorífico, evitando que se estrague e parando o processo de fermentação.

Neste universo da fermentação natural, as minhas maiores inspirações são o Sandor Katz e o Pascal Baudar, cujos livros altamente recomendo. São verdadeiras entusiasmantes enciclopédias da fermentação!

Boas fermentações :)

Sara Sá estudou Comunicação Social, mas especializou-se em Relações Públicas e trabalhou 15 anos como tal. A paixão pelo Yoga levou a melhor e, deixando o emprego e vendendo tudo o que tinha, abriu no Porto o MANNA, um espaço onde partilha, com quem por lá passa, a sua filosofia de vida.