É um muito bom hábito, independentemente da ferramenta ou estratégia usada, e é defendido pela Ciência e recomendado pelos profissionais de saúde como forma de manter um estilo de vida mais saudável. Mas é válido para todas as pessoas, até para as que sofrem de uma patologia crónica?
Pode parecer uma questão disparatada e sem sentido, mas a verdade é que estas pessoas desconhecem que a prática regular de exercício físico pode fazer parte do seu tratamento, e na maioria das vezes ainda consideram que este poderá representar um agravar da sua condição actual.
Felizmente a Ciência tem vindo a desmistificar este paradigma, e cada vez mais existe a recomendação da prática regular de exercício físico com o intuito não só de prevenir, mas também de reabilitar determinadas patologias crónicas como alternativa a uma melhor condição de saúde, e invariavelmente a uma melhor qualidade de vida.
Numa fase activa da patologia, o treino revela-se muitas vezes um tratamento tão ou mais válido que os cuidados prescritos, ou como forma de potenciar os efeitos dos medicamentos
Observemos o caso de doenças oncológicas, situação em que a Liga Portuguesa Contra o Cancro afirma que uma rotina regular de exercício pode beneficiar as pessoas durante os tratamentos, melhorando aspectos como a fadiga causada pelos tratamentos, a ansiedade e a auto-estima. Há ainda referência que o treino durante a doença ajuda ao aumento das defesas, à aceleração da recuperação após a cirurgia, e à diminuição do risco de reincidência.
Vejamos agora o caso da Osteoporose, uma condição metabólica caracterizada pela diminuição da densidade óssea, aumentando assim o risco de fracturas, e onde a prática regular de exercício físico é fundamental, principalmente o treino de força. Este será fundamental na desaceleração deste processo, porque quando o músculo contrai, o stress dessa contracção é transmitido ao osso, criando uma carga eléctrica no mesma. Em resposta há a estimulação da actividade dos osteoblastos (células ósseas), tornando-os mais fortes, além do beneficio lógico do aumento da massa magra.
Analisemos ainda o caso da Hipertensão Arterial e da Diabetes, que juntamente com outros factores estão na origem em boa parte das doenças cardiovasculares, a principal causa de morte em Portugal - 29,7%, em 2015, segundo o Instituto Nacional de Estatística. As evidências científicas demonstram que além de outros benefícios, a prática regular de exercício físico promove reduções significativas da Pressão Arterial após o esforço em pessoas hipertensas. No caso da Diabetes estimula a produção de insulina e facilita o seu transporte para as células. Aqui torna-se fácil perceber o benefício, controlando a glicemia antes e depois do treino.
Há, contudo, uma premissa que deverá ser respeitada. A tomada de decisão no acto da prescrição pelos profissionais de exercício e saúde, nas estratégias, ferramentas e exercícios a utilizar em cada pessoa, deve respeitar não só os princípios de treino, mas também eventuais alterações estruturais, fisiológicas e biológicas que possam existir na condição apresentada.
Ricardo Gomes, 31 anos, é Personal Trainer, Formador na Área de Exercício e Saúde e CEO da CHASE Training Academy.
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