Nas últimas décadas, por todo o mundo, a nossa vulnerabilidade tem vindo a aumentar. Os nossos gestos e decisões diárias, como a aceitação da “fast food”, um estilo de vida sedentário, os produtos químicos e a nossa pegada de carbono, o nosso consumismo, estão a tornar-nos uma população não só vulnerável, mas também uma sociedade frágil. E muito.

Temos estado trancados nas nossas casas, pois procuramos a proteção, mas também somos mais suscetíveis a este vírus do qual ainda sabemos tão pouco. Mas apesar do distanciamento social, talvez pela primeira vez não olhámos apenas para o nosso umbigo, mas para um mundo que, se assim o desejar, pode mudar para melhor nos tempos que aí vêm.

O que devemos fazer a partir de agora?

Muita coisa vai mudar e ninguém sabe o que poderá vir a acontecer, mas não devemos deixar as nossas vidas perdidas. Pelo contrário, é o momento de implementar novos comportamentos e hábitos. O momento é agora.

Se há coisa que esta pandemia nos ensinou é que devemos ter medidas sérias que não nos façam desperdiçar este momento. Não devemos deixar que uma economia fragilizada, um sistema de saúde despedaçado, de cansaço e exaustão, e as vidas perdidas, tenha tudo sido em vão. Estas fragilidades e novos desafios vão exigir pensamentos diferentes, vozes, ideias e soluções inovadoras.

#DoutoraFeliz: um brinde à vida depois do COVID-19
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O entendimento do SARS-CoV-2 está a evoluir continuamente à medida que aprendemos mais sobre este vírus e a resposta do hospedeiro à exposição e infeção. Hoje quero partilhar convosco uma mensagem sobre a importância de uma abordagem personalizada, onde o foco da Medicina Funcional é a prevenção e o reforço do nosso sistema imunitário, para que o mais rapidamente possível todos juntos consigamos ultrapassar este momento COVID.

Quais as estratégias para reduzirmos os riscos?

Vários estudos têm sido publicados nas últimas semanas, estando as estratégias mais integrativas focadas em aumentar as medidas de saúde pública na infeção por COVID-19 e pneumonia associada.

Infelizmente, nenhuma medida integrativa foi validada em testes em humanos como efetiva especificamente para o COVID-19 e ainda temos um caminho pela frente. Contudo, este é um momento oportuno para sermos proactivos e usarmos algumas das evidências in vitro disponíveis. Não esquecer as recomendações atuais, que enfatizam a lavagem regular das mãos, o distanciamento físico, a interrupção de viagens não essenciais e a realização de testes na presença de sintomas.

Mas antes da compreensão da complexa componente da infeção e patogenicidade por COVID-19, o importante é entender o papel da inflamação nesta doença. A virulência e patogenicidade (incluindo a síndrome respiratória aguda) associadas aos vírus corona desenvolvem-se como resultado da ativação viral do inflamassoma citoplasmático NLRP3. Esse inflamassoma, dentro dos macrófagos ativados (NFkB regulados) e células imunes Th1, liberta citocinas pró-inflamatórias, ou seja, IL-1B e IL-18, que ditam a inflamação patogénica responsável pela virulência e sintomas de COVID-19. Parece complexo mas, simplificando, sabemos que uma pessoa com um padrão de inflamação de base tem maior susceptibilidade. Portanto, a estratégia é reduzir a inflamação-base.

As estratégias simples:
  • Vegetais e frutas ricas em flavonóides. Muitos flavonóides demonstraram in vitro reduzir a sinalização do inflamassoma NLRP3 e, consequentemente, a expressão de NFkB, TNF-a, IL-6, IL-1B e IL-18. Alguns são encontrados na dieta e/ou suplementos alimentares e incluem:

- curcumina (encontrada na raiz do açafrão);

- dihidroquercetina e quercetina (encontradas em cebolas e maçãs);

- miricetina (encontrada em tomates, laranjas, nozes e frutas);

- apigenina (encontrada na camomila, salsa e aipo);

- epigalocatequina-galato, ou EGCG (encontrada no chá verde).

Pelo menos cinco a sete porções de vegetais e duas a três porções de frutas diariamente fornecem um repositório de flavonóides e são consideradas um dos pilares de uma dieta anti-inflamatória.

  • Zinco. O coronavírus parece ser suscetível às ações inibitórias virais do zinco. Este mineral pode impedir a entrada de coronavírus nas células e parece reduzir a sua virulência. A dosagem diária típica de zinco é de 15 mg a 30 mg por dia, com potenciais efeitos protetores diretos no trato respiratório superior.
  • Vitamina C. Como os flavonóides, o ácido ascórbico inibe a ativação do inflamassoma NLRP3. Os ensaios clínicos descobriram que a vitamina C diminui a frequência, a duração e a gravidade da constipação comum, bem como a incidência de pneumonia. A dose diária típica de vitamina C varia de 500 mg a 3000 mg por dia, com doses ainda mais altas utilizadas durante os períodos de infeção aguda.
  • Melatonina. Demonstrou-se que a melatonina inibe a ativação de NFkB e do inflamassoma NLRP3. De facto, o declínio relacionado com a idade, na produção de melatonina, é um mecanismo proposto para explicar por que as crianças não parecem apresentar sintomas graves com tanta frequência quanto as pessoas mais idosas.
  • Sono adequado. Um sono com uma duração mais curta aumenta o risco de doenças infecciosas. Um estudo descobriu que menos de cinco horas de sono (monitorizado por sete dias consecutivos) aumentaram o risco de desenvolver constipações comuns, associadas a rinovírus, em 350% quando em comparação com indivíduos que dormiram pelo menos sete horas por noite. Importante especificamente para a infecção por COVID-19, a privação do sono aumenta os níveis de CXCL9. O sono adequado também garante a secreção da já referida melatonina, uma molécula que pode desempenhar um papel na redução da virulência do coronavírus.
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  • Gerir o stresse. O stresse psicológico interrompe a regulação imunológica e está especificamente associado ao aumento de citocinas pró-inflamatórias, como a IL-6. Várias técnicas de atenção plena, como a meditação, os exercícios respiratórios, as imagens guiadas, reduzem o stresse e devem fazer parte da nossa rotina diária, tanto nos dias de hoje como no futuro pós-COVID.

Para todos aqueles que, como eu, sentem saudades de abraçar os amigos e aqueles de quem gostam, deixo-vos hoje o meu abraço apertado “online”. Mantenham-se seguros, saudáveis e conectados com as pessoas que amam.

E que venham os novos tempos...

A Dra Andreia de Almeida é médica certificada em Medicina Funcional e Medicina Anti-Aging, com treino especializado em Modulação Hormonal e suplementação avançada. Conhecida pela sua abordagem empoderadora e focada na pessoa, através da sua prática clínica procura inspirar as pessoas a encontrarem o equilíbrio, bem-estar e felicidade interior.

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